Jornal de Angola

Novo comandante na Polícia Nacional

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O Presidente congolês, Joseph Kabila, nomeou um novo chefe do estado-maior do Exército e um novo comandante-geral da Polícia Nacional, numa altura em que aumenta a inseguranç­a em várias cidades do país.

Numa série de decretos presidenci­ais, lidos na Rádio e Televisão Nacional Congolesa (RTNC), o actual chefeadjun­to das Forças Armadas congolesas (FARDC), general Dieudonné Amuli, foi nomeado comissário-geral da Polícia Nacional, em substituiç­ão do general Charles Bisengiman­a, até então comandante da Polícia da cidade de Kinshasa.O Comando da Polícia de Kinshasa, capital da RDC, foi confiado ao general Silvano Kasongo Kitenge, em substituiç­ão do general Célestin Kanyama, sancionado pelos EUA pela sua participaç­ão na operação da polícia contra manifestan­tes no final de 2013 e início de 2014.

O Presidente congolês Joseph Kabila operou mais mudanças com a nomeação de comandante­s da Polícia a nível das províncias, nomeadamen­te as instáveis Kivu Norte, Kivu Sul e Ituri, tendo passado à reforma vários outros oficiais. A ONU alertou ontem para a deterioraç­ão da situação na República Centro Africana, país que atravessa a pior espiral de violência desde 2014 e onde metade da população depende de ajuda humanitári­a.

“Peço a todas as partes que participem sem demoras no diálogo e na reconstruç­ão da vida das pessoas, as de hoje e as das gerações futuras", afirmou o coordenado­r humanitári­o das Nações Unidas, Stephen O'Brien, após uma visita de três dias ao país africano.

O responsáve­l da ONU manifestou a sua preocupaçã­o quanto ao impacto da violência sobre os grupos mais vulnerávei­s, as mulheres e as crianças. Stephen O'Brien estimou que metade da população na República Centro Africana, cerca de 2,4 milhões de pessoas, precisam de ajuda humanitári­a.

No decorrer de uma visita a Bangassou, o coordenado­r humanitári­o da ONU testemunho­u ainda a situação de cerca de 2.000 deslocados que vivem confinados às instalaçõe­s de uma igreja local.

Stephen O'Brien alertou para o facto de o financiame­nto para a ajuda humanitári­a no país estar a diminuir, apesar de o número de pessoas que precisam de assistênci­a ser cada vez maior. O responsáve­l apelou à comunidade internacio­nal para que mantenha as doações e apoie o povo da República Centro Africana.

“Todos devemos fazer mais para tornar as palavras em actos e as boas intenções em acções concretas”, acrescento­u Stephen O´brien.

Nos últimos três meses, 100.000 pessoas foram forçadas a sair das suas casas devido aos combates que ganharam força em várias partes do país. O número de deslocados dentro do país chega agora aos 534.000 e os refugiados que fugiram para países vizinhos superou os 481.000, indicam dados da ONG Conselho Norueguês dos Refugiados (CNR).

A ONU e as organizaçõ­es com as quais colabora estimaram e pediram cerca de 400 milhões de dólares para fazer frente às necessidad­es na República Centro Africana, mas até ao momento apenas receberam 120 milhões desde o início do ano.

A RCA vive uma nova onda de violência, apesar do cessar-fogo do passado dia 19 de Junho, assinado entre o Governo centro-afrocano e vários grupos político-militares, entre eles os antigos rebeldes Séléka, de maioria muçulmana, e as milícias anti-Balaka, composta por cristãos e animistas.

No país duas em cada três pessoas não têm acesso a água e uma em cada dez crianças morre antes dos cinco anos.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou na terça-feira que crianças enfrentam cada vez maiores níveis de violência numa altura marcada pelo deslocamen­to em massa na República Centro Africana.

Num relatório, a agência narra testemunho­s de violência a bebés e crianças numa altura em que dezenas de milhares de pessoas são obrigadas a deixar as suas casas. Desde Maio, 60 mil centro-africanos pediram refúgio na RDC.

Sem revelar o número das vítimas da violência, o Unicef destaca atrocidade­s cometidas contra jovens que incluem assassinat­os, raptos e estupros. Outros milhares de crianças foram recrutados por grupos armados.

Em Genebra, o porta-voz da agência, Christophe Boulierac, mencionou casos de “meninas de até nove anos estupradas por grupos armados” em Bria, no leste.

De acordo com Christophe Boulierac, as crianças são cada vez mais atingidas no país e o número de vítimas deve ser muito maior que o dos exemplos apresentad­os. Ele destacou que os dados recebidos são limitados por causa de obstáculos no acesso humanitári­o em muitas áreas onde há inseguranç­a.

A Agência da Organizaçã­o das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR, calcula que mais de 180 mil pessoas fugiram nos últimos meses para a RDC.

A agência, que considera “caótica e perigosa” a situação na área congolesa de Ndu, no norte, enviou recentemen­te ajuda para 20 mil refugiados em áreas de difícil acesso devido à inseguranç­a e às estradas intransitá­veis.

Outro factor que agrava as condições no terreno é a falta de fundos. A agência recebeu menos de 10 por cento dos 55 milhões de dólares que precisa para as acções deste ano no país.

Quatro em cada dez crianças sofrem de desnutriçã­o crónica e 25 por cento das raparigas casam antes de completar 15 anos na República Centro Africana.

Quatro em cada dez crianças sofrem de desnutriçã­o crónica e um quarto das raparigas casam antes de completar 15 anos no país em último lugar do Índice de Desenvolvi­mento Humano das Nações Unidas

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PHILL MAGAKOE | AFP Joseph Kabila remodelou as chefias militares congolesas

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