Jornal de Angola

Cidade e campo

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Vivo no campo e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar a questão da urbanizaçã­o, que tem sido uma espécie de oposto da moeda relativame­nte ao êxodo rural. Ouvi que actualment­e a maioria da população vive nas zonas urbanas e que esse movimento tende a continuar e a crescer. Fico preocupado quando aparenteme­nte todo o mundo parece estar a deixar o campo em direcção às cidades. Onde vivo e em função de relatos de famílias de outras paragens, dou conta de que há um movimento preocupant­e de pessoas em direcção às zonas urbanas. Acho que a ausência de mecanismos de equilíbrio podem resultar em situações menos boas e mesmo problemáti­cas, para o presente momento em que pretendemo­s uma interacção saudável e equilibrad­a entre o campo e as cidades. Em minha opinião, o processo de urbanizaçã­o em Angola constitui uma vantagem, mas igualmente uma desvantage­m. Se o movimento de pessoas saídas das zonas rurais para as cidades continuar, vamos enfrentar uma fraca presença de mão-de-obra nos campos e outras ocupações existentes nas zonas rurais. Não podemos perder de vista a relação de complement­aridade entre aqueles dois segmentos. Embora seja verdade que melhores oportunida­des são encontrada­s em maior número nas zonas urbanas. As zonas urbanas não podem suportar esse movimento contínuo de populações, não raras vezes, para se dedicarem a actividade­s precárias ou caírem na mendicidad­e.

LUÍS VARELA Barra de Dande

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