FMI e Banco Mundial prevêem recuperação
Directora-geral do Fundo manifesta desejo da expansão do crescimento aos povos excluídos
A assembleia anual conjunta do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) encerra hoje em Washington, Estados Unidos, depois de discutir, desde segunda-feira, o trabalho das duas instituições ao longo do ano e questões globais como as perspectivas económicas, erradicação da pobreza e impulso ao desenvolvimento.
“Depois de anos de desempenho medíocre, a economia global deve registar um crescimento mais forte este ano, de 3,6 por cento, e esperamos que esse impulso positivo continue em 2018”, declarou a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, durante o encontro.
“Isso dá uma grande oportunidade de garantir a recuperação e expandi-la àqueles que ainda não estão a beneficiar dela e incluir aqueles que estão excluídos ou estão sob o risco de serem excluídos”, salientou a directora-geral.
Segundo Christine Lagarde, isso inclui mais de 40 países emergentes e em desenvolvimento — representando cerca de 15 por cento da população mundial que está afectada por um declínio do rendimento “per capita”.
“Também inclui muitas pessoas que enfrentam salários estagnados, limitadas oportunidades de trabalho e deslocalizações causadas pelas mudanças tecnológicas, comércio e o legado da crise financeira global”, disse.
A directora -geral do FMI anunciou previsões da consolidação do crescimento da economia mundial no próximo ano, para 3,7 por cento, mas ressalvou que a “retoma da economia não está completa”, posto que “estamos a assistir a uma recuperação mais robusta, com uma base mais ampla do que nos últimos anos”, esperando-se “um crescimento global mais elevado em 2018.”
O economista-chefe do Fundo, Maurice Obstfeld, observou terça-feira que, em grande parte, o optimismo que motivou a revisão em alta do crescimento mundial está apoiado “em perspectivas positivas das economias avançadas”, que em geral deverão crescer 2,2 por cento este ano e 2,00 no próximo.
Numa conferência de imprensa, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, não escondeu reservas, manifestando preocupações com “riscos como o aumento do proteccionismo, a incerteza política ou uma possível turbulência dos mercados financeiros que possam fazer descarrilar a frágil recuperação.”
Nessa perspectiva, a directora-geral do Fundo Monetário Internacioanl disse também esperar que o processo de saída do Reino Unido da União Europeia seja concluído com celeridade de forma a reduzir o clima de incerteza.
Outra preocupação é a crescente dúvida nas principais economias do mundo, representadas pelo G20, das nações mais industrializadas como consequência de vários anos de taxas de juros baixas que abriram a porta para uma intensa tomada de créditos.
Oportunidade de expandir a recuperação económica àqueles que ainda não estão a beneficiar e incluir aqueles que estão excluídos
Num cenário em que os mercados já indicam que esperam um endurecimento das condições monetárias nos Estados Unidos e na Europa, o elevado nível de endividamento acende as luzes de alerta, segundo a directora-geral do FMI.
Ao responder uma pergunta sobre a necessidade de aumentar os impostos sobre os mais ricos para reduzir as desigualdades, Christine Lagarde disse que a melhor maneira de o fazer é eliminar as disparidades entre os géneros.
“A melhor maneira de reduzir as desigualdades seria acabar com as disparidades entre homens e mulheres, quer que isso se trate de acesso ao mercado de trabalho ou de acesso a finanças”, disse Christine Lagarde.
Participação angolana
Angola participa na assembleia com uma delegação chefiada pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, e integrada por quadros dos ministérios das Finanças, da Economia e Planeamento, Banco Nacional de Angola (BNA), Comissão de Mercado de Capitais, Banco de Poupança e Credito (BPC) e pelo embaixador de Angola nos Estados Unidos, Agostinho Tavares.