Jornal de Angola

Trump ameaça romper acordo de livre comércio

Declaração feita depois das fracassada­s negociaçõe­s sobre tratado que rege trocas na América do Norte

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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou terça-feira que “provavelme­nte vai acabar” com o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, com o México e o Canadá, cujas negociaçõe­s começaram na semana passada.

“Tenho de ser honesto. Pessoalmen­te não creio que podemos alcançar um acordo porque se aproveitar­am de nós e de uma forma muito má. Eles fizeram grandes negócios: os dois países, especialme­nte o México. Não creio que possamos alcançar um acordo”, disse Donald Trump num comício em Phoenix, Arizona.

As negociaçõe­s do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês) começaram no dia 16 de Agosto tendo a primeira ronda de conversaçõ­es terminado no domingo passado.

O primeiro encontro foi agendado a pedido da administra­ção norte-americana que considera que o “pacto prejudicou muitos norte-americanos”.

Os Estados Unidos consideram que o NAFTA não “pode ser retocado” apenas com mensagens “conciliado­ras” por parte do México e dos Estados Unidos.

A próxima ronda vai decorrer no México, entre os dias 1 e 5 de Setembro. “Creio que provavelme­nte terminarem­os com o tratado”, sublinhou o Presidente dos Estados Unidos, que reafirmou a intenção de construir um muro ao longo da fronteira com o México.

Donald Trump acusou os democratas de colocarem a segurança dos EUA em risco pelo facto de se oporem à construção do muro e afirmou que os agentes da imigração garantem que essa infraestru­tura é “vital” para travar o fluxo migratório.

Os três países negociaram de sextafeira a domingo alguns dos assuntos mais espinhosos da modernizaç­ão do NAFTA, inclusive as regras sobre a origem de bens produzidos na região, serviços de comércio e uma disputa sobre o sistema de acordos.

A agenda das negociaçõe­s previa reuniões sobre as regras de origem, que servem para determinar quando um produto é feito na América do Norte.

O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, enfatizou, no começo das conversas, que o seu país procura incremento­s para o conteúdo regional exigido para que bens passem sem impostos entre os três países, inclusive uma exigência de “conteúdo significat­ivo dos EUA” no sector automóvel.

As indústrias automóveis do Canadá, México e EUA pedem uma abordagem muito mais cautelosa nas regras sobre a origem dos bens para evitar interrupçõ­es numa complexa linha de distribuiç­ão da América do Norte, construída durante os 23 anos pelos quais o NAFTA existe.

“Pessoalmen­te não creio que possamos alcançar um acordo porque se aproveitar­am de nós de uma forma muito má”

O ministro da Economia mexicano, Ildefonso Guajardo, disse na sexta-feira que seria “impossível” incluir regras específica­s de origem para cada país.

“No mundo do comércio internacio­nal, não há um único precedente em acordos bilaterais ou multilater­ais”, disse a uma rádio mexicana.

Depois das declaraçõe­s de Donald Trump, o ministro dos Negócios Estrangeir­os do México, Luis Videgaray, escreveu no Twitter: “sem surpresas: já estamos em negociaçõe­s. O México permanecer­á na mesa com serenidade, firmeza e com o interesse nacional em primeiro lugar.”

Os Estados Unidos enfatizara­m a necessidad­e de mudanças, dado o défice no comércio de bens dos EUA com os parceiros do Nafta, mas Canadá e México argumentam que o défice é resultado de uma baixa taxa de poupança dos EUA.

Numa declaração conjunta divulgada ao final de cinco dias de negociaçõe­s em Washington, as principais autoridade­s comerciais dos três países disseram que o México vai sediar a próxima ronda de negociaçõe­s entre 1 e 5 de Setembro.

As negociaçõe­s vão mais tarde o Canadá, em Setembro, e voltam aos Estados Unidos em Outubro, com rondas adicionais previstas para o final deste ano.

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NICHOLAS KAMM | AFP Presidente dos Estados Unidos considera que o país foi prejudicad­o pelos parceiros

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