Origem do tabaco
O tabaco é um produto agrícola processado a partir das folhas de plantas do género nicotiana. É consumido como uma droga recreativa sob a forma de cigarro, charuto, cachimbo, rapé, narguilé, charro ou fumo mascado. É usado em pesticidas sob a forma de tartarato de nicotina. Também é usado para medicação.
Originária dos Andes, a planta do tabaco espalhou-se por toda a América com as migrações dos povos ameríndios. As folhas da planta eram usadas pelos nativos americanos com finalidades terapêutica, religiosa e de lazer, sob variadas formas: em pó, mascada, bebida, fumada, comida e chupada. No início do século XVI, o tabaco foi levado pelos espanhóis para a Europa, onde veio a tornar-se muito popular sob as formas mascada e de rapé.
O primeiro livro em que é relatada a forma nativa de se aspirar a fumaça proveniente de rolos de folhas de tabaco acesas é “Apologética história das Índias”, de Bartolomeu de las Casas, em 1527. Posteriormente, Gonzalo de Oviedo y Velázquez, na Historia General de las Indias, descreveu a planta e o seu uso, em 1535.
Em 1561, Jean Nicot (de onde deriva o nome nicotina), ex-embaixador francês em Portugal, aspirava-o moído (rapé) e percebeu que ele aliviava as suas enxaquecas. Desta forma, nesse ano, enviou sementes e pó de tabaco para França, para que a rainha Catarina de Médicis o experimentasse no combate às suas enxaquecas. Com o sucesso deste tratamento, o uso do rapé começou a popularizarse. O corsário inglês sir Francis Drake foi o responsável pela introdução do tabaco em Inglaterra em 1585, mas o uso de cachimbo só se generalizou no mundo graças a outro navegador inglês, sir Walter Raleigh.
Com a vinda de escravos africanos para a América e a subsequente criação das religiões afroamericanas, estas incorporaram o uso do tabaco nos seus rituais religiosos. Ao mesmo tempo, o tabaco era uma importante moeda de troca utilizada na compra de escravos no continente africano. O hábito de fumar tabaco como mera demonstração de ostentação teve origem na Espanha, por meio do charuto. Tal prática foi levada a diversos continentes e, somente por volta de 1840, começaram os relatos do uso de cigarro. Neste ponto, a finalidade terapêutica, inicialmente atribuída ao tabaco aquando da sua introdução na Europa, já havia perdido o seu lugar para o hábito de fumar por prazer.
Embora o uso do cigarro tenha tomado enormes proporções no mundo a partir da I Guerra Mundial (1914-1918), foi apenas em 1960 que foram publicados os primeiros relatos científicos que relacionavam o cigarro ao aumento da incidência de câncer, infarto e outras doenças no fumante habitual.