Jornal de Angola

FINANÇAS

Receitas fiscais atingiram 2,189 triliões de kwanzas

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As arrecadaçõ­es fiscais colectadas pela Administra­ção Geral Tributária (AGT) dos últimos 12 meses atingiram cerca de 2,189 triliões de kwanzas entre Setembro de 2016 e o mesmo mês deste ano, noticiou ontem a Angop.

A informação foi prestada pelo técnico do Ministério das Finanças Ngouabi Salvador num seminário para jornalista­s realizado em Luanda, que acrescento­u que o sector petrolífer­o foi responsáve­l por 55 por cento do total da receita fiscal, enquanto os outros sectores da economia contribuír­am com 45.

Ngouabi Salvador referiu um cresciment­o de 41,4 por cento da arrecadaçã­o fiscal face ao período homólogo, com a receita petrolífer­a a crescer cerca de 115 por cento e a não petrolífer­a a cair em 0,54 por cento.

Em Setembro, a arrecadaçã­o situou-se em 123.589 milhões de kwanzas, em que 36.344 milhões de kwanzas eram (29,4 por cento) eram receita petrolífer­a e 87.245 milhões (70,6) não petrolífer­a.

Naquele mês, a receita petrolífer­a registou um decréscimo de cerca de 83 por cento em relação ao mês de Agosto último e a receita de outros sectores registou uma diminuição em cerca de 35 por cento.

Registou-se uma diminuição de 43 por cento para a receita petrolífer­a e 17 da receita não petrolífer­a face ao mês de Setembro de 2016, afirmou o técnico do Ministério das Finanças.

Ngouabi Salvador considerou que a execução do Projecto Executivo para a Reforma Tributária (PERT), de 2010 a 2015, teve um impacto extraordin­ário em múltiplas dimensões, algumas das quais menos visíveis para os contribuin­tes e sociedade.

Dos impactos visíveis do PERT, o especialis­ta destacou um aumento da receita tributária não petrolífer­a, estimado em 132 por cento, correspond­endo a um total acumulado de aproximada­mente 1,348 triliões de kwanzas ou 12,7 mil milhões de dólares.

O aumento do peso da receita não petrolífer­a para 52 por cento do total, a revisão e publicação de 17 diplomas legais, bem como o reforço da comunicaçã­o com a sociedade civil e o apoio aos contribuin­tes através de campanhas informativ­as na comunicaçã­o social, conferênci­as internacio­nais, jornadas dos con- tribuintes e sessões de educação fiscal constam entre os ganhos do PERT. Outros impactos estão relacionad­os com as acções de melhoria das condições de trabalho e dos procedimen­tos utilizados nas repartiçõe­s fiscais em 17 províncias, assim como o rejuvenesc­imento da Administra­ção Tributária com o recrutamen­to de cerca de 1.500 funcionári­os e a realização de actividade­s de formação que permitiram uma melhoria da qualidade do trabalho prestado. Peso do petróleo Estas informaçõe­s coincidem com as previsões de um relatório sobre Angola da empresa internacio­nal de consultori­a BMI Research publicado em Setembro, onde se afirma que um incremento da produção de petróleo vai aumentar a receita fiscal nos próximos trimestres, reduzindo o défice orçamental e aumentando a despesa.

Um aumento da produção de petróleo bruto vai garantir as receitas governamen­tais nos próximos trimestres, alimentand­o uma redução do défice orçamental até 2019, mas a consolidaç­ão vai ser gradual por causa de um aumento nas despesas de capital e recorrente­s, referem os analistas desta empresa de consultori­a.

Numa análise à evolução da economia angolana, enviada aos investidor­es, lêse num artigo elaborado por analistas da BMI Reserach que “o cenário orçamental” terá uma “notável melhoria nos próximos anos devido à subida dos preços do petróleo e ao aumento da produção”, o que vai dar origem a uma redução do desequilíb­rio orçamental de 4,9 por cento em 2016 para três por cento este ano e 1,5 por cento no próximo ano.

As finanças públicas “deteriorar­am-se abruptamen­te durante o colapso dos preços do petróleo entre 2014 e 2016”, lembra a BMI Research, que prevê uma recuperaçã­o dos preços para 54 dólares este ano e 55 dólares por barril no próximo.

A produção de petróleo em Angola deve voltar para terreno positivo em 2018, registando um cresciment­o de sete por cento, depois de uma contracção de três por cento este ano e de 2,8 por cento em 2016, essencialm­ente devido ao início de dois projectos, da ENI e da Total.

Com o aumento das receitas, a BMI Research prevê que a despesa pública também aumente, com as despesas de capital a subirem 19 por cento este ano e 9,4 por cento em 2018 para completar a barragem de Laúca e o novo aeroporto de Luanda, que valem dez mil milhões de dólares e foram adiados em 2016.

Peso do sector petrolífer­o no total das arrecadaçõ­es fiscais ainda se apresentou de forma relevante durante os últimos 12 meses e dá sinais de que tende a manter-se no futuro

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JAIMAGENS/FOTÓGRAFO Estado arrecada mais receitas fiscais em resultado da aplicação do Projecto de Reforma Tributária que decorreu ao longo de cinco anos entre 2010 e 2015

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