Possíveis incompatibilidades entre o papel social e os serviços
referenciados no estudo que citámos têm interferência directa na vida das populações dessas localidades, com as respectivas autoridades governativas a terem de atender aos apelos dos eleitores em função das tarifas cobradas pelas entidades privadas, assim como ao incumprimento de promessas iniciais.
Grandes cidades, como Berlim, Paris, Budapeste, Bamako, Buenos Aires, Maputo e La Paz, recorreram a privatizações dos seus sistemas de água e saneamento nas últimas décadas, mas decidiram voltar atrás.
De acordo com os números apurados
Os sectores
pelo TNI, cerca de 90 por cento dos sistemas de água mundiais ainda são de gestão pública. As privatizações nesse sector têm, na maioria dos casos, a ver com cenários de austeridade e crises fiscais.
O instituto aponta para incompatibilidades entre o papel social de uma companhia de água e saneamento e as necessidades de um grupo privado. Os serviços providos são direitos humanos fundamentais, atrelados à saúde pública e que, pelas especificidades do sector, precisam operar como monopólio, defendem os especialistas.
Enquanto a França tem liderado a lista de remunicipalizações em materia de águas e saneamento, a Alemanha é a número um no volta atrás em projectos de fornecimento de energia eléctrica.
O sector público é, como sabemos, apontando por não gerar lucros, enquanto do outro lado existe a concorrência, pelo que as empresas privadas apostam mais em pesquisas e na busca de processos que diminuam os custos de produção. Estaria o assunto assim arrumado através do estabelecimento de parcerias públicoprivadas, mas a questão não é tão simples quanto parece.