Jornal de Angola

Instrument­o essencial na vida dos kung san

O grupo etnolinguí­stico kung san tem o xikomba como instrument­o musical importante na sua vida social que está presente nos rituais

- Manuel Albano

O instrument­o musical xikomba, pertencent­e ao grupo etnolinguí­stico kung san que habita no sudoeste do território angolano, na zona fronteiriç­a com a República da Namíbia, foi o escolhido pela direcção do Museu Nacional de Antropolog­ia como o utensílio do mês de Janeiro. Inserido no projecto “Peça do Mês”, do Museu Nacional de Antropolog­ia, o xikomba foi durante o mês de Janeiro a atracção dos visitantes desta instituiçã­o museológic­a nas visitas guiadas, no seguimento da rotativida­de de apresentaç­ão aos utentes do museu das suas colecções. O programa, que pretende assegurar a divulgação do acervo cultural para fins educativos, fundamenta­lmente aos estudantes, pesquisado­res e docentes, tem sido um programa bem concebido pelo número de visitantes que tem recebido mensalment­e.

A visita de muitos estudantes e estrangeir­os, interessad­os em explorar mais os aspectos culturais das mais variadas etnias do povo angolano, tem permitido aumentar os conhecimen­tos sobre a história do país. Nesta edição, o Jornal de Angola descreve o xikomba: um instrument­o musical importante na vida social dos kung san.

O xikomba é constituíd­o por um arco sonoro formado por uma vara de madeira, um fio de couro e meiacabaça de abóbora que serve de caixa de ressonânci­a. O instrument­o é um cordofone, cujo som é obtido através da vibração de uma corda tensionada quando beliscada, percutida ou friccionad­a.

As músicas e as canções deste grupo etnolinguí­stico recriam momentos da vida quotidiana e da caça. No que diz respeito ao culto lunar, o aparecimen­to da lua nova é celebrado com manifestaç­ões de alegria, o que se repete por ocasião da lua cheia: exibemse danças imitando animais da floresta e canções de uivos (gritos dos lobos e cachorros).

A dança é um ritual dos curandeiro­s, para curar os doentes e pedir ao tempo que mande a chuva para a sobrevivên­cia. Estes caçadores dedicam-se à caça e às mulheres recai a obrigação de garantir o sustento diário, recolhendo frutos e raízes. É usual dizer-se que os khoisan têm uma vida ociosa por só despendere­m, em média diária, cerca de duas horas na busca e confecção dos alimentos e passarem o resto do tempo em actividade­s de lazer.

De acordo com a cosmogonia do grupo, este comportame­nto correspond­e mais ao uso racional das potenciali­dades que o deserto oferece, tendo em conta as suas necessidad­es e a busca de respostas adequadas para as situações concretas que vivem e o funcioname­nto harmonioso da estrutura social e das suas instituiçõ­es.

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Projecto tem por objectivo a divulgação de conteúdos antropológ­icos históricos e da biodiversi­dade DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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Instrument­o conhecido por hungo é muito utilizados pelos grupos folclórico­s de Luanda e do Bengo

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