PROTESTOS
Manifestações da oposição estão proibidas no Quénia
Centenas de apoiantes da oposição começaram a manifestar-se sexta-feira nas principais cidades do Quénia, em desafio à proibição do governo, para fazer ouvir a sua voz no quadro das eleições presidenciais de 26 deste mês.
O governo queniano, para evitar constrangimentos, proibiu as manifestações nos centros de negócios das três principais cidades do país, nomeadamente Nairobi, Mombasa e Kisumu, por causa da ameaça clara, presente e iminente, de distúrbios à ordem pública.
Mas os apoiantes do líder da oposição, Raila Odinga, não hesitaram em desafiar esta medida. Em Kisumu, bastião da oposição no oeste, nas margens do Lago Victoria, onde várias pessoas foram feridas quarta-feira numa manifestação, segundo um médico local, os manifestantes bloquearam ruas e queimaram pneus.
Em Mombasa, a segunda maior aglomeração do Quénia na costa leste, a polícia dispersou com gás lacrimogéneo uma multidão que tentava ir ao centro da cidade. Estão previstas igualmente manifestações em Nairobi durante o dia de ontem.
Após várias manifestações reprimidas pelas forças da ordem nas últimas semanas, a oposição anunciou quartafeira que os protestos diários começariam na próxima semana para acentuar a pressão sobre a Comissão Eleitoral (IEBC). O ministro do Interior, Fred Matiangi, respondeu com a proibição, alegando que as manifestações precedentes degeneraram em violência contra as forças da ordem e os civis inocentes, bem como em pilhagem e destruição de propriedades.
Mas a coligação da oposição NASA apelou aos seus apoiantes para ignorar esta proibição. “Continuaremos as nossas manifestações conforme previsto em todo o país”, declarou um dos seus líderes, Moisés Wetangula.
O clima político está particularmente tenso no Quénia desde a decisão do Tribunal Supremo, a 1 de Setembro, de invalidar a reeleição do ex-Presidente Uhuru Kenyatta nas presidenciais de 8 de Agosto, face a Odinga.
O Tribunal destacou irregularidades na transmissão dos resultados para justificar esta decisão, a primeira do género em África, que viu a sua coragem ser aplaudida em todo o mundo. Odinga anunciou na terça-feira a desistência das presidenciais de 26 deste mês, argumentando que a IEBC não realizou as reformas necessárias.
A Polícia Nacional dispersou com gás lacrimogéneo uma multidão que tentava ir ao centro da cidade Nairobi para provocar distúrbios e impedir manifestações a favor das eleições e do Presidente