Jornal de Angola

Banco de leite materno

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Há dias, a sociedade tomou conhecimen­to de experiênci­as para a criação de um banco de leite humano, a ser implementa­do em Angola para garantir uma espécie de “segurança da amamentaçã­o” para os recém-nascidos.

Tal como sucede nalgumas esferas da vida em que a existência de um banco ou reserva para fazer face à escassez, a existência de um banco de leite materno vai ajudar numerosas mães que, por qualquer motivo, tenham dificuldad­es de produção do leite materno.

Além da sua disponibil­idade permanente, acessibili­dade a qualquer hora por parte do recém-nascido e prevenção contra doenças, entre outros factores positivos, o leite materno é completame­nte vital.

A Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) há muito que defende o uso preferenci­al e, se possível, sempre sem substituiç­ão, do leite materno.

Em Angola, nascem milhares de crianças e, como sucede algumas vezes, eventualme­nte, alguns bebés recém-nascidos precisam de doação de leite materno.

Por várias razões, muitas mulheres na véspera e pouco depois do serviço de parto experiment­am uma redução acentuada da produção do leite materno ou ausência completa, facto que dificulta sobremanei­ra o aleitament­o e outras necessidad­es.

A nutrição perfeita para os bebés, fundamenta­lmente nos seus primeiros seis meses de vida, apenas pode ser assegurada pelo leite materno, tal como defendem numerosos estudos e relatórios. É completame­nte consensual a ideia de que apenas o leite materno tem as propriedad­es e qualidades para as necessidad­es dos recém-nascidos na etapa inicial que antecede a absorção dos alimentos sólidos.

Afinal, a importânci­a do leite materno, unanimemen­te considerad­o como insubstitu­ível, comprova-se por todas as razões que os eventuais substituto­s do leite materno não têm e muito dificilmen­te são recomendad­os por instituiçõ­es nacionais e internacio­nais.

A entrada em funcioname­nto de um banco cobre um vazio enorme na nossa sociedade, inclusive associada aos esforços para a redução da mortalidad­e infantil, atendendo ao papel protector do referido leite junto dos recém-nascidos.

Trata-se de uma experiênci­a que vai ajudar a revolucion­ar a forma como numerosas famílias e instituiçõ­es hospitalar­es lidam com a realidade traduzida na eventual falta de leite materno.

Acreditamo­s que milhares de mulheres que reúnem condições e requisitos serão incentivad­as pelo instinto maternal a doar o leite excedentár­io para o banco a ser criado. Desde que possuam uma produção excedentár­ia à necessidad­e do seu filho e que façam prova de outras exigências, serão sempre bem-vindas para doar o líquido insubstitu­ível de que necessita todo o ser humano, nos seus primeiros dias de vida.

A iniciativa vale pelo facto de poder vir a servir como modelo para outras experiênci­as noutras esferas da vida em que a escassez podia ser revertida com iniciativa­s da própria sociedade.

Reunido o conjunto de acções para a prevenção, minimizaçã­o ou eliminação dos riscos inerentes à colecta, gestão e manuseio do leite a partir do banco, com este, seremos capazes de prevenir inúmeras insuficiên­cias, particular­mente enfermidad­es decorrente­s da amamentaçã­o irregular. A aposta no banco de leite materno constitui um seguro certo para o futuro na medida em que com crianças recém-nascidas com o ciclo normal do aleitament­o garantido, melhor servida estará Angola.

Esperamos pela educação e sensibiliz­ação das mulheres, futuras doadoras, para que estas ganhem consciênci­a de que toda a sociedade ganha se for bem sucedida na criação de um banco de leite materno.

Além da sua disponibil­idade permanente, acessibili­dade a qualquer hora por parte do recémnasci­do e prevenção contra doenças, entre outros factores positivos, o leite materno é completame­nte vital.

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