Comandante defende estratégia marítima
Francisco José quer o aumento da capacidade dissuasora
O comandante da Marinha de Guerra Angolana (MGA), almirante Francisco José, defendeu sexta-feira a estratégia destinada a elevar a visibilidade deste ramo militar para fazer face aos perigos e ameaças que se fazem sentir interna e externamente. O almirante discursava na Base da Região Naval Norte, situada no município do Soyo, durante o acto de abertura das actividades alusivas ao 41º aniversário da fundação da MGA, que se assinala a 10 de Julho.
Os perigos e ameaças – disse o almirante – podem ser locais, mas reflectem-se numa região com à escala global, situação que exige uma cooperação profícua entre as marinhas e os Estados no quadro das organizações regionais. “O nosso mar é enorme. Assim sendo, devemos reflectir como um único corpo para reencontrar estratégias que elevem a nossa visibilidade na envolvente interna e façam transbordar a capacidade da nossa acção dissuasora que organizações como a nossa devem produzir na envolvente externa”, defendeu o comandante da MGA.
A Região Norte, disse Francisco José, tem uma importância extraordinária, não só para a Marinha, como para outros sectores de Angola, por ser banhada pelo Oceano Atlântico, onde se encontram vários objectivos económicos, e pelo rio Zaire, relevante via de comunicação internacional entre Angola e a vizinha República Democrática do Congo. Segundo o almirante, para além do mar não se pode negligenciar os rios, sobretudo os de grande dimensão e próprios para a navegação, no caso concreto do Zaire ou do Congo, por constituírem importantes vias de comunicação, e por essa razão poderem também ser utilizados para práticas nocivas.
Imigração ilegal
O comandante da MGA considerou que a imigração em grande escala constitui também um factor de preocupação, na medida em que pode facilitar a entrada de grupos do crime organizado com fins inconfessos, o que deve aumentar a vigilância da Marinha.
O almirante Francisco José alertou que a pirataria está próxima das portas de Angola, sobretudo no mar e no rio, com consequências indesejáveis e que ela pode afectar o transporte marítimo, via pela qual Angola importa muitos bens de que necessita.
“A pirataria está bem próximo de nós com consequências indesejáveis, desde a insegurança até à ilação dos custos dos transportes, bem como dos respectivos seguros, o que para nós é nefasto, uma vez que o nosso país, que vive em grande medida de importações que chegam por mar, vê os custos elevados, onerando por via disso os consumidores que somos todos nós”, disse o comandante. A pesca em grande escala realizada nas águas territoriais e na zona económica exclusiva angolana, cujos promotores recorrem a vias ilegais e métodos que fazem escassear o peixe, exige igualmente a presença permanente da MGA. “O peixe vai escasseando em consequência da pesca emgrande escala, muitas vezes por vias ilegais ou métodos nocivos e ainda por problemas ambientais que afectam a vida animal e vegetal. Daí que a nossa presença permanente no mar se torne essencial, sobretudo se nos engajarmos com meios capazes de detectarem, interceptarem e permanecerem por longos períodos nas nossas águas territoriais e zona económica exclusiva”, defendeu .
Eleições de Agosto
O comandante da MGA considerou as eleições gerais como actividade muito importante para o país, uma vez que delas dependem a eleição do Presidente da República que vai governar o país e os deputados à Assembleia Nacional. “O seu carácter de isenção partidária deve ser mantido rigorosamente e apelo aos militares da MGA para que se abstenham de participar em qualquer acto ou manifestação a favor de qualquer formação política na pré-campanha e na campanha eleitoral”, exortou.
Pirataria está bem próximo das portas de Angola e pode afectar o transporte marítimo