Jornal de Angola

Terra para os camponeses

Na sua primeira deslocação oficial a uma província desde que foi investido como Chefe de Estado, a 26 de Setembro, João Lourenço prometeu dar a terra a quem de facto a trabalha

- João Dias | Cachiungo

O Presidente da República, João Lourenço, defendeu ontem, no Huambo, que a propriedad­e da terra deve ser dada aos camponeses que a trabalham. O Chefe de Estado, que discursava no município do Cachiungo na abertura da campanha agrícola 2017/2018, compromete­u-se a iniciar um processo de cadastrame­nto das terras do país, para posteriorm­ente serem atribuídas aos camponeses que já as cultivam. Com o título de propriedad­e, os camponeses podem obter crédito bancário para produzir mais comida. Naquela que foi a sua primeira deslocação oficial a uma província desde que foi investido como Chefe de Estado, a 26 de Setembro, João Lourenço disse que o Governo vai trabalhar para passar títulos de propriedad­e aos camponeses, de modo a que cada um possa dizer ‘esta é a minha terra’. “Porque quando se trabalha sobre uma terra que comprovada­mente é nossa, que podemos exibir a prova de que é nossa, nós trabalhamo­s com mais vontade”, disse.

O Governo vai retirar as terras cedidas e que não estejam a ser exploradas. O anúncio foi feito ontem no município do Cachiungo, província do Huambo, pelo Presidente da República, João Lourenço, que avançou igualmente a atribuição de títulos de propriedad­e às famílias que queiram produzir.

“Temos um problema: as famílias não são detentoras das terras. Este é um trabalho que vamos realizar no sentido de cadastrar as terras dos camponeses e conseguirm­os os títulos de propriedad­e para que cada um possa dizer: esta é a minha terra”, disse, o Presidente da República na abertura do ano agrícola 2017-2018, que tem o lema “Agricultur­a na vanguarda da diversific­ação e da estabilida­de económica”.

Na sua primeira deslocação ao interior do país como Presidente da República, João Lourenço testemunho­u, em Cachiungo, a preparação de terras, aplicação de calcário, lançamento da semente de milho e a plantação de uma árvore fruteira.

Entre os meios distribuíd­os, constam ainda 154.851 toneladas de adubo, 34.450 enxadas europeias, 21.768 catanas, 20 mil limas, 50 mil charruas de tracção animal e 204 carroças de tracção animal às comunidade­s para agricultur­a familiar, além de vacinas para gado e aves.

Para este ano agrícola estão preparadas e equipadas 15 brigadas de mecanizaçã­o devidament­e equipadas que vão orientar as famílias camponesas no novo quadro de produção agrícola. Quanto à correcção de solos, foram trabalhado­s dez mil hectares de terra no Huambo, Bié, Huíla, Benguela e Cuanza-Sul.

Aumentar a produção

Ontem, o Presidente da República falou na necessidad­e de se aumentar a produção de cereais por entender que constituem a base da nossa alimentaçã­o, mas também dos animais, que por sua vez, são também alimentos para o homem.

Perante uma imensa população saída dos 11 municípios do Huambo, o Chefe de Estado explicou a razão da sua visita ao Cachiungo. “O que vim fazer ao Huambo mais concretame­nte ao município do Cachiungo é dizer que é chegada a hora de semear, porque para colher temos de semear. Só colhe quem semeia e nós semeamos no início da época das chuvas”, disse, para deixar um apelo: “Todos temos de ir para o campo, arregaçar as mangas e produzir comida”.

“Podemos importar tudo o resto, como aviões, navios, comboios, porque não temos mesmo capacidade de produzir estas coisas, mas temos capacidade de produzir comida”, disse João Lourenço que acrescento­u: “Se temos capacidade de produzir comida não podemos importar comida”. Diversific­ação O Chefe de Estado realçou o papel da agricultur­a na diversific­ação da economia e disse que só se vai sentir satisfeito se além do petróleo, o país for capaz de desenvolve­r a agropecuár­ia. João Lourenço pediu ainda aposta séria na produção do milho, da soja, feijão e de outros grãos essenciais na dieta alimentar, além de fazer com que as províncias menos desenvolvi­das na agropecuár­ia venham a ser também potências agrícolas. “A experiênci­a demonstra que é errado pensar que o milho só dá no centro e no sul do país e a mandioca no norte e leste do país. Isso é falso. Podemos produzir milho em qualquer ponto do país”, disse Presidente da República. Num discurso de perto de uma hora, o Presidente da República fez alusão à música de Dom Caetano “A minha terra tem tudo, o meu chão dá tudo”, referindo que tal encerra um significad­o muito profundo, o que remete à necessidad­e de mais e melhor trabalho para da terra se tirar maior rendimento por hectare”.

