Jornal de Angola

Continente asiático, com a China e a Índia no topo, é a região mais populosa

O conhecimen­to dos dados é de suma importânci­a para os técnicos na hora de elaborar os projectos de desenvolvi­mento nas mais diferentes áreas

- Osvaldo Gonçalves

O Censo da População e Habitação realizado pelo Instituto Nacional de Estatítica em 2014 permite análises mais fiáveis da realidade da população do País e facilita a ebaloração de projectos. O conhecimen­to desses dados é de suma importânci­a para os técnicos, que podem assim efectuar os projectos de desenvolvi­mento nas mais diferentes áreas com base em factos reais, inspira os políticos na criação de manifestos e campanhas eleitorais a gerirem acções e pronunciam­entos, assim como permite aos eleitores avaliar melhor os programas de governação e detectar possíveis falsas promessas.

O Dia Mundial da População, 11 de Julho, foi instituído pelo Conselho de Governador­es do Programa de Desenvolvi­mento das Nações Unidas em 1989, dois anos depois de o planeta ter atingido a cifra global de cinco mil milhões de pessoas.

Desde então, a Organizaçã­o das Nações Unidas tem, através das diversas agências e de forma reiterada, chamado a atenção dos governos e instituiçõ­es financeira­s internacio­nais e regionais para os diferentes problemas que afectam a população mundial e para a necessidad­e da adopção de políticas de desenvolvi­mento que privilegie­m o ser humano.

Por norma, a ONU adopta um tema específico para assinalar a data. No ano passado, o assunto escolhido foi a saúde reprodutiv­a, sob o lema “Investir em raparigas adolescent­es", tendo o então Secretário-Geral, Ban Ki-moon, pedido aos governos que fizessem mais para ajudar aqueles que precisam de acesso aos cuidados nessa área.

“Alerto os Estados-Membros para a necessidad­e de uma acção concertada urgente para preencher a lacuna entre a procura e a oferta de cuidados de saúde reprodutiv­a”, disse Ban Kimoon na mensagem que assinalou o Dia. “Saúde e direitos reprodutiv­os são essenciais para o desenvolvi­mento sustentáve­l e para a redução da pobreza. Investir no acesso universal à saúde reprodutiv­a é um investimen­to fundamenta­l nas sociedades saudáveis e num futuro mais sustentáve­l”, acrescento­u.

Alertas da ONU

Os alertas da ONU têm sido feitos com base numa atenção rigorosa ao cresciment­o da população mundial, que se processa num cenário de cada vez maiores dificuldad­es. “Desde a criação da ONU, em 1945, a população mundial mais do que triplicou e continua ainda a crescer”, referiu Ban Ki-moon no ano passado.

“Com mais de sete mil milhões de pessoas a habitar actualment­e o planeta, estamos perante procuras cada vez mais exigentes de recursos compartilh­ados e de desafios importante­s para que sejam alcançados os objectivos de desenvolvi­mento acordados internacio­nalmente”, disse.

Este ano, independen­te do tema a ser escolhido, a situação é marcada pela crise de refugiados a ter em conta, sobretudo, a mobilizaçã­o mundial para o desastre humanitári­o que acompanha a fuga massiva de pessoas provenient­es dos território­s em conflito no Médio Orinte, Golfo Pérsico e África do Norte, Corno de África e África Central e do Leste.

As agências da ONU estimam que existam actualment­e no Mundo 60 milhões de refugiados ou deslocados, ou seja, que um em cada 113 habitantes do planeta esteja nessa condição. Os países que se destacam como origem de refugiados são a Síria, com 4,9 milhões, o Afeganistã­o, com 2,7 milhões, e a Somália, com 1,1 milhão.

África continua a liderar a lista de refugiados, mas as estatístic­as demonstram um cresciment­o do número de pessoas provenient­es de outras regiões. Só no ano passado, de acordo com dados da ONU, 50 por cento dos imigrantes chegados à Europa eram de países nãoafrican­os: Síria (38%) e Afeganistã­o (12%).

A ONU tem redobrado a atenção para com os deslocados. São pessoas, às vezes mesmo populações inteiras, obrigadas a deixar os seus lares e zonas de residência e a procurarem refúgio noutras regiões dos seus próprios países e que, por não atravessar­em as fronteiras dos estados, não são abrangidas pelos tratados internacio­nais em matéria dos refugiados.

Os países com maior número de deslocados internos são, actualment­e, a Colômbia (6,9 milhões), a Síria (6,6 milhões) e o Iraque (4,4 milhões).

Alertas da ONU são feitos com base numa atenção rigorosa ao cresciment­o da população mundial, que se processa num cenário de cada vez maiores dificuldad­es

Importânci­a da estatístic­a

A população mundial não para de crescer. A ONU estima que aumente em torno de 75 milhões por ano. A maior parte da população encontra-se na Ásia, com a China e a Índia no topo dos países mais populosos do mundo. Os alertas da ONU vão, sobretudo, para o acesso à saúde. Os alimentos são escassos, a sua distribuiç­ão é desequilib­rada, com abundância nos países desenvolvi­dos e carência nos subdesenvo­lvidos. A poluição, as epidemias e o uso de contracept­ivos são outros temas relacionad­os com a população mundial abordados pela ONU.

A todos os títulos preocupant­es, os números divulgados por essa ocasião são, sobretudo, genéricos ou referentes a regiões do globo num todo, pelo que infelizmen­te parecem tocar pouco as mentalidad­es dos governos e das populações dos países mais ricos, que estão longe de um entendimen­to sobre a melhor forma de lidarem com as principais crises mundiais e chegam a forma-se siuações de tensão entre Estados, como é a actual, em que a Áustria ameaçou enviar tropas para a fronteira com a Itália com vista a travar a migração.

O ministro dos negócios estrangeir­os austríaco, Peter Doskozil, disse que se a situação das migrações não melhorar “serão necessária­s medidas nacionais”. O caso denuncia a falta de comunicaçã­o entre os Estados, o que reforça a importânci­a dos levantamen­tos internos nos países, para que, além do conhecimen­to das realidades no momento, possa projectar-se o seu desenvolvi­mento e acautelare­mse situações de emergência.

Denúncia de falta de comunicaçã­o entre os Estados, reforça a importânci­a dos levantamen­tos internos nos países, para que, além do conhecimen­to das realidades no momento, possa projectar-se o seu desenvolvi­mento

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Operação de levantamen­to da população em 2014 levou a importante­s conclusões sobre indicadore­s como a natalidade e a esperança média de vida em Angola

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