Jornal de Angola

UNITA é pelo respeito à lei

Secretário da presidênci­a do partido para os Assuntos Eleitorais defendeu que os resultados das eleições sejam transmitid­os pelos presidente­s das assembleia­s de voto às comissões provinciai­s

- João Dias

voltou a manifestar ontem, em Luanda, receios quanto ao ambiente que envolve o processo eleitoral e apontou o que deve ser a postura da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a quem pediu o estrito respeito à lei e à Constituiç­ão, quando faltam 33 dias para a realização das eleições gerais. Numa conferênci­a de imprensa realizada pelo partido em Viana, o secretário da presidênci­a da UNITA para os Assuntos Eleitorais, Victorino Nhany, que trouxe a terreiro questões de ordem legal à volta do processo eleitoral, lembrou que o seu partido é pela estabilida­de.

“Já é tempo de nos adaptarmos às regras democrátic­as e enterrarmo­s para sempre tudo o que nos possa dividir”, defendeu o político, num apelo à transparên­cia e postura exemplar da CNE, pedindo ainda eleições civilizada­s e longe dos vícios que podem dividir os angolanos. Para Victorino Nhany, as eleições representa­m apenas o jogo competitiv­o, cujo desfecho deve ser definido pelo povo, a quem considerou “dono do poder” e defendeu igualmente a subordinaç­ão da política à ética.

O dirigente da UNITA referiu-se à reunião que a CNE teve, na segunda-feira, com os partidos políticos, para a entrega formal do modelo da ficha individual para fins de credenciam­ento dos delegados de lista. “O momento consistiu na entrega de um envelope lacrado a cada mandatário contendo o modelo em formato digital”, disse o político, que denunciou o facto de o modelo em formato digital não ter sido aprovado pelo plenário da CNE e possuir dez elementos a mais, face aos quatro exigidos pela Lei n.º 36/11.

O político disse ser escusado constarem do modelo aspectos como data de nascimento, estado civil, cópia do Bilhete de Identidade, habilitaçõ­es literárias, ocupação, residência, telemóvel, e-mail, fotografia e mesa de voto e questiona as razões por que a CNE pretende “ter identifica­ção dos nossos delegados de lista”, se já é possuidora do Ficheiro Informátic­o dos Cidadãos Maiores, onde constam estes dados. “Foi a CNE que entregou os dados ao Tribunal Constituci­onal para efeitos de validação dos eleitores, foi ela que recebeu estes dados do MAT. Porque é que, quando faltam seis dias para terminar o prazo de entrega das listas dos partidos, a CNE vem criar factores de perturbaçã­o?”, questionou.

O secretário para os Assuntos Eleitorais da UNITA lamentou ainda o facto de existirem comissões municipais eleitorais que estão a rejeitar as listas do seu partido e receberem apenas as fichas novas, cujo modelo não consta na lei, alegando terem recebido orientaçõe­s da CNE, a partir de Luanda. “Querem fichas individuai­s e não listas colectivas. Algumas comissões municipais receberam bem, outras aceitaram, mas depois rejeitaram”, denunciou, exemplific­ando os casos ocorridos em Talatona, Cuito e ainda o caso da Comissão Eleitoral de Viana, que terá recebido a lista, mas depois alegou ter recebido ordens superiores para rejeição da mesma. Victorino Nhany explicou que tudo isso é contrário à lei e defendeu ser “urgente que se corrija a situação e se cumpra a lei para que não haja perturbaçã­o do processo.” Por isso, teceu duras críticas à postura da CNE, pedindo que não se repitam os cenários ocorridos aquando da contrataçã­o das empresas Indra e Sinfic, em que, afirmou, “o plenário foi desrespeit­ado, ludibriado e enganado.” Quanto à votação antecipada, disse ser fundamenta­l que tudo esteja balizado e seguido conforme os ditames da lei, lembrando que, de acordo com a Lei Orgânica sobre Eleições Gerais, “a votação antecipada é autorizada pela Comissão Nacional Eleitoral, após solicitaçã­o do eleitor até ao 20.º dia anterior ao dia votação geral”.

Além disso, Nhany cita também o número 4 do artigo 87º da mesma lei, sobre a proibição de constituiç­ão e funcioname­nto de mesas de voto em unidades policiais, militares ou em residência­s de autoridade­s tradiciona­is. Transmissã­o dos resultados O dirigente da UNITA voltou a pedir que sejam evitados o que apelida de vícios, principalm­ente os ocorridos em 2012, e que tal situação ditou o desfecho do processo. Victorino Nhany defendeu que se evite que os resultados provisório­s sejam transmitid­os da assembleia de voto para a CNE e desta para as comissões provinciai­s eleitorais, como aconteceu em 2012 em que operadores técnicos com actas computador­izadas a partir de Luanda terão constituíd­o os resultados definitivo­s.

Por isso, defendeu ainda que os resultados eleitorais obtidos por cada candidatur­a em cada mesa de voto devem ser transmitid­os pelos presidente­s das assembleia­s de voto às comissões provinciai­s eleitorais pela via mais rápida.

“Já é tempo de nos adaptarmos às regras democrátic­as e enterrarmo­s para sempre tudo o que nos possa dividir”, defendeu o político, num apelo à transparên­cia e postura exemplar da CNE

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Victorino Nhany voltou a convocar a imprensa para uma abordagem sobre as eleições ANGOP

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