São animadores os primeiros sinais do novo Governo
Os angolanos pelo país e mundo aguardam com expectativas a avaliação dos cem dias do primeiro Executivo do Presidente João Lourenço que a essa altura marca os primeiros passos, depois da recepção das pastas junto dos cessantes, no caso particular dos estreantes.
Foi notório nas cerimónias das apresentações tanto dos ministros como dos governadores a sintonia nos discursos que se confundiam com a actuação de um grupo ou banda musical em palco; “vou priorizar o trabalho em equipa”; “vamos trabalhar para uma governação cada vez mais inclusiva”; “o nosso grande desafio é facilitar a vida dos cidadãos”; “temos de desencorajar a arrogância e acabar com a burocracia”;“nosso lema é efectivamente melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. Eram algumas das frases citadas pelos membros do Executivo, numa clara demonstração do alinhamento com o Titular do Poder Executivo que na condição de concorrente às eleições gerais de 2017, conduziu boa parte das suas intervenções nesta direcção.
Um olhar para os primeiros dias de trabalho do novo Executivo, leva-nos a sublinhar que estamos diante de uma nova era e um novo paradigma. Reparemos que alguns dirigentes não perderam tempo e no mesmo dia ou no dia anterior começaram a exercer as suas funções, isto depois das apresentações e a entrega das pastas, o que vem demonstrar, os enormes desafios com que se debate a população, já que os governados esperam muito dos seus servidores.
A nível da Comunicação Social foi encorajador ver o ministro João Melo inverter a pirâmide e eleger o Centro de Formação de Jornalistas “CEFOJOR” como a primeira Instituição do sector a radiografar, num claro sinal de que, é na formação que pretende alcançar o objectivo de proporcionar aos cidadãos uma informação plural, isenta e rigorosa, tendo como base de trabalho e descrever os assuntos que afectam o cidadão no seu dia-adia. Enquanto na Saúde, destaca-se a visita que ministra Sílvia Lutukuta efectuou ao Hospital Sanatório de Luanda, um dos mais importantes do país e que se encontra em avançado estado de degradação, carecendo de intervenção urgente. Trata-se de uma Unidade que há mais de uma década não recebia uma ilustre figura.
Não menos importante é sublinhar que, enquanto o ministro da Construção, Manuel Tavares de Almeida, escolheu o Laboratório de Engenharia de Angola “LEA” como primeiro ponto de constatação do seu pelouro. No Uíge, o governador, Pinda Simão, optou em efectuar deslocações às sedes dos Partidos da Oposição, concretamente da UNITA e CASA CE, como sinal de uma era baseada no diálogo franco, profundo e construtivo na busca de soluções consensuais para os mais diversos problemas que enfrenta a terra do Bago Vermelho. Numa altura que em Luanda, e fruto das denúncias dos cidadãos, decorrem as demolições de casas construídas anarquicamente, nos últimos meses e que aceleraram a descaracterização dos bairros do projecto habitacional Zