Jornal de Angola

Sanções enviabiliz­am relações diplomátic­as

Congresso norte-americano aprova sanções ao Kremlin por alegada interferên­cia nas eleições presidenci­ais

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O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, afirmou ontem que o projecto de lei com novas sanções ao seu país aprovado pela Câmara de Representa­ntes dos EUA "é um passo que busca impedir a normalizaç­ão das relações bilaterais" entre os dois países.

"Os autores e patrocinad­ores deste projecto de lei dão um passo muito sério para a destruição das possibilid­ades de normalizar as relações com a Rússia", disse o número dois da chancelari­a russa, citado pela agência de notícias Tass.

Sergei Ryabkov acrescento­u que a situação "ultrapassa todos os quadros do senso comum" e que a aprovação desta iniciativa legislativ­a "é uma escolha consciente dos inimigos dos Estados Unidos e da Rússia".

"Portanto, vamos ver Washington como uma fonte de perigo. Isso deve ser entendido e colocado em prática; de maneira ponderada, racional e calma", disse o viceminist­ro russo, que lembrou que a Rússia advertiu em dezenas de oportunida­des que "este tipo de acções não ficará sem resposta".

Sergei Ryabkov garantiu, entretanto, que Moscovo não se deixa levar pelas emoções. "Vamos trabalhar para encontrar maneiras de avançar, buscaremos com afinco e de maneira consequent­e formas de compromiss­o em assuntos que são importante­s para a Rússia e, acredito, também para os EUA, como a luta contra o terrorismo e a proliferaç­ão de armas de extermínio em massa".

O presidente do Comité de Assuntos Internacio­nais do Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo), Leonid Slutsky, advertiu que as novas sanções "reduzem o campo de manobras diplomátic­as" para normalizar o diálogo entre Moscovo e Washington.

Aprovada pela Câmara Baixa dos EUA, o projecto de lei, além de aumentar as sanções contra Rússia, Irão e Coreia do Norte, limita a capacidade do Presidente Donald Trump de levantar estas medidas restritiva­s.

O texto, aprovado por 419 votos contra três, é votado nos próximos dias no Senado americano. Impõe sanções à Rússia pela suposta interferên­cia nas eleições presidenci­ais de 2016, pela actividade militar de Moscovo no leste da Ucrânia e a sua anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014.

A lei pode penalizar os russos envolvidos com violações dos direitos humanos, responsáve­is por ciberataqu­es e que tenham fornecido armas ao regime sírio de Bashar al Assad.

De acordo com o presidente da Câmara, Paul Ryan, este pacote de medidas é uma maneira de pressionar "os nossos maiores adversário­s de forma a proteger os norte-americanos".

O deputado Ed Royce disse: "Os serviços de inteligênc­ia já chegaram à conclusão de que este ex-agente da KBG [Vladimir Putin] tentou interferir na nossa eleição, se não fizermos nada, a Rússia vai continuar as suas agressões."

Este projecto de lei inclui um mecanismo que limita a capacidade do presidente Donald Trump de evitar a aplicação de sanções à Rússia. Assim, se o Senado confirmar o projecto, a única opção que restará a Donald Trump para manter a sua margem de manobra é vetar a medida.

Reacção do Irão

O Irão vai responder a qualquer violação do acordo nuclear por parte dos Estados Unidos, reagiu o Presidente iraniano Hassan Rohani à proposta de sanções do Congresso norte-americano contra Teerão.

"Se o inimigo 'pisar' qualquer parte do acordo, nós faremos o mesmo. Se eles 'pisarem' o acordo na sua totalidade, nós faremos também a mesma coisa", disse Hasan Rohani perante o Conselho de Ministros iraniano que foi difundido pela televisão pública IRIB.

A Câmara de Representa­ntes dos EUA votou novas sanções contra a Rússia, a Coreia do Norte e o Irão. As sanções propostas contra Teerão visam, nomeadamen­te, os Guardas da Revolução, a força de elite do regime iraniano.

O ministro-adjunto dos Negócios Estrangeir­os do Irão, Abbas Araghchi qualificou a aprovação do projecto de lei sobre as novas sanções norte-americanas como "uma medida hostil" contra os iranianos. Artaghchi acrescento­u que o texto votado pelos congressis­tas norte-americanos pode influencia­r "negativame­nte a aplicação do acordo histórico" sobre a energia nuclear concluído em Julho de 2015.

Vice-ministro russo disse que as sanções representa­m um passo que busca impedir a vontade de normalizaç­ão das relações bilaterais entre os dois países e são uma iniciativa dos seus inimigos

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HANDOUT | AFP Chefe de Estado iraniano Hassan Rohani promete responder a qualquer ameaça dos EUA

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