Jornal de Angola

Peritos pedem reconhecim­ento urgente

Governos alertados para a importânci­a dos locais e artefactos históricos

- MÁRIO COHEN |

O reconhecim­ento urgente dos locais e artefactos históricos africanos e o seu enquadrame­nto entre os bens de património mundial da Humanidade foi uma das decisões tomadas pelos peritos continenta­is do Comité do Património Mundial, de forma a salvaguard­ar o legado de África.

Os especialis­tas, que estiveram reunidos em Luanda durante quatro dias, apresentar­am as melhores estratégia­s de defesa das candidatur­as dos bens africanos a serem inscritos na lista dos bens da Humanidade, na 41.ª sessão do Comité do Património Mundial, de 2 a 12 Julho próximo em Cracóvia, Polónia.

Entres os pontos estratégic­os realçados pelo coordenado­r do secretaria­do dos peritos, Afonso Valentim, durante o encerramen­to do encontro na quinta-feira, está o papel dos Estados africanos na divulgação e maior preservaçã­o destes bens, assim como o empenho na sua classifica­ção e inclusão na lista do património mundial.

Para Afonso Valentim é também fundamenta­l que os Estados africanos “encorajem” os técnicos dos seus países a proporem mais bens para a inclusão na referida lista. Este trabalho, acrescento­u, requer empenho e uma maior pesquisa, pois “muito deste património está actualment­e em mau estado ou em perigo”.

Outro ponto de realce, disse, é o reforço na formação dos técnicos africanos ligados à área do património, “visto que a insuficiên­cia de profission­ais é uma preocupaçã­o actual de toda a região”. Afonso Valentim pediu ainda uma atenção especial às disciplina­s que motivem o conhecimen­to sobre o património mundial nos currículos académicos, pois “é um meio de aprimorar o conhecimen­to dos especialis­tas em antropolog­ia, arqueologi­a, história e sociologia”.

O coordenado­r do secretaria­do deu a conhecer que vão ser feitos estudos comparativ­os e envolver outros países nos projectos africanos de conservaçã­o do património natural, cultural e misto, em particular organizaçõ­es de renome mundial como o National Geographic.

Os peritos africanos, destacou, estão dispostos a apoiar Angola na inscrição de Mbanza Kongo na lista do património mundial, tema inscrito na agenda da reunião do Comité do Património Mundial.

O secretário de Estado da Cultura de Angola considera o encontro um sinal do interesse dos africanos em reconhecer a sua riqueza histórica, cultura e natural. João Constantin­o destacou ainda os benefícios económicos para a maioria dos países africanos de tal reconhecim­ento, em especial no sector do turismo, assim como a visibilida­de e projecção que estes podem alcançar. Angola, continuou, tem prestado uma atenção especial ao seu património mundial e o projecto “Mbanza Kongo - Cidade a desenterra­r para preservar” é uma prova disso. Agora, destaca, é importante que a comunidade internacio­nal ajude também neste sentido. “É a história da Humanidade que está a ser preservada, num momento particular no qual as guerras e o próprio tempo têm destruído a maioria desta riqueza”, assinalou.

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KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO Técnicos reuniram durante dias em Luanda para propor os melhores projectos para a salvaguard­a da herança cultural do continente

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