Especialista fala de dificuldades e desafios
em investimento imobiliário, João Mainsel, acredita que o mercado ficou abalado devido às restrições de crédito às empresas. Face aos riscos que a economia apresenta hoje, a taxa de 25 por cento ao ano condicionou o investimento de muitas imobiliárias. “Apesar de ter sido realizado um trabalho árduo de investimento nos materiais de construção como o cimento, aço e tijolo, os rendimentos médios dos funcionários deixou de seguir as mudanças do mercado”, referiu. “Há todo um esforço para fazer um imóvel e ainda precisamos de recorrer à importação para o acabamento das habitações”, acrescentou.
Para João Mainsel, a presença chinesa trouxe uma nova dinâmica e forma de construir. “As obras chinesas trouxeram novas fórmulas e sistemas de construção, e investiram em profissionais nacionais que hoje têm capacidade para gerir obras de construção”, disse o especialista.
A crescente oferta pública nas novas centralidades e bairros sociais minimizou a carência de habitações. João Mainsel garante que essas urbanizações reduziram a especulação imobiliária.
Banco de Fomento
João Mainsel considera crucial a criação de um Banco de Fomento Habitacional que apoie a indústria de construção e permita que todas as classes sociais tenham acesso às habitações. Um banco de capitais públicos amplia a oferta de imóveis de forma sustentável através dos financiamentos. Para o especialista, o fomento à indústria de construção civil e ao ramo imobiliário é a chave para as soluções financeiras de financiamento à habitação. Na sua visão, a intervenção do Estado deve cingir-se à criação de um banco que estimule determinados projectos como a autoconstrução dirigida e de grandes urbanizações, e actue como promotor e regulador do mercado.
João Mainsel, além de especialista em investimento imobiliário, dirige o projecto Atlantic City com 719 lotes disponíveis na zona dos Ramiros. Outro empreendimento na mesma zona é o Sun City, com 840 lotes. “Queremos fazer de Ramiros um novo eixo de desenvolvimento urbano. É a entrada de Luanda na parte Sul e tem menos construções desorganizadas do que outras regiões de Luanda”, acentuou. “Estão em vista mais quatro empreendimentos nesta via onde a paisagem é mais atractiva”, realçou. De 2014 a 2017, em parceria com sócios, construiu seis empreendimentos e 17 edifícios residenciais.
A visão do Estado
A ministra do Urbanismo e Habitação reconheceu, recentemente, que os investimentos no sector imobiliário sofreram uma redução considerável, devido a dificuldades de acesso a divisas, para a importação da matériaprima e recomendou aos agentes económicos, a procurarem fontes alternativas e inovadoras de financiamento, bem como a utilização de matérias de construção nacionais.
Branca do Espírito Santo afirmou mercado deixou de ser dinâmico, numa altura em que falta crédito para a promoção imobiliária e habitação e um quadro legal que potencie o surgimento de um mercado de arrendamento atractivo para os investidores.
A ministra aconselhou os agentes imobiliários a trabalharem em união e maior participação de todos os associados, no mercado imobiliário, ao invés de optarem pelo individualismo. “É um acto de coragem e dignidade humana o papel, que assumem os dirigentes associativos, que pelo seu trabalho voluntário contribui para manter vivos estes espaços de solidariedade profissional e social”, frisou.
O ministro da Construção, Artur Fortunato, falou numa nova visão de desenvolvimento urbano, que permite um menor investimento do Estado, ao mesmo tempo que alavanca e potencia o sector privado e garante também o retorno do valor aplicado, disse, no acto de consignação.