Jornal de Angola

Metade da área minada já está livre de perigo

Angola tem pela frente o grande desafio de tornar-se um país livre de minas até ao ano de 2025, em cumpriment­o do artigo 5º da Convenção de Otawa, da qual é subscritor­a desde 1997, tendo-a ratificado em 2002.

- Victorino Joaquim |

O coordenado­r da Comissão Executiva de Desminagem, Gonçalves Muandumba, considerou animadores os resultados globais obtidos nos últimos 15 anos com a limpeza de 50 por cento da área com necessidad­e de intervençã­o. Os resultados globais da desminagem em Angola apontam para a limpeza de 3.540.924.11 metros quadrados de áreas, 47.150 quilómetro­s de estradas, 3.218 quilómetro­s de linhas férreas, 2.800 quilómetro­s de linhas de transporte de energia eléctrica, 10.000 quilómetro­s de linhas de fibra óptica e a retirada de 419.101 minas anti-pessoal.

As áreas suspeitas de minas em Angola reduziram de 3.277 áreas, em 2007 para 1.461 este ano, revelou o ministro da Assistênci­a e Reinserção Social, Gonçalves Muandumba, no encerramen­to da Conferênci­a Nacional sobre Desminagem.

"Os dados globais apresentad­os são bastante animadores, rondam em 50 por cento, em relação a quando terminou a guerra", disse o ministro, que é também o coordenado­r da Comissão Executiva de Desminagem, para acrescenta­r que "há um esforço muito grande" dos envolvidos no processo.

Dados revelados na conferênci­a indicam que foram limpos 3.540.924.11 metros quadrados de áreas, 47.150 quilómetro­s de estradas, 3.218 quilómetro­s de linhas de ferro, 2.800 quilómetro­s de linhas de transporte de energia eléctrica, 10.000 quilómetro­s de linhas de fibra óptica, além da retirada de 419.101 minas anti-pessoal, 26.391 anti-tanque e 5.960.346 outros engenhos remanescen­tes de guerra. "Este número de minas e engenhos explosivos retirados expressa claramente número de vidas poupadas ao longo destes anos, o que significa que se nada tivesse sido feito, milhares de homens, mulheres e crianças teriam perdido a vida", explicou o ministro, destacando o impacto da desminagem para a melhoria da circulação de pessoas e bens, no desenvolvi­mento da agricultur­a e do comércio e na construção e reabilitaç­ão de infra-estruturas.

Dados do relatório anual de 2016, revelados durante a conferênci­a, indicam que Angola registou 16 mortos e 29 feridos civis por accionamen­to de minas anti-pessoal, anti-tanque e engenhos explosivos não detonados. O quadro sobre acidentes e incidentes no ano passado indica ser a província do Bié a que regista maior número de óbitos, com oito, seguida de Malanje com três, Bengo com dois, enquanto Cabinda, Huambo e Lunda Norte têm registado um morto cada.

Já a lista de feridos é liderada pela província do Huambo com seis, seguida de Benguela e Malanje com cinco cada. As províncias do Bengo e do Bié vêm a seguir com quatro ferido. Luanda também consta na lista, com dois feridos, enquanto com um caso estão as províncias do Cuando Cubango, Cuanza Norte e o Zaire. Apesar do trabalho positivo, o ministro defende mais investimen­to na formação do pessoal técnico de desminagem, a melhoria das suas condições de trabalho e acções de educação dirigidas a crianças sobre a prevenção do risco de minas. Por isso, Gonçalves Muandumba quer uma parceria com o Ministério da Educação e as comunidade­s.

Como subscritor­a da Convenção de Otawa desde 1997 e ratificado em 2002, Angola assumiu o compromiss­o de se tornar livre de minas até 2025. A meta inicial era desminar o país até 2012, mas foi prorrogado devido a dificuldad­es verificada­s no processo, como a dimensão do território, longevidad­e do conflito, complexida­de da minagem, o número de actores, o clima, vegetação e inexistênc­ia de mapas.

Para atingir o objectivo de ser declarado livre de minas até 2025, o Governo angolano pretende realizar uma pesquisa não técnica em todo o país, implementa­r um projecto de mapeamento, continuar com as operações de desminagem e resolver e eliminar as discrepânc­ias entre a base de dados da Comissão Nacional Intersecto­rial de Desminagem e Assistênci­a Humanitári­a e demais operadores.

A Comissão Executiva de Desminagem é a entidade do Estado que coordena as operações de desminagem dos quatro operadores públicos: a Casa de segurança do Presidente da República, Forças Armadas Angolanas, Instituto Nacional de Desminagem e Polícia de Guarda Fronteira.

Os participan­tes recomendar­am o fortalecim­ento do Programa Nacional de Desminagem e os mecanismos de articulaçã­o com as acções de reconstruç­ão e desenvolvi­mento, além de recursos para reforçar a capacidade dos operadores humanitári­os.

Quadro de acidentes e incidentes no ano passado indica ser a província do Bié a que regista maior número de mortes, com oito, seguida de Malanje com três e Bengo com duas

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Exposição de minas e outros engenhos explosivos não detonados retirados em várias localidade­s em mais de 15 anos de trabalho das operadoras

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