FACÇÕES RIVAIS
Presidente francês propõe solução política para a Líbia
O Presidente francês, Emmanuel Macron, colocou a Líbia sob uma perspectiva política, no cumprimento de uma de suas promessas de campanha dirigidas a África e garantiu apoio técnico e logístico aos líderes líbios Fayez al-Sarraj e Khalifa Haftar, para que possam trabalhar com base numa plataforma abrangente capaz de oferecer uma recuperação rápida do processo de consolidação do Estado.
A Agência France Press AFP noticiou que o encontro teve lugar na terça-feira, nos arredores da capital francesa, Paris, e destacou que os responsáveis líbios manifestaram simpatia à proposta do Presidente francês, porque, cita o texto, “é atraente e apresenta uma boa perspectiva de debate, diante dos desafios do Estado líbio”.
Emmanuel Macron afirmou que os africanos devem ser encorajados e resolver os seus problemas, mas a comunidade internacional deve fazer a sua parte.
“A França vai fazer a sua parte”, garantiu o Presidente francês, após assumir o poder, numa altura em que Paris tem forte responsabilidade na situação a que estão votados determinadas regiões de África. A situação no Mali e na República Centro-Africana estão muito dependentes das políticas do Palácio do Eliseu, que, ainda na administração do Presidente francês François Hollande, introduziu uma série de medidas políticas e de combate ao terrorismo, que agora devem ser devidamente enquadradas pelo no Governo para consolidar os processos em curso.
A nova administração francesa anunciou correcções e pretende, com isso, desempenhar um papel fulcral em África para ajudar os processos a se consolidar.
O líder francês, Emmanuel Macron, começou por reconhecer responsabilidade política na Argélia, ao dirigir um pedido de desculpa ao Governo e ao povo argelino, pelo envolvimento de Paris nos assuntos daquele país, durante o período de colonização. Macron qualificou, durante a sua campanha ao Palácio do Eliseu, a colonização francesa na Argélia como “um crime contra a humanidade”. A Argélia se tornou independente em 1962. “A colonização faz parte da História francesa. Faz parte desse passado que devemos olhar de frente oferecendo as nossas desculpas àqueles a quem fizemos certas coisas”, disse Macron.
Emmanuel Macron não foi tão claro ao referir-se à situação na Líbia, onde a França desempenhou um papel fundamental no derrube do Governo e consequente assassinato do Presidente Muammar Kadhafi, à frente da OTAN. O ex-Presidente francês Nicolas Sarkosy, o britânico David Cameron e Barack Obama, antigo Presidente dos Estados Unidos, falharam na criação do novo Estado líbio.
Emmanuel Macron não se dirigiu directamente a nenhum deles nem assumiu uma responsabilidade directa da França, mas reconheceu que é preciso promover uma nova plataforma para chegar a uma solução política. A Agência France Presse refere que os líderes rivais líbios mostraram-se disponíveis para negociar no quadro de uma proposta de Paris.
Alguns analistas citados na imprensa francesa defendem que Macron está apenas a demarcar a sua visão sobre África da dos seus antecessores, nomeadamente Hollande e Sarkozy. Desde o derrube de Muammar Kadhafi em 2011, o país encontra-se profundamente dividido. As rivalidades regionais e tribais são muitas e diversas autoridades e milícias disputam o poder, algumas vezes opondo-se em confrontos mortais.
Um Governo de Unidade Nacional (GNA) está baseado em Tripoli desde Março 2016 dirigido por Fayez al-Sarraj. Apoiado pela comunidade internacional, este dirigente trabalha para estabelecer a sua autoridade em todo o território nacional, uma vez que controla apenas algumas regiões do oeste.
No leste, em Cyrenaica, uma autoridade rival reina em vastas áreas do território. O marechal Khalifa Haftar, líder auto-proclamado de uma força baptizada de Exército Nacional Líbio (ANL, na sigla em inglês), é o homem forte nesta região.
Um dos desafios para pôr fim à violência e à insegurança será o estabelecimento das instituições --Governo, exército e polícia-- capazes de exercer a autoridade em todo o país. A população está bastante ressentida, reconhece o marechal Khalifa Haftar, quando deu o ponto da situação nas zonas sob seu controlo. Haftar disse a jornalistas estrangeiros que as suas forças foram obrigadas a travar um sério combate com grupos extremistas que actuavam com as orientações do Estado Islâmico. Centenas de milícias dispu-