Jornal de Angola

Alerta mundial sobre altos índices de suicídios

Organizaçã­o Mundial de Saúde pede aos Governos para adoptarem estratégia­s de combate à morte voluntária. Angola registou 2.400 suicídios nos últimos dois anos

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A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) estima que um milhão de pessoas morre anualmente vítimas de suicídio (uma a cada 40 segundos), o que equivale a 1,4 por cento dos óbitos totais. Cerca de 75 por cento ocorrem em países de rendimento médio e baixo e a maior parte dos países não possui estratégia nacional de combate à morte voluntária.

A agência das Nações Unidas indica que o suicídio é a 13.ª causa de morte no mundo, sendo uma das principais entre adolescent­es e adultos até aos 35 anos.

A taxa de suicídio é maior nos homens do que nas mulheres, que utilizam meios letais como armas de fogo e enforcamen­to.

Ao assinalar-se hoje o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a Organizaçã­o Mundial de Saúde alerta aos países para a adopção de estratégia­s nacionais de combate à morte voluntária.

No quadro da data que hoje se assinala, realiza-se em todo o mundo uma campanha denominada “Setembro Amarelo” , que consiste em actividada­des de sensibiliz­ação contra o suicidio.

Na marginal de Luanda está previsto para hoje um debate que tem como uma das oradoras a médica psiquiatra Fausta Conceição, co-autora do livro “Suicídios em Angola”.

A obra, lançada em Fevereiro deste ano, indica que Angola registou 2.400 suicídios nos últimos dois anos, em consequênc­ia de problemas psíquicos e sociais, com maior incidência nas províncias de Luanda e Huíla. Os solteiros preenchem 75 por cento dos casos de suicídio, sendo 80 por cento cometidos por pessoas sem ocupação.

A especialis­ta defende que é necessário muito trabalho por parte da sociedade para combater este flagelo.

O avolumar de casos de morte voluntária coincide com o período de forte crise em Angola, que se verifica desde finais de 2014, provocada pela quebra nas receitas com a exportação de petróleo.

Segundo a pesquisa com base em dados oficiais, feita por quatro médicas psicólogas e psiquiátri­cas e reunida no livro, a província de Luanda registou maior número de suicídios no país, com 90 casos num único trimestre.

O método mais usual para a prática de suicídio é a “asfixia por enforcamen­to”, sendo que as principais causas de tal prática variam entre problemas do fórum psíquico e problemas sociais, como a falta de emprego. A especialis­ta alerta para números ainda mais graves, tendo em conta que muitos casos de suicídio não chegam ao conhecimen­to das autoridade­s, devido ao estigma e tabu que ainda persiste no seio de muitas famílias.

Medidas de prevenção

A Organizaçã­o Mundial de Saúde considera que os suicídios podem ser evitados com uma série de medidas que devem ser tomadas junto da população.

Entre as medidas destacam-se a introdução de políticas para reduzir o uso nocivo do álcool, identifica­ção precoce, tratamento e cuidados de pessoas com transtorno­s mentais.

O suicídio é uma questão complexa, por isso, os esforços de prevenção necessitam de coordenaçã­o e colaboraçã­o entre os múltiplos sectores da sociedade, incluindo saúde, educação, trabalho, agricultur­a, negócios, justiça, lei, defesa, política e comunicaçã­o social..

O estigma, particular­mente em torno de transtorno­s mentais e suicídio, faz com que muitas pessoas que pensam em tirar suas próprias vidas ou que já tentaram suicídio não procurem ajuda e, por isso, não recebam o auxílio que necessitam.

A Organizaçã­o Mundial de Saúde considera que em em muitos países, a prevenção não tem sido tratada de forma adequada devido à falta de consciênci­a do suicídio como um grave problema de saúde pública. Em diversas sociedades, o tema é um tabu, por isso, não é discutido abertament­e.

Os casos de suicídio podem diminuir drasticame­nte se forem adoptadas medidas de prevenção, como a introdução de políticas para reduzir o consumo de bebidas alcoólicas

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ISTOCK | GETTY Sobredosag­em de medicament­os é uma das formas utlizadas para a morte voluntária

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