CEDEAO apoia diálogo para reformas políticas
Oposição ameaça com novas manifestações após uma mobilização popular massiva na semana passada
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEA) vai envolver-se no processo de resolução da crise togolesa com vista a um desfecho favorável da questão das reformas políticas exigidas pelos partidos da oposição, anunciou o presidente da comissão da referida instituição.
Alain de Souza, que visitou na quartafeira última Lomé, disse notar “uma vontade de diálogo”, convidando assim o Governo e a oposição à “calma e à não-violência para garantir a estabilidade política, económica e social do país.”
No seu entender, o Togo atravessa uma crise de confiança entre os protagonistas políticos, exortando-os a apostarem no diálogo e a fazerem concessões para que as reformas e a alternância sejam feitas em paz.
Alain de Souza instou os partidos políticos da oposição e a maioria presidencial a juntarem-se no Parlamento e “trabalharem rapidamente em paz.”
“Se há diligências a fazer, estaremos ainda presentes”, garantiu depois de sublinhar que a comunidade internacional não pode ficar de braços cruzados, nomeadamente a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), cujo presidente da conferência dos Chefes de Estado é o Presidente togolês, Faure Essozimna Gnassingbé.
Os partidos da oposição togolesa anularam na sexta-feira uma reunião de carácter informativo, em Lomé, com vista a permitir uma “maior mobilização da população” nas manifestações programadas para a próxima semana, noticiou a AFP.
Num comunicado divulgado na quinta-feira, os opositores acusam o Governo de “fechar-se numa teimosia e numa diversão como é de hábito”, após os debates na Assembleia Nacional no início da semana.
Esta coligação de 14 partidos da oposição exige a implementação de reformas e a saída do Presidente Faure Gnassingbé, após uma mobilização popular massiva em todo o país na semana passada.
Ainda na semana passada, o Governo tentou apaziguar a tensão, ao propor um projecto de lei à Assembleia Nacional, limitando os mandatos presidenciais a um escrutínio a duas voltas.
Todavia, este projecto de reforma não é retroactivo, permitindo a Faure Gnassingbé, no poder desde 2005, após ter substituído o seu pai, o general Gnassingbé Eyadéma, que governou durante 38 anos, concorrer nas próximas duas eleições.
Jean-Pierre Fabre, o chefe de fila da oposição, denunciou o projecto de reforma constitucional do Governo e pediu uma “remobilização.”
O Governo, por seu turno, apelou os togoleses à “calma e à moderação”, durante uma conferência de imprensa realizada na quarta-feira onde condenou a “escalada de violência física e verbal em jeito de insurreição.”
Presidente da comissão da CEDEAO exortou o Governo e a oposição togolesa a iniciarem um diálogo para superar a crise
O projecto de reforma constitucional exigido pelos partidos da oposição sobre a limitação dos mandatos presidenciais começa a ser analisado em breve, anunciou na quarta-feira, o presidente da Assembleia Nacional togolesa, Dama Dramani, que evocou um caso de “força maior” e de patriotismo.
Vários líderes da oposição afirmam já não acreditar no diálogo após mais de dez anos de espera e apelam a novas manifestações populares para 20 e 21 de Setembro.
Manifestações massivas ocorreram em Lomé e nas províncias a 6 e 7 de Setembro, convocadas por uma coligação de 14 partidos, para solicitar a implementação de reformas e a saída do Presidente Faure Gnassingbé.
As forças da ordem mobilizaram centenas de efetivos para garantir a tranquilidade e evitar danos contra as infra-estruturas estatais e privadas.
A Polícia togolesa promete proteger as vidas e bens das populações ao mesmo tempo que apela os cidadãos a evitarem concentrações e actos que ameaçem a paz e traquilidades públicas. A crise política ameaça não apenas o Togo, mas outros países da região da CEDEAO.