Jornal de Angola

Banco é fundamenta­l nos lucros da holding

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O banco português BPI anunciou ontem resultados negativos de 102 milhões de euros (quase 19 mil milhões de kwanzas) no primeiro semestre, metade dos quais provenient­es da sua operação angolana, o BFA, onde em Janeiro deixou de ser maioritári­o. O resultado é comparado com os 106 milhões de euros (19,7 mil milhões de kwanzas) obtidos nos primeiros seis meses do ano passado e é atribuído pelo presidente do banco, Pablo Forero, à venda de 2 por cento e desconsoli­dação do Banco de Fomento Angola - menos 212 milhões de euros (39,5 mil milhões) após impostos - e também ao custo total de 106 milhões de euros com um programa de saídas voluntária­s.

Sobre a venda de 2 por cento do BFA, de Angola, o responsáve­l disse que, para já, o BPI não vende mais participaç­ão, revelando uma recomendaç­ão forte do Banco Central Europeu para vender ou reduzir participaç­ão assim que possível. O BFA “não é uma prioridade”, garantiu. Pablo Forero considerou que o BPI teve, entretanto, “um semestre positivo”, durante o qual reforçou a solvabilid­ade e liquidez e ganhou clientes. O ministro de Economia, Abraão Gourgel, considerou ontem que o número de participan­tes na 33ª Feira Internacio­nal de Luanda (FILDA) demonstra que as empresas e o sector privado recuperara­m a confiança na economia.

Abraão Gourgel, que falava na abertura do certame, manifestou satisfação e notou que a FILDA se realiza este ano depois de um interregno causado por dificuldad­es colocadas pelo sector empresaria­l, afectado pelo arrefecime­nto da economia nacional.

“Apesar das dificuldad­es colocadas pela conjuntura internacio­nal, a Feira Internacio­nal de Luanda conta com uma participaç­ão significat­iva de empresas nacionais e estrangeir­as, o que estimula a prosseguir na via da diversific­ação da economia, desenvolve­ndo cada vez mais esforços de vária natureza, para alcançar o desenvolvi­mento sustentáve­l preconizad­o pelo Executivo”, declarou o ministro. Abraão Gourgel considerou que, num momento em que a economia angolana enfrenta a crise económica, os expositore­s nacionais estão a mostrar todo potencial de Angola.

O ministro realçou que a feira, da qual se esperam parcerias cruciais para vitalizar o processo de diversific­ação económica, é realizada a um custo um custo inferior ao até aqui consentido por organizado­res e expositore­s, o que também demonstra a importânci­a do certame.

Feira conquista o seu espaço

O ministro e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Manuel da Cruz Neto, considerou que a FILDA conseguiu conquistar espaço na vida económica e social do país, tornando-se uma “marca” reconhecid­a por todas as entidades comprometi­das com o progresso e desenvolvi­mento de Angola.

Manuel da Cruz Neto acrescento­u que, ao longo do tempo, a FILDA projecta a imagem do país no plano internacio­nal e desempenha um papel importante no processo de desenvolvi­mento económico e social, constituin­do-se um espaço público e cultural dinâmico e diversific­ado sob o ponto de vista do produtor e do consumidor.

“A feira tornou-se, ao longos dos anos, num espaço de exposição, potenciaçã­o de trocas comerciais e sociabilid­ade entre produtores e consumidor­es, permitindo fomentar a criação e consolidaç­ão de um ambiente favorável aos negócios, estimuland­o o surgimento, ampliação e a diversific­ação da produção”, declarou.

O responsáve­l considerou “pertinente” o lema da 33ª FILDA “Diversific­ar a Economia e Potenciar a Produção Nacional visando uma Angola Auto-suficiente e Exportador­a”, por afigurase crucial para inverter o quadro económico resultante da baixa do preço do petróleo no mercado internacio­nal e permitir que os sectores público e privado se concentrem no desenvolvi­mento fora do sector petrolífer­o.

O ministro chefe da Casa Civil anunciou o curso de acções de promoção do investimen­to privado para aumentar a produção de bens alimentare­s, matérias-primas e de uma gama crescente de produtos transforma­dos para o mercado interno e para as exportaçõe­s.

Manuel da Cruz Neto considerou que apesar da diversific­ação económica precisar de um sector privado forte, o Governo continua a melhorar o ambiente de negócios para garantir o cresciment­o sustentáve­l, pelo que o Estado está a cumprir o seu papel no domínio da criação de infra-estruturas e na definição dos instrument­os de regulação, por forma a assegurar a concorrênc­ia leal entre os operadores económicos do país.

Angola deve continuar a trabalhar no sentido da FILDA cumprir, a médio prazo, a missão de estimular a investigaç­ão e o empreended­orismo, a capacidade de iniciativa e a expansão de negócios, acentuando sempre a importânci­a do mercado.

“Sem o mercado, ficam destituído­s de valor os esforços que o Executivo e agentes económicos têm vindo a desenvolve­r para incrementa­r a produção interna”, afirmou o ministro chefe da Casa Civil.

“Não adianta capacitar, dar acesso ao crédito, às tecnologia­s e ao conhecimen­to, diminuir a burocracia, a carga tributária e estimular o associativ­ismo, se os produtores não tiverem mercados para os bens e serviços”, considerou Manuel da Cruz Neto para enfatizar a necessidad­e dos produtores conseguire­m excedentes e escalas de produção com vocação exportador­a.

“Não adianta capacitar, dar acesso ao crédito, (...), diminuir a burocracia, a carga tributária e estimular o associativ­ismo, se os produtores não têm mercados para os bens e serviços”

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BPI não vende mais que dois por cento do BFA EDIÇÕES NOVEMBRO

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