O número de visitantes aumentou no mês do guia imortal
Espaço recebe 27 mil visitantes por ano, na sua maioria estudantes. A administração vê uma oportunidade para estudiosos fazerem pesquisas sobre os discursos políticos do primeiro Presidente da República
A voz estridente de uma jovem corpulenta impera sobre as mais de vinte crianças de um jardim de infância, para se manterem organizadas. A mulher tem uma tissagem que escorre sobre o ombro esquerdo. O gracejo e os pulos dos catraios enervam a educadora. Vê-se uma fila serpenteada e atabalhoada. Estão todos vestidos de, pelo menos, uma peça vermelha no corpo. É o momento de atravessar a avenida para desfiles, no Memorial Dr. Agostinho Neto. O asfalto está entre o jardim frontal e o edifício. Não há tráfego no interior. Os pequenos desatam como ovelhas desamparadas. Uns correm, outros param. A maioria faz barulho.
Mais uma vez Ana Bela vê-se impotente. Uma mudança de plano: chamada de atenção individual. “Neide, Carlos, Arlete… parem...”, surte, desta vez, o efeito desejado. A voz de Ana Bela parece arquejante. Não tarda, clama pelo apoio da colega que, em vários trejeitos, vai amparando as mais traquinas. Todos sentados nos degraus. Finalmente, a situação parece controlada, pelo menos, naquele instante.
O vai e vem de visitantes cresce. Várias carrinhas e autocarros estacionam rente ao passeio do edifício para deixar as crianças e os acompanhantes. Este cenário é cíclico. Vários grupos visitam o imponente memorial. Vêm de todos os pontos de Luanda. O mês de Setembro é o mais concorrido.
As nuvens carregadas com grandes quantidades de água em suspensão intimidam o sol. A época já é propícia para as chuvas. Por enquanto, nada cai do céu. O jardim, coberto de coqueiros, tem um elefante em pedra cinza que prostra em sinal de respeito. Relva aparada. O mausoléu está a receber pequenas obras de manutenção. As bancadas recebem nova tonalidade, assim como o piso de betão à entrada. O espaço está a ser preparado para a tomada de posse do novo Presidente de República. Mário Vidinha é o director pedagógico do Colégio Quatro Irmãs Farmhouse. Ele e mais quatro professores organizam a formatura dos alunos do ensino primário. Aguarda a luz verde de uma funcionária de traje social escuro. Vidinha desdobra-se de um lado para o outro com ares de boa disposição. Quer que os alunos fiquem organizados para, lá dentro, o grupo não estar descompassado.
Samuel Pereira, Alícia Roberto e Jaqueline Pinto têm dez anos e frequentam a quinta classe no colégio. Estão ansiosos. O que querem saber? “Queremos saber tudo sobre Agostinho Neto e desvendar o que está dentro daquele memorial. Queremos saber mais sobre a família de Agostinho Neto”, diz Jaqueline.
É a primeira vez que os três visitam o mausoléu. Estão vestidos de calções amarelos e uma camisola azul com gola amarela. Alícia tem informações oportunas que lhe foram ensinadas pelo professor antes da visita. Sabe de cor que o memorial foi construído em memória do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto.
Enquanto elas conversam com o repórter, Vidinha solta o seu sentido de humor para os alunos lembrarem as explicações dadas antes da visita. Sussurra nos ouvidos dos meninos.
Jaqueline tem vestes diferentes dos demais. Veste um vestido preto pintalgado. Olha o professor ao lado antes de responder. Em número reduzido de palavras, diz-se ansiosa para ver os objectos do primeiro Presidente de Angola.
O grupo recebe luz verde para iniciar a visita. O grupo de crianças do jardim de infância já está no interior.
Ao todo, são 92 alunos deste colégio que visitam o espaço. Samuel é o primeiro da linha. A fila está desalinhada. A atenção dos meninos está apenas virada para a visita. O piso de betão recebe uma tinta cinza ainda fresca.
Mário Vidinha diz que as visitas ajudam os alunos a perceberem melhor a matéria dada pelos professores, por isso os alunos do seu colégio, sobretudo nas datas comemorativas, organizam actividades extra-escolares.
O lugar é aconchegante. Observa-se no interior vários grupos de crianças acompanhadas pelos professores, mas atentos aos cicerones. Todos saem providos de algum conhecimento sobre a História de Angola. Cruzam-se grupos de visitantes pelos corredores e escadas. Todos falam alto. A conversa é, muitas vezes, interrompida devido ao som ensurdecedor de crianças, que depois das explicações brincam e gritam. Próprio da idade.
Perpetuar Neto
O mausoléu recebe muitos visitantes. É visível. E neste mês, a presença de visitantes é maior. Razão: é o mês dedicado ao Herói Nacional.
Rigoberto Fialho é chefe de Departamento do Sarcófago. Conhece bem os cantos do mausoléu, por isso
Este cenário é cíclico. Vários grupos visitam o imponente memorial. Vêm de todos os pontos de Luanda. O mês de Setembro é o mais concorrido