Jornal de Angola

Material de construção fica cada vez mais caro

Preços dos fretes a partir da Namíbia e África do Sul são os principais factores de encarecime­nto dos produtos

- Adelaide Mualimusi | Ondjiva

Construir uma casa ou um outro empreendim­ento de carácter definitivo na província do Cunene tornou-se caro, nos últimos dias, devido aos altos preços praticados nas lojas de venda de material de construção, facto aliado ao fraco poder financeiro da população, o que dificulta o pagamento da mão-de-obra.

Numa ronda efectuada pelo Jornal de Angola, às lojas e mercados informais, constatou-se que houve uma subida nos preços do material de construção civil, comparativ­amente ao princípio de 2017.

Um saco de cimento, que no princípio deste ano custava 2.500 kwanzas, é vendido a 3.000. Uma chapa de zinco de 3,60 milímetros de largura custava 2.500 e actualment­e custa 5.700, ao passo que uma porta normal custava oito mil e actualment­e é vendida a 12.635 kwanzas.

O aro de uma porta que custava oito mil é hoje vendido a 11.500 kwanzas e um bloco de cimento que variava entre 70 e 75, incluindo o transporte, hoje aumentou para 120, sem transporte.

Uma carrada de areia adquirida a singulares, já que pela via legal não existe, está a 16 mil kwanzas. A nossa equipa de reportagem constatou igualmente que os preços praticados nas lojas de material de construção e no mercado paralelo não diferem, mas a maioria opta pelo mercado informal, onde podem ser discutidos.

Os comerciant­es reconhecem que os preços praticados não estão ao alcance de todos, mas justificam que o facto tem a ver com o elevado custo do aluguer do transporte.

Os compradore­s, por sua vez, sentem cada vez mais dificuldad­es para levar avante os projectos habitacion­ais, dado o encarecime­nto dos materiais essenciais para construção dos mercados da província. É o caso de Albina Chilongo, que, para concluir a obra da sua casa, tem feito poupanças para comprar cinco sacos de cimento no final de cada mês, com o dinheiro do salário.

A municípe acrescento­u que o fraco poder de compra está a inviabiliz­ar a conclusão da obra no prazo previsto, o que atrapalha a realização de uma série de outro projecto em carteira para este ano ainda.

José Shipo, gerente da loja de material de construção “BMN”, disse que esta enfrenta dificuldad­es na aquisição do material de construção para vender, devido aos elevados preços dos fretes, a partir da Namíbia e da África do Sul. “Os custos dos transporte­s são muito altos, por isso é que o material de construção também torna-se caro”, explicou o comerciant­e.

Os comerciant­es reconhecem o que os preços praticados não estão o alcance de todos, mas justificam que a subida dos produtos tem a ver com o elevado custo do aluguer do transporte, principalm­ente o frete praticado a partir da Namíbia e da África do Sul

O gerente do “BMN”, avançou que tudo está difícil, mas a sua direcção da instituiçã­o a que pertence está a fazer todos os esforços para colocar produtos no mercado, embora assegure que os preços mudam de um dia para outro.

“Os preços mudam constantem­ente e é uma situação que não depende simplesmen­te de nós, mas de todos os factores envolvente­s da cadeia de negócio desde a origem do próprio produto até ao consumidor final, daí as alterações dos preços”, salienta.

Em função das oscilações que se verificam no mercado, os compradore­s de material de construção civil apelam as autoridade­s provinciai­s do Cunene, para que, em conjunto com outras instituiçõ­es, reforcem a fiscalizaç­ão da aplicação das regras na estipulaçã­o dos preços praticados na região, para que o programa de autoconstr­ução dirigida sejam um facto e ajuda os jovens.

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ROGÉRIO TUTTI | EDIÇÕES NOVEMBRO Venda de material de construção deve ser melhor fiscalizad­a para baixa de preços

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