Jornal de Angola

As promessas eleitorais dos partidos políticos

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UNITA, APN, PRS, MPLA, FNLA e CASA-CE, os partidos e coligação de partidos políticos que concorrem por um “lugar ao sol” nas eleições gerais de 23 de Agosto, partem para a “festa da democracia” com o principal desafio de explicar ao eleitorado de que forma pretendem implementa­r as suas principais promessas eleitorais.

Da UNITA, a mais sonante é a promessa segundo a qual se for Governo aumenta o salário mínimo nacional para o equivalent­e em kwanzas a 500 dólares (83 mil ao câmbio actual). De acordo com o reajuste salarial feito em Junho, o salário mínimo actual oscila entre 16.500 e 24.754 kwanzas.

A UNITA justifica no seu programa de governação números que no seu entender tornam possível a implementa­ção de um salário mínimo deste valor, mas não cita a fonte de tais números. Além desta promessa, o partido do Galo Negro promete, também sem explicar, uma “casa condigna para cada família angolana” e “aliviar vinte milhões de pessoas da fome e da pobreza”.

A APN, o único estreante nas eleições, promete criar um milhão de postos de trabalho e baixar para 10 mil kwanzas mensais o preço da renda nas centralida­des. Falta ao partido de Quintino Moreira explicar como irá fazê-lo.

Quanto ao PRS, propõe uma “redistribu­ição dos rendimento­s” com “acesso ao subsídio social de desemprego para a estabilida­de das famílias”, a redução - não quantifica­da - do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT) aos funcionári­os públicos e privados. Também promete criar um subsídio social para “as famílias mais numerosas, a partir do nascimento do quinto filho”. Como fazê-lo, é a questão que se coloca.

O MPLA promete criar 500 mil empregos em cinco anos metade do que promete a APN. Diz que o fará através da capacitaçã­o do empresaria­do privado, sem dar mais detalhes.

Reduzir a taxa da pobreza de 36 para 25 por cento, o índice de concentraç­ão da riqueza de 42,7 para 38,0 e “criar e implementa­r o Rendimento Social Mínimo para famílias em situação extrema de pobreza”, também são promessas do MPLA que, como os outros partidos, não diz como o vai fazer.

A FNLA não tem uma promessa eleitoral que se destaque. A CASA CE, por sua vez, promete um “cresciment­o económico numa média entre cinco a dez por cento” no próximo quinquénio e “acabar com a fome em cinco anos e com a pobreza extrema em 10”.

A coligação de Abel Chivukuvuk­u também promete “construir cinco campus universitá­rios nos próximos cinco anos, melhorar o de Luanda” e “dar um décimo das receitas fiscais da venda de petróleo à educação e formação da Juventude”. Também falta explicar como o irá.

As seis forças políticas que concorrem às eleições têm de perceber que o eleitorado angolano evoluiu, e bastante, nos últimos cinco anos, razão pela qual não basta fazerem grandes promessas eleitorais. Há que explicar como concretiza­r essas promessas.

Durante o tempo de campanha, os partidos políticos devem encarar os eleitores angolanos como um apreciador de “queijo” que vai ao supermerca­do para se deliciar.

Existem vários supermerca­dos que vendem queijo, praticamen­te ao mesmo preço. Ora, para que o consumidor opte por gastar o seu dinheiro num determinad­o supermerca­do, um vendedor deve convencê-lo que este tem ganhos na sua casa. Quer dizer, que este queijo é mesmo bom.

Para tal, não basta dizer que o seu queijo “é o mais saboroso”. O cliente não vai acreditar. Também não se deve dizer ao consumidor: “pague o queijo que quando o comer não se vai arrepender”. Este também não vai aceitar. Um vendedor que tem a certeza da qualidade do seu queijo dá-o a provar ao consumidor. E este, se de facto o queijo for muito bom, vai comprá-lo.

À excepção do MPLA, todos os candidatos prometem uma revisão da Constituiç­ão da República de Angola que vigora há sete anos.

UNITA, PRS, FNLA e APN propõem uma Assembleia Nacional bicamaral. E todos os candidatos, incluindo o MPLA, defendem uma reforma do Estado e “mudanças profundas” na governação.

A APN, o único estreante nas eleições, promete criar um milhão de postos de trabalho e baixar para 10 mil kwanzas mensais o preço da renda nas centralida­des.

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