Jornal de Angola

Demarte Pena reconhece apoio do Governo

Demarte Pena, lutador angolano de artes marciais mistas (MMA), continua a dar cartas na África do Sul. Filho de Arlindo Pena “Ben Ben”, antigo vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas Angolanas (FAA), o campeão do mundo de UFC mantém o sonho de comba

- Honorato Silva

Qual o estágio actual da sua carreira?

Sou o campeão dos pesos galo, 61 kg, da EFC, que agora é uma organizaçã­o mundial. Sou campeão do Mundo.

Há quase dois anos estava invicto, numa sequência de 11 combates.

Continuo invicto. Desejo ir lutar fora, nos Estados Unidos. Tentámos realizar um combate aí em Angola, mas depois houve o problema económico e ficou difícil arranjar patrocínio­s.

Os seus admiradore­s em Angola reclamam nas redes sociais pela falta de divulgação da sua actividade desportiva na imprensa local. Tem alguma estratégia para a quebra desta lacuna?

Há dois meses fui contactado por uma agência, aí em Luanda, que queria promover mais a minha imagem. Estamos a estudar as bases do contrato. Será o próximo passo da minha carreira.

Mantém a intenção de combater em Angola?

O meu maior sonho foi sempre lutar em Angola. Seria a melhor coisa para mim. Se alguém estiver disposto a patrocinar um evento aí em Luanda, será muito bom. O Ministério da Juventude e Desportos tentou organizar o evento, mas depois não houve patrocínio­s. Tenho tido o apoio do Ministério, que já me pediu um plano de necessidad­es para os próximos combates. Aqui conto com o incentivo dos nossos consulados, que organizam claques.

Tem alguma preferênci­a de adversário, caso se materializ­e?

Na verdade, não tenho preferênci­a de adversário­s. O meu principal desafio é tentar melhorar todos os dias como lutador, por isso o meu adversário sou eu. Tento sempre superar a pessoa que fui ontem e ser ainda melhor amanhã. Procuro evoluir.

A mudança para os EUA está mais próxima da materializ­ação?

Tenho colegas que já foram treinar nos Estados Unidos. O caminho já está feito. Estou à espera do apoio do Ministério, que garantiu ajudar, de modo a ficar por lá pelo menos um mês. Quando as oportunida­des aparecerem, vou poder competir lá. Realmente, é meu objectivo.

Na anterior entrevista ao nosso jornal, previu o final da carreira num espaço de dois anos. Mantém a meta?

Tenho 27 anos. O meu objectivo não passa por lutar até depois dos 32 anos. Essa carreira é muito dura para o corpo. Fica muito difícil, tendo família, sobretudo filhos. Fica muito complicado manter a carreira, por isso não tenho planos de lutar por muito mais tempo.

Tem algum contacto com praticante­s das artes marciais mistas em Angola, caso da campeã africana de judo Antónia de Fátima “Faia”?

Sim. Conheci a Faia numa audiência com o ministro Muandumba. É uma grande judoca, um orgulho nacional e uma amiga. Aí em Luanda também conheço jovens que treinam MMA. De uma forma geral, várias pessoas que têm vindo competir aqui na África do Sul. Também praticante­s do jiu jitsu.

Que relação tem com os atletas dos desportos de combate no país?

Há uns anos tive um seminário aí em Luanda, no Fight Society. Troco mensagens com muitos praticante­s na Internet. Mas gostaria de ter um programa onde pudesse ajudar mais os atletas angolanos interessad­os em pra-

O meu principal desafio é tentar melhorar todos os dias como lutador, por isso o meu adversário sou eu. Tento sempre superar a pessoa que fui ontem e ser ainda melhor amanhã.

Conheci a Faia numa audiência com o ministro Muandumba. É uma grande judoca, um orgulho nacional e uma amiga. De uma forma geral, várias pessoas que têm vindo competir na África do Sul.

ticar as artes marciais mistas. Acho que a parceira com a agência que referi vai facilitar.

Quando vem a Angola, visita academias?

Já visitei várias academias. Tive vários convites, não só de clubes de artes marciais mistas, mas também de judo, para que um dia fosse treinar. É muito bom. Gostaria de continuar a ser um exemplo para muitos angolanos.

Quem são os seus ídolos no MMA?

Quando comecei a assistir o MMA, os lutadores que seguia eram o Gracie Family, Rickson Gracie e Royce Gracie. Também gostava de lutadores do UFC, como Anderson Silva e Vitor Belfort. Estes são os meus ídolos.

Que opinião tem do considerad­o combate do século, entre o americano Floyd Mayweather (boxe) e o irlandês Conor McGregor (MMA)?

Toda a gente está à espera dessa luta. É difícil dizer, porque o Floyd é o melhor pugilista da sua era, senão de sempre. Então, fica difícil dizer como será. Mas o Conor McGregor é um grande lutador de MMA. Pode surpreende­r o mundo. Mas se fosse para meter o meu dinheiro, apostaria no Floyd.

Num cenário de combate livre, Mayweather teria alguma hipótese de triunfar frente a McGregor?

O Conor quando diz que vai fazer algo consegue. Se conseguir, será algo incrível. Se fosse com as regras das artes marciais mistas, o Floyd não teria qualquer hipótese, porque aprender o jiu jitsu, o wrestling (luta livre) e o judo leva muito tempo. O McGregor é muito bom na luta no chão. Levaria o Floyd facilmente para o chão para finalizá-lo.

Projectos pessoais. Como está a família?

Sou casado desde Maio do ano passado. Daqui a um ou dois anos penso ter o meu primeiro filho ou filha. Agora o objectivo é treinar, melhorar como atleta e alcançar novos patamares.

O regresso ao país está nos seus planos?

Houve um período que visitava o país de forma mais frequente. Tenho sim planos de voltar, mas por enquanto a minha vida é aqui na África do Sul. O meu coração está sempre em Angola. É aí onde tudo acontece.

A experiênci­a acumulada no desporto pode ser um dia aproveitad­a em Angola como treinador?

Muitos lutadores, depois de terminarem a carreira, tornam-se treinadore­s. Pretendo fazer outras coisas. Não é meu objectivo ser treinador. Mas tudo vai depender do momento.

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Atleta angolano de 27 anos é casado há um ano com Yohanna Longo e espera ser pai dentro de dois anos
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