Metada da população vive na orla costeira
O litoral tem também os maiores objectivos económicos de Angola, como aeroportos e extracção petrolífera
Aproximadamente, 50 por cento da população angolana vive ao longo da orla costeira. Deste número, cinquenta mil pessoas dedicam-se à pesca artesanal, revela o Plano de Acção Nacional de Adaptação (PANA) do Ministério do Ambiente.
O documento indica que as cidades do litoral, na sua maioria, enfrentam problemas de sobrecarga das redes de água, energia eléctrica e esgotos, devido à ocupação de edifícios por um número superior de habitantes ao previsto na sua concepção e construção.
O plano refere que a ocupação não autorizada de terrenos dentro de algumas cidades e a alteração de fachadas, edifícios e pavimentos, utilizando material de construção com elevados índices de absorção de águas das chuvas e reflexão dos raios solares, têm contribuído negativamente para o pouco conforto ambiental dos microclimas das cidades.
Os principais portos ao longo da costa são em geral protegidos por restingas arenosas, formadas por acumulação de areais depositadas pelos rios Cuanza (Luanda), Catumbela (Lobito) e Cunene (Baía dos Tigres). A orla costeira contém também dos maiores objectivos económicos do país, tais como aeroportos e extracção petrolífera, que se estendem até à Zona Económica Exclusiva, grande parte das indústrias, hotéis e outras infra-estruturas.O uso de modelos climáticos é relativamente novo em África. De acordo com o documento, poucos cenários foram desenvolvidos devido à fraca capacidade no uso de computadores e de recursos humanos.
Modelos climáticos
Alguns modelos climáticos têm sido feitos para regiões de África ao sul e ao leste de Angola, mas quase nenhum trabalho foi feito para Angola, particularmente para a região norte. O principal motivo é a escassez de dados meteorológicos disponíveis para Angola.
O impacto das alterações climáticas na costa marítima depende de três factores: o aumento do nível do mar, a modificação das correntes da costa marítima (corrente de Benguela e do Golfo da Guiné) e a modificação da sedimentação ou da erosão.
Na região onde Angola se localiza, refere o documento, existem poucos dados disponíveis do nível do mar para o período 1960 a 2001 e nenhum para os anos mais recentes, com a qualidade necessária que possam ser usados para análise do aumento do nível médio do mar.Angola é um dos mais importantes centros de biodiversidade marinha e uma das áreas mais produtivas em recursos haliêuticos no mundo. Os seus ecossistemas são muito diversificados, incluindo zonas de oceano aberto, ilhas, estuários, mangais e praias arenosas e rochosas.
Grande parte da biodiversidade existente em águas territoriais angolanas não é conhecida. Aspectos preocupantes relacionam-se com problemas de sedimentação, poluição e sobre-exploração dos recursos com o uso de práticas de pesca inadequada, a pesquisa e produção petrolífera, o desenvolvimento da actividade de construção e exploração de inertes.
A exploração de mangais para a produção de carvão vegetal é um aspecto de sobre-exploração dos recursos. No norte há extensões de mangais em estado crítico (sobre-exploração e poluição). As modificações devido a alterações climáticas criam um outro factor de pressão, além destes aspectos preocupantes.
O documento indica ainda que as áreas costeiras são extremamente vulneráveis à subida do mar e, consequentemente, consideradas zonas de alto risco. A sensibilidade dos mamíferos foi estudada em 141 parques nacionais da África Subsahariana. Assumindo não haver migração de espécies, 10 e 15 por cento podem estar em vias de extinção até 2050.
Grande parte da biodiversidade existente em águas angolanas não é conhecida. Aspectos preocupantes têm a ver com problemas de sedimentação e poluição