Sexo desprotegido dificulta o tratamento
O sexo oral e o não uso de preservativos nas relações sexuais são as principais causas da disseminação da chamada superbactéria da gonorreia, que está a tornar esta doença cada vez mais difícil de ser tratada.
Na sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o tratamento da gonorreia está cada vez mais difícil e, em alguns casos, impossível. Especialistas da organização sanitária internacional chegaram mesmo a dizer que a situação “está bastante sombria”, com poucos medicamentos alternativos disponíveis, agravada pela falta de investimento da indústria farmacêutica no combate a essa doença.
A infecção por gonorreia pode afectar as partes genitais e até aumentar o risco de VIH, mas é o impacto da bactéria instalada na garganta, proveniente do sexo oral, que mais preocupa no que se refere à capacidade do vector da doença sofrer uma mutação. Teodora Wi, médica especialista da OMS, explicou que a gonorreia na garganta aumenta o risco de o microorganismo desenvolver resistência a antibióticos, já que estes medicamentos são administrados em menor dosagem para infecções nesta área do corpo repleta de bactérias, entre as quais algumas que desenvolveram a resistência às drogas.
“Quando se usa antibióticos para tratar infecções como uma dor de garganta normal, a bactéria da gonorreia mistura-se com as espécies Neisseria, do mesmo género, o que resulta em resistência”, explicou Teodora Wi, acrescentando que a propagação da bactéria da gonorreia no ambiente através do sexo oral pode levar a uma supergonorreia.
Teodora Wi exemplificou que nos Estados Unidos da América (EUA) a resistência aos antibióticos decorreu do tratamento da infecção de faringe, principalmente “de homens que faziam sexo com outros homens”.
Causada pela bactéria Neisseriagonorrhoea, a doença espalhou-se mais ainda por causa da queda no uso de preservativos. O facto dos seus sintomas serem pouco conhecidos é outra causa da sua proliferação.