Camaroneses detidos por distúrbios
Mais de 500 pessoas foram detidas nos Camarões no início deste mês por exigirem a independência ou o federalismo nas zonas anglófonas do país, informou na sexta-feira a Amnistia Internacional (AI).
As pessoas foram detidas em dezenas de cidades do nordeste e sudoeste do país - zonas anglófonas-, quando pelo menos 20 pessoas morreram em confrontos com a polícia numa das maiores manifestações dos últimos meses. “Esta detenção em massa de manifestantes, a maioria que actuava pacificamente, não só é uma violação dos direitos humanos, senão também é provável que seja contraproducente”, disse num comunicado a investigadora da Amnistia Internacional no Lago Chade, Ilaria Allegrozzi.
Em Bamenda, capital da Região Noroeste, pelo menos 200 pessoas foram detidas e a maioria delas levadas para a prisão de Bafoussam, e em Buea, capital da Região Sudoeste. Outras 300 foram detidas nos protestos entre os dias 6 e 8, quando o Governo realizou uma detenção em massa. Testemunhas disseram à Amnistia que muitas prisões estão cheias após a onda de detenções. Alguns dos detidos foram acusados de buscar a secessão, outros de não possuir documentos de identidade e o resto de destruição de bens públicos ou não cumprimento da ordem pública.
A AI informou que ainda que alguns já tenham sido levados perante os tribunais, outros foram postos em liberdade mediante pagamento de subornos. Em lugares como Buea, os familiares disseram ter pago à polícia para a liberdade dos detidos.
O temor da detenção e o desdobramento a grande escala das forças de segurança também fizeram com que dezenas de manifestantes feridos fugissem dos hospitais onde estavam internados.
Desde Novembro, a tensão entre o Governo e os cidadãos anglófonos cresceu de forma exponencial e as forças de segurança responderam aos protestos com violência, que está a ser criticada. A Rússia afirmou na sextafeira que os investigadores da ONU não recolheram amostras na sua viagem à base aérea síria de onde teriam descolado aviões para lançar ataques de gás sarin contra Khan Sheikhun.
A equipa da JIM - a investigação conjunta feita pela ONU e pela Organização Internacional para Proibição de Armas Químicas (Opaq) - viajou para a base aérea de Shayrat antes da publicação, no final deste mês, do esperado relatório que poderá responsabilizar o governo sírio pelo ataque.
Em sessão informativa na ONU, o responsável pela área de não-proliferação de armas no Ministério russo das Relações Exteriores, Mikhail Ulyanov, relatou que quatro investigadores visitaram a base aérea, falaram com pessoal militar e verificaram os planos de voo, “mas não recolheram uma única amostra”.
“Uma investigação confiável é simplesmente impossível sem amostras”, disse Ulyanov, acrescentando que a situação é “escandalosa”.
Um porta-voz da JIM não quis comentar as declarações do representante russo. Ulyanov afirmou ainda que o ataque com gás sarin em Khan Sheikhun foi, provavelmente, causado por uma bomba que explodiu do solo e não por ataque aéreo sírio.
Durante a sua intervenção na ONU, Ulyanov mostrou fotografias de crianças com as pupilas dilatadas por exposição ao gás sarin, alegando que as vítimas teriam sido “envenenadas” com narcóticos para exaltar as emoções em relação a esse incidente químico. Os socorristas dirigiram-se rapidamente para a cidade do ataque.