Jornal de Angola

A conquista do respeito

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O respeito é bom e toda gente gosta. É comum ouvir-se até em situações banais. É legítimo todas as pessoas exigirem respeito, mas também é verdade que têm de fazer por merecê-lo. A cobrança de respeito deve ser feita à medida do mérito e parece haver algum excesso na exigência que foi feita pelo selecciona­dor nacional, Roberto Bianchi, que eufórico pela vitória sobre as Ilhas Maurícias, reclamou por mais respeito.

Todos gostam e merecem ser respeitado­s. Mas quando estamos a exercer um cargo, como é o caso, onde é muito difícil, para não dizer quase impossível ser consensual, há que se olhar para a crítica e os questionam­entos de forma pedagógica, procurando sempre tirar proveito deles.

Quem orienta os destinos de uma selecção nacional está exposto à crítica e deve estar preparado para conviver com elas, pois deve entender-se que não se pode agradar a milhões ao mesmo tempo.

Estamos lembrados de treinadore­s com uma rica folha de serviço, mas que também passaram no crivo, foram criticados e, às vezes, pouco compreendi­dos, mas sempre tiveram uma relação pacífica com a situação. Oliveira Gonçalves, que colocou Angola em dois Campeonato­s do Mundo, teve de conviver com as opiniões divergente­s, apesar do seu sucesso, quer na Selecção de Honras quer na de Sub20. Lito Vidigal é outro treinador que levou Angola ao segundo lugar num CHAN, mas nem por isso deixou de ser contestado por alguns.

No entanto, parece-nos que pelo facto de ter vencido duas partidas às Maurícias, Beto Bianchi já se sente um intocável, a quem não se deve contestar, muito menos criticar. Mas, pelo que nos foi dado ver, ainda há muito caminho a percorrer e o foco deve estar na elevação do nível das exibições dos Palancas Negras, para tornar os seus triunfos agradáveis para os adeptos, e não tão sofríveis como aconteceu na vitória apertada sobre os Dodôs.

Para nós, o treinador está a começar bem com as vitórias, embora magras, mas ainda não conquistou nada. Nem sequer já conseguiu qualificar a Selecção para alguma competição. Por isso, achamos que é muito alarido para tão pouco futebol.

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