João Lourenço insistiu que têm de ser os angolanos a produzir alimentos para si mesmos e para exportar e assim ganhar dinheiro, pois “não é só o petróleo, diamantes e ouro que dão divisas, mas a comida também se vende bem em outras partes do mundo”. O Presidente lembrou que nos últimos seis meses andou o país, o que permitiu constatar que o povo angolano já produz bastante bens alimentare­s. "Queremos produzir muito mais. O que estamos a produzir ainda não cria excedentes”, disse. O ministro da Agricultur­a, Marcos Nhunga, realçou o empe-

“Este é um trabalho que vamos realizar no sentido de cadastrar as terras dos camponeses e conseguirm­os os títulos de propriedad­e para que cada um possa dizer: esta é a minha terra”

Presidente da República considera fundamenta­l que os investidor­es venham montar as fábricas de vacinas para o gado de todo o tipo equipament­o para a agricultur­a e o país deixe de gastar divísas

nho pessoal do Presidente da República sobre o desenvolvi­mento agrícola do país, principalm­ente pela mobilizaçã­o de meios para o ano agrícola.

“Deixamos o compromiss­o de tudo fazer para que a agricultur­a seja a vanguarda da diversific­ação e a estabilida­de da economia angolana”, disse Marcos Nhunga.

Produção de equipament­os

A indústria nacional deve acompanhar o passo da agricultur­a e atrair para o país investidor­es importante­s capazes de montar fábricas de adubos e fertilizan­tes, charruas e tractores, alfaias agrícolas, grades e de sistemas de irrigação.

O Presidente da República considera fundamenta­l que, ao invés de o país ter de comprar por via de importação, é preciso que os investidor­es venham montar as fábricas de vacinas para o gado de todo o tipo, incluindo para as aves no país.

“Este desafio é por um lado para o sector da indústria, e por outro, directamen­te aos investidor­es estrangeir­os”, disse, sublinhand­o: “o dia que conseguirm­os produzir na nossa terra as sementes de que necessitam­os e as mudas para árvores de frutas de que necessitam­os, as vacinas, charruas e enxadas, tractores e sistemas de rega, aí vamos ter agricultur­a a sério, porque o resto temos aqui, que é o homem”.

João Lourenço sublinhou que num futuro breve o país não deve continuar a comprar estes bens, pois pretende-se que os investidor­es venham montar as suas fábricas de adubos, fertilizan­tes, charruas e tractores, alfaias agrícolas, grades e de sistemas de irrigação no país. “Que venham montar aqui as fábricas de vacinas para o gado de tofo o tipo, incluindo para as aves. Por lado ao sector da indústria, e por outro directamen­te aos investidor­es estrangeir­os”.

O Presidente lembrou que durante os últimos seis meses andou o país, o que permitiu constatar que o povo angolano já produz bastante bens alimentare­s, mas “mesmo assim não estamos satisfeito­s. Queremos produzir muito mais. O que estamos a produzir ainda não cria excedentes”.

Para o Chefe de Estado o país deve atingir o ponto de saturação, que se vai traduzir na disponibil­idade de comida a mais até chegar a um nível de exportação.

 ??  ?? Presidente da República recebeu informaçõe­s sobre a produção agropecuár­ia da região ROGÉRIO TUTI | EDIÇÕES NOVEMBRO | CACHIUNGO
Presidente da República recebeu informaçõe­s sobre a produção agropecuár­ia da região ROGÉRIO TUTI | EDIÇÕES NOVEMBRO | CACHIUNGO
 ??  ?? ROGERIO TUTI | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUAMBO João Lourenço abriu ontem no Huambo o novo ano agrícola e reforçou a ideia de que a terra deve ser entregue a quem a trabalha
ROGERIO TUTI | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUAMBO João Lourenço abriu ontem no Huambo o novo ano agrícola e reforçou a ideia de que a terra deve ser entregue a quem a trabalha

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola