Encontro no Eliseu
No centro das conversações esteve o estreitar dos laços entre os dois países. Emmanuel Macron prometeu colocar todos os mecanismos ao dispor do reforço da cooperação entre Paris e Luanda
Uma nova dinâmica nas relações bilaterais constitui uma das pretensões dos governos de Angola e da França, afirmou ontem em Paris o secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, no final de uma audiência que o Presidente francês, Emamanuel Macron, concedeu ao ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, no Palácio do Eliseu. O secretário de Estado designou o encontro de "positivo", tendo realçado que “a missão foi cumprida”. João Lourenço procedeu à entrega de uma mensagem do Presidente José Eduardo dos Santos a Emmanuel Macron. O Presidente francês demonstrou, segundo Manuel Augusto, um “conhecimento apurado” da situação política em Angola, e felicitou o Chefe de Estado angolano pela transição política em curso no país. João Lourenço viajou ontem mesmo para a capital italiana, onde procede hoje à entrega de uma mensagem do Chefe de Estado angolano ao Primeiro-ministro Paolo Gentiloni.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, felicitou ontem o seu homológo angolano pelo processo de transição em curso no país, tendo reafirmado o desejo do seu Governo em reforçar as relações com Angola.
O desejo foi manifestado durante a audiência que o Chefe do Estado francês concedeu ao ministro da Defesa Nacional, no Palácio do Eliseu, sem a presença da imprensa. O encontro serviu para João Lourenço entregar uma mensagem do Presidente José Eduardo dos Santos ao seu homólogo Emmanuel Macron. Em declarações à imprensa, no final da audiência que o Presidente francês concedeu ao ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, Manuel Augusto avaliou o encontro de positivo, tendo realçado que “a missão foi cumprida”.
Durante o encontro, segundo Manuel Augusto, o Presidente francês demonstrou ter um conhecimento apurado da situação política em Angola. “As relações entre os dois países são boas e o Presidente Emmanuel Macron prometeu colocar à disposição de Angola todos os mecanismos de cooperação que a República francesa tem e os que poderá vir a criar”, disse.
Manuel Augusto disse que o ministro da Defesa Nacional deu a conhecer ao anfitreão a evolução da situação política em Angola, nomeadmente o processo eleitoral que culminará com as eleições marcadas para 23 de Agosto, e garantiu que Angola tem vontade de manter e melhorar as relações com as autoridades francesas.
A França continua a ser uma potência mundial e pode ser uma mais-valia para o esforço que está a ser empreendido pelo Executivo angolano no sector da economia e na melhoria da qualidade de vida da população, frisou Manuel Augusto.
As autoridades angolanas têm estado a chamar atenção para a necessidade de se ver a crise económica mundial como oportunidade para os países mais desenvolvidos e os que estão em vias de desenvolvimento trabalharem juntos, numa cooperação com ganhos recíprocos. Angola precisa principal- mente do saber e da tecnologia francesa. Na política externa, numa altura em que o país lidera a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, Angola espera uma maior sincronização política para a estabilidade e segurança da região.
Relações dinâmicas
O secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto afirmou que uma nova dinâmica nas relações bilaterais constitui uma das pretensões entre dos governos de Angola e da França.
As relações políticodiplomáticas e de cooperação entre Angola e França tiveram início a 17 de Fevereiro de 1976, ano em que Paris reconheceu a Independência de Angola, culminando com a assinatura, a 26 de Julho de 1982, do Acordo Geral de Cooperação.
Em Janeiro, durante uma audiência que o ministro João Lourenço concedeu ao embaixador de França em Angola, Sylvain Itté, foram analisados os passos para um futuro acordo na área da defesa e segurança.
Na audiência, as partes analisaram igualmente aspectos relacionados com a vigilância marítima e o papel que Angola pode desempenhar no processo de reestruturação das Forças Armadas Angolanas de alguns países da região, com realce para a República Centro Africana (RCA).
Sylvain Itté destacou o trabalho de Angola para a pacificação e estabilização da Região dos Grandes Lagos e do continente, sendo hoje um dos países que pode assumir um papel fundamental na manutenção da paz.
A cooperação entre os dois países assenta em três pilares. O primeiro abrange a ajuda que Angola pode prestar aos países da região na reestruturação das forças armadas desses Estados.
“Pensamos em primeira instância, na República Centro Africana, onde Angola tem já desempenhado um papel importante do ponto de vista político”, disse o embaixador Sylvain Itté, que na ocasião se fez acompanhar do adido de Defesa, Jean François Auran.
João Lourenço entregou uma mensagem do Presidente José Eduardo dos Santos ao seu homólogo francês Emmanuel Macron, no final de uma visita de dois dias a Paris