Encontradas mais provas dos planos terroristas
A polícia catalã (Espanha) encontrou um cinturão de explosivos durante os trabalhos de limpeza na casa de Alcanar onde a célula jihadista que perpetrou os atentados de Barcelona e Cambrils tinha a sua base. A célula terrorista planeava “um atentado mais importante” do que o realizado.
A polícia catalã encontrou um cinturão de explosivos durante os trabalhos de limpeza dos escombros em curso na casa de Alcanar onde a célula jihadista que perpetrou os atentados de Barcelona e Cambrils tinha a sua base.
O achado foi confirmado ontem à agência de notícias espanhola Efe pelos Mossos d'Esquadra, embora tenham sublinhado que estão agora a analisar se o cinturão é falso, como os utilizados pelos terroristas abatidos em Cambrils (Tarragona) e pelo autor material dos atropelamentos em Barcelona, Younes Abouyaaqoub.
Os trabalhos de retirada dos escombros da área da casa - situada 200 quilómetros a sul de Barcelona, onde ocorreu uma explosão na véspera do primeiro atentado,em 16 de Agosto, quando alguns dos elementos da célula jihadista tentavam produzir bombas -, estão a ser feitos de forma muito meticulosa, pelo que podem durar semanas.
Além do cinturão de explosivos, tal como figura no auto do magistrado da Audiência Nacional Fernando Andreu, foram encontrados entre os restos calcinados da casa um livro verde com o nome do imã de Ripoll, Abdelbaki Es Satty, dentro do qual havia uma nota manuscrita em árabe dirigida aos soldados do grupo extremista Estado Islâmico - que reivindicou os dois atentados cometidos na semana passada na Catalunha -, a sua carteira e vários bilhetes de avião em seu nome com destino a Bruxelas.
Entre o material explosivo inventariado, contam-se 120 botijas de gás butano e 500 litros de acetona, água oxigenada e bicarbonato (adquiridos a 1 e 2 de Agosto), bem como uma grande quantidade de pregos e detonadores - os meios necessários, segundo a polícia, para fabricar “peróxido de acetona”, ou TATP, em inglês um acrónimo para “triperóxido de triacetona”, baptizado como “mãe de Satanás” pelos grupos radicais.
A célula terrorista de 12 elementos - oito dos quais foram mortos - preparava “um atentado mais importante” que os de Barcelona e Cambrils, estância balnear a sudoeste da capital catalã, que tinha como alvo “monumentos” e feito “com a ajuda de bombas”.
Isto mesmo foi reconhecido na terça-feira por um dos quatro membros da célula 'jihadista' que foram capturados com vida, Mohamed Houli Chemlal, um cidadão espanhol de 21 anos, nascido no enclave norteafricano de Melilla, sob administração espanhola, perante o juiz madrileno que conduz o inquérito sobre os atentados, que fizeram 15 mortos e mais de 120 feridos.
Perante o juiz, Chemlal - que sobreviveu em Alcanar porque se encontrava no exterior da casa, no alpendre - tentou rejeitar qualquer responsabilidade nos ataques e atribuí-la inteiramente ao imã marroquino morto nessa explosão.
A sua prisão preventiva sem fiança e a de outro dos suspeitos, Driss Oukabir, de 27 anos, encerram o primeiro capítulo do inquérito.