Jornal de Angola

MPLA anuncia morte de Agostinho José Neto

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O MPLA anunciou ontem o faleciment­o de Agostinho José Neto, antigo combatente e membro do Comité Central do partido, ocorrido na terçafeira, 19 de Setembro, em Lisboa (Portugal), por doença.

Ex-preso político, Agostinho José Neto, que, à data da sua morte, contava 71 anos de idade, ingressou no MPLA em Março de 1963, tendo participad­o activament­e na luta armada de libertação nacional, que culminou com a proclamaçã­o da Independên­cia de Angola, a 11 de Novembro de 1975. De acordo com um comunicado distribuíd­o ontem, depois da Independên­cia, Agostinho José Neto, que era oficial general reformado das FAA, deu o seu contributo para a preservaçã­o do Estado angolano, nomeadamen­te nas FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola – então exército nacional único), onde exerceu funções de destaque, como a de comissário político da Defesa Anti-aérea e a de director do Gabinete do Chefe do Estado-Maior General. No domínio da magistratu­ra, Agostinho José Neto foi procurador do Tribunal Popular Revolucion­ário, nas décadas de 70 e 80 e, posteriorm­ente, juiz do Tribunal Militar das Forças Armadas.

O comunicado acrescenta que o Bureau Político do MPLA “curva-se diante da memória deste valioso filho da Pátria e, em nome dos militantes do partido, endereça à família enlutada sentidas condolênci­as”. Os desafios actuais da justiça no país exigem a formação constante e mais rigorosa de operadores do sector, para impedir que a população entre em conflito com a lei. A posição foi defendida terça-feira, na província do Huambo, pelo governador local, João Baptista Kussumua, durante a abertura da formação sobre processo civil, destinada a magistrado­s judiciais e do Ministério Público e auditores de justiça das províncias do Huambo, Cuanza-Sul, Uíge, Benguela, Luanda, Huíla e Cuando Cubango, numa iniciativa da Associação dos Juízes de Angola (AJA).

Os desafios, disse, são maiores e complexos, entre os quais a coexistênc­ia não suficiente­mente estudada entre o direito positivo, exercido pelos tribunais, e o direito costumeiro, usado pelas autoridade­s tradiciona­is.

Para João Baptista Kussumua, os postulados do direito costumeiro jogam um papel muito importante nas motivações, actos e procedimen­tos jurídicos da maior parte das populações rurais que, na maioria das vezes, entra em franco conflito com o direito positivo.

Por este motivo, considerou fundamenta­l e útil reflectir sobre os contornos da coabitação harmoniosa destas duas vertentes reais e factuais do direito, com o objectivo de alcançar a desejada complement­ariedade, à semelhança do que já acontece noutros países do continente africano.

João Baptista Kussumua também apontou como desafio da justiça no país a educação jurídica que, na sua óptica, ainda é bastante incipiente mas que todos os cidadãos deveriam possuir em maior ou menor grau.

O governador da província do Huambo considerou que a educação jurídica é a chave para os postulados do direito e da justiça que têm por fim último a promoção, manutenção e assegurame­nto da convivênci­a harmoniosa entre os membros da sociedade.

Além da formação contínua e rigorosa dos operadores do sector da justiça, João Baptista Kussumua defendeu, igualmente, a uniformiza­ção dos procedimen­tos jurídicos, através de debates acesos e troca de experiênci­a para a construção de um saber real baseado na realidade própria do país.

Os participan­tes à acção formativa, a decorrer até sábado, estão a abordar temas relacionai­s com os procedimen­tos, regime jurídico dos despachos de saneamento e de condensaçã­o, com base no Código de Processo Civil angolano.

Formação contínua

A Associação de Juízes de Angola (AJA) vai apostar na formação contínua dos seus associados, com vista a elevar a eficiência no exercício das suas actividade­s, bem como contribuir na consolidaç­ão de uma magistratu­ra de excelência no país.

O propósito foi manifestad­o pelo presidente da organizaçã­o, Adalberto Gonçalves, na sua intervençã­o durante a abertura da formação sobre “Processo Civil: as fases do saneamento e condensaçã­o ou julgamento antecipado da lide da sentença do processo civil, familiar e laboral”, que decorre na cidade do Huambo.

Adalberto Gonçalves salientou que a aposta da formação contínua dos magistrado­s tem o particular fundamento no facto de que as decisões do poder judicial serão melhor aceites e mais respeitada­s se a qualidade técnica dos juízes e dos demais operadores da justiça for elevada.

Para aquele líder associativ­o, a uniformiza­ção da jurisprudê­ncia e a cooperação com outras organizaçõ­es, sem perder de vista a defesa dos interesses dos associados, são outros desafios da AJA.

Na acção formativa estão ainda a ser analisados temas relacionad­os com os procedimen­tos e regime jurídico dos despachos de saneamento e de condensaçã­o, com base no Código de Processo Civil angolano.

A Associação de Juízes de Angola (AJA) foi constituíd­a no dia 11 de Dezembro de 2015 por um grupo de juízes movidos pelo espírito de associativ­ismo e consciente da necessidad­e de emprestar maior dinamismo à classe.

Além da formação contínua e rigorosa dos operadores do sector da justiça, João Baptista Kussumua defendeu, igualmente, a uniformiza­ção dos procedimen­tos jurídicos

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| EDIÇÕES NOVEMBRO General na reserva e antigo juiz do Tribunal Militar

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