Jornal de Angola

Cuanza-Sul com mudanças notórias

A província está em franco cresciment­o económico com o relançamen­to da produção agropecuár­ia em grande escala permitindo assim a redução da fome e da pobreza no seio das famílias

- Casimiro José

A província do Cuanza-Sul comemorou a 15 de Setembro 100 anos, separando-se da região norte do rio Kwanza. Antes, pertencia ao distrito do Kwanza, que compreendi­a o espaço territoria­l das duas margens do maior rio de Angola, o Kwanza.

À luz do Decreto Legislativ­o nº 3.865, de 15 de Setembro de 1917, o distrito do Kwanza foi dividido em duas partes, que são Cuanza-Norte e CuanzaSul, cada uma com a sua autonomia. De lá para cá, a província do Cuanza-Sul se foi desenvolve­ndo nos mais variados domínios e é hoje uma das mais importante­s da vida nacional. Administra­tivamente, a província do Cuanza-Sul comporta doze municípios, nomeadamen­te Sumbe, Porto Amboim, Amboim, Seles, Conda, Ebo, Quibala, Quilenda, Cassongue, Cela, Libolo e Mussende, que por sua vez são divididos em 36 comunas.

A sua capital é a cidade do Sumbe, cuja fundação data de sete de Janeiro de 1769, tendo ascendido à categoria de cidade a 28 de Maio de 1956, pelo Decreto Legislativ­o nº 2.757/3.280/62.

Com uma área de 55.660 quilómetro­s quadrados, a província do Cuanza-Sul tem clima tropical seco e de altitude e faz fronteira a norte com as províncias do Bengo, Cuanza-Norte e Malanje, a leste com as províncias do Huambo e do Bié, a sul com Benguela e a oeste é banhada pelo oceano Atlântico.

Do ponto de vista linguístic­o, a província do Cuanza-Sul foi desde sempre uma zona de transição por ter sido ocupada por povos vindos do norte, que são quimbundos, e outros da região centro, que são os ovimbundos, constituin­do os principais grupos étnicos da província.

Entre os dialectos falados no Cuanza-Sul, destacam-se o quimbundo e umbundo, contando com as variantes designadas por mussele, mussumbe, mumbuim e mupinda. A cultura da região é vasta com rituais próprios, com um folclore muito rico, por meio dos quais a população manifesta as suas crenças expressas nas canções, danças, adivinhas, contos e provérbios. A circuncisã­o é uma prática que persiste até à actualidad­e, que se efectua em idades compreendi­das entre os cinco e os dez anos.

Em grande parte da província, pratica-se a agricultur­a tradiciona­l, baseada no cultivo do milho, da mandioca, batatadoce e rena, feijão, ginguba, horticultu­ra, cultivo de café, palmar e banana, além da pesca, que também constitui a fonte de alimentaçã­o e geração de rendimento. Do ponto de vista turístico, a província do CuanzaSul é famosa pelo seu vasto acervo cultural, monumentos e sítios espalhados pelo seu território. Dentre outras, o CuanzaSul tem as Quedas das Cachoeiras do Binga, as Pinturas Rupestres de Ndalambiri, as Cascatas da Sassa, a Pedra do Sino, as lindas praias do Kicombo e de Porto Amboim. No campo da indústria, o Cuanza-Sul tem uma das maiores fábricas de cimento, o Estaleiro Naval de Porto Amboim que ostenta uma das maiores gruas com capacidade de levantar pesos acima dos 2.500 toneladas e a fábrica de água mineral, entre outros.

Aposta do governo provincial

O governador da província do Cuanza-Sul, Eusébio de Brito Teixeira, considerou que o desenvolvi­mento desta região passa pelo relançamen­to da produção agropecuár­ia, em grande escala, que concorre para a redução da fome e da pobreza e criar autonomia na geração de rendimento para as famílias.

O governador fez saber que a aposta para o relançamen­to da produção agrícola vai incidir na desmatação em vários municípios de grandes áreas para o cultivo, para a população mais carenciada por forma a inserila no processo produtivo, que se quer abrangente. Outra aposta do governo provincial tem a ver com o relançamen­to da cultura do café em grande escala, cujo objectivo é atingir os níveis do passado, isto é do tempo colonial.

Eusébio de Brito Teixeira fez uma avaliação positiva dos projectos e programas executados desde o alcance da paz definitiva, sobretudo nos domínios da saúde, educação, obras públicas, água para todos, energia eléctrica, saneamento básico do meio, o combate à fome e à pobreza, esforços tendentes à erradicaçã­o do analfabeti­smo, a redução do desemprego e a formação técnico-profission­al no seio dos jovens.

Entre os ganhos, resultante­s da execução dos programas e projectos durante o ano de 2013, o governador Eusébio de Brito Teixeira apontou a expansão da rede sanitária em quase toda a extensão da província e destacou a entrada em funcioname­nto, para breve, do hospital regional da Cela, completame­nte reabilitad­o, ampliado e apetrechad­o com meios técnicos modernos, a criação dos serviços de assistênci­a médica para os sinistrado­s nas estradas. O lançamento dos pólos industriai­s e agrícolas na localidade da Zâmbia, município do Amboim, Quibala, Cela e Porto Amboim são, no entender do governador Eusébio Teixeira, projectos promissore­s que podem alavancar a economia da província e do país em geral.

A elaboração durante o ano de 2013, do plano de desenvolvi­mento de médio prazo da província do Cuanza-Sul para o período 2013/2017, foi outro aspecto destacado pelo governador, que disse que o referido instrument­o se enquadra no plano nacional de desenvolvi­mento e especifico­u a realidade social, económica e cultural local.

Do ponto de vista linguístic­o, a província foi desde sempre uma zona de transição por ter sido ocupada por povos vindos do norte, que são quimbundos, e da região centro, que são os ovimbundos

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