Madrid prepara medidas contra acções “mafiosas”
Autoridades catalãs convocaram ontem uma “greve geral” contra “brutalidade policial” do Governo de Espanha
A Vice-Presidente do Governo da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, afirmou ontem que o seu gabinete está preparado para evitar que a liberdade continue a ser “pisoteada” na Catalunha e vai encerrar o que chama de “comportamentos mafiosos.”
As declarações da Vicepresidente espanhola foram proferidas dois dias depois do referendo separatista, considerado ilegal na Catalunha, com grande tensão, e no dia em que foi realizada uma greve geral na região, com o objectivo de criticar a actuação policial.
Soraya Sáenz, em declarações aos jornalistas após participar de um acto público, disse que o Executivo está a falar com os diversos partidos sobre essas medidas.
Questionada se entre essas actuações está o artigo 155 da Constituição, que prevê que o Governo central possa intervir na região e substituir cargos públicos regionais, respondeu que trabalha “em medidas que protejam o povo da Catalunha.”
O que está a ser violado com o que considera comportamento “antidemocrático, de coacção e ameaça” do governo regional é o interesse geral dos catalães, afirmou a Vice-Presidente do Governo espanhol.
No mesmo dia, o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, convocou uma reunião de emergência para estudar medidas diante da situação de assédio que sofrem os agentes da Polícia Nacional e da Guarda Civil enviados para Catalunha, que são cerca de 12 mil.
Fontes do ministério informaram à Agência Efe que na reunião foi acordado realizar-se “todo o tipo de medidas legais para defender polícias e guardas civis.”
Os cinco sindicatos da Polícia Nacional solicitaram ao Ministério do Interior que adopte “medidas urgentes e efectivas” para garantir a segurança dos agentes enviados para Catalunha diante dos “ataques, assédio e perseguição” que estão a viver na comunidade.
Praticamente, todas as escolas catalãs estiveram fechadas ontem, além de serviços de saúde e portos. Os transportes funcionaram parcialmente.
Manifestantes na Catalunha foram ontem às ruas numa greve geral convocada por representantes independentistas e respaldada pelos principais sindicatos da região. Um total de 59 manifestações fechou o tráfego em várias vias da Catalunha, provocando retenções, em alguns casos, de mais de 10 quilómetros, segundo o Serviço Catalão de Transporte. Manifestantes também se concentraram na frente da sede de Barcelona do PP, partido de Mariano Rajoy.
O impacto da paralisação está a ser menor na indústria, segundo a Agência Efe.
A empresa automobilística Seat manteve as portas abertas ontem.
Em dia de greve geral, manifestantes reuniram-se em Barcelona para protestar contra a violência policial. A convocatória foi em protesto contra a violência policial registada no domingo contra o referendo de independência, considerado ilegal pelo Governo central.
Inicialmente, a greve foi convocada para mostrar a rejeição pelas prisões e registos policiais da semana passada para evitar o referendo, mas a acção da Polícia no domingo motivou a mudança do sentido do protesto.
O centro de Barcelona foi atravessado por grupos de centenas de jovens estudantes e outros de trabalhadores catalães em greve para manifestar o seu protesto contra a violência policial "desproporcionada" de domingo.
Helicópteros da Polícia sobrevoavam o centro da cidade a observar os fluxos de estudantes, trabalhadores e turistas.
E várias ruas do centro também estavam a ser barradas ao tráfico por agentes da segurança com receio de que houvesse tensão junto às esquadras da Polícia e sedes de partidos nacionais.
O governo da Catalunha realizou no domingo um referendo separatista, declarado ilegal pelo Tribunal Constitucional.
Governo catalão diz que 2,2 milhões de pessoas participaram no referendo considerado ilegal e que a violência policial deixou mais de 800 feridos, dois dos quais em estado grave