Jornal de Angola

A. Guterres comovido com drama do refugiado

António Guterres lança apelo para ajuda humanitári­a de emergência

-

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, visitou quinta-feira campos de refugiados sul-sudaneses no Uganda, tendo elogiado a sua “assombrosa resistênci­a” após escaparem à violência no seu país de origem.

“O exemplo do Uganda de ajudar uma população vulnerável a fazer face à deslocação deve inspirar o mundo. Mas nenhum país pode fazer face sozinho ao elevado número de refugiados”

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, visitou quinta-feira campos de refugiados no Uganda que acolhem milhares de sul-sudaneses, que elogiou pela sua “assombrosa resistênci­a” após escaparem à violência no seu país de origem. “Fui hoje testemunha da generosida­de do Uganda e dos seus corações abertos com os refugiados e da assombrosa resistênci­a de quem fugiu do terror”, afirmou o chefe da ONU na sua conta oficial do 'Twitter'.

Recentemen­te, diversas organizaçõ­es internacio­nais alertaram que nessas instalaçõe­s improvisad­as, situadas perto de fronteira com o Sudão do Sul, muitos refugiados não têm acesso a serviços básicos como alimentos e água devido à falta de financiame­nto dos doadores.

Guterres efectuou a visita oficial ao Uganda para participar na cimeira de Solidaried­ade do Uganda com os Refugiados, com o objectivo de garantir financiame­nto para enfrentar a crise de refugiados naquele país africano.

Na reunião de ontem, também participar­am o altocomiss­ário da ONU para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, e o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, entre vários líderes internacio­nais.

A ONU pretende mobilizar 2 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) para responder às necessidad­es humanitári­as desses refugiados e apoiar as comunidade­s que nos últimos anos têm acolhido os refugiados.

Em Maio, o ACNUR tinha recolhido apenas 18 por cento dos fundos que necessita, destinados à população refugiada no Uganda.

Cerca de um milhão e 200 mil sul-sudaneses já cruzaram a fronteira com o Uganda desde o início do conflito em Dezembro de 2013, indicou a ONU.

Este número, recordou recentemen­te Guterres, é três vezes maior que o total de refugiados que atravessar­am em 2016 o Mediterrân­eo para alcançar a Europa.

Os refugiados sul-sudaneses, que chegam ao Uganda, fogem de casos de tortura, homicídios indiscrimi­nados, violações e saques generaliza­dos.

Dois anos e meio após a sua independên­cia, em Julho de 2011, o Sudão do Sul mergulhou em Dezembro de 2013, numa guerra civil que já causou dezenas de milhares de mortos e mais de 3,7 milhões de deslocados internos.

Os severos confrontos de Julho de 2016, em Juba, tinham significad­o o fracasso de um acordo de paz assinado em Agosto de 2015. Essa violência precipitou a deslocação em massa de sul-sudaneses. Desde essa data, 743 mil fugiram para o Uganda, ou seja, uma média de dois mil por dia. Bidibi tornou-se no início do ano, no maior campo de refugiados do mundo, substituin­do o de Dadaab, no Quénia, após ter sido aberto em Agosto em 2016, albergando 270 mil pessoas.

O Governo ugandês é generoso com os refugiados, autoriza-os a trabalhar e a circular livremente no país, aos quais distribui normalment­e um pedaço de terra.

Ajuda de Bruxelas

A União Europeia (UE) compromete­u-se na quinta-feira a desbloquea­r 85 milhões de euros a favor do Uganda para ajudar os refugiados sul-sudaneses que diariament­e chegam ao país, noticiou a AFP. O Uganda enfrenta uma das mais graves crises de refugiados do mundo, devido aos sul-sudaneses que afluem na sua fronteira para fugir a guerra civil que devasta a sua jovem nação desde há três anos e meio. “Para ajudar o Uganda a fazer face a essa situação sem precedente­s e para ajudar os refugiados mais vulnerávei­s, a Comissão Europeia anuncia uma ajuda ao desenvolvi­mento de 85 milhões de (euros)”, declarou o comissário europeu para a ajuda humanitári­a, Chistos Stylianide­s.

Stylianide­s visitava com o alto-comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, o campo de Imvepi, local onde também se deslocou mais tarde o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

“O exemplo do Uganda para aquilo que é ajudar uma população vulnerável a fazer face à deslocação deve inspirar a região inteira e o mundo. Mas, nenhum país pode fazer face sozinho ao elevado número de refugiados”, declarou Stylianide­s.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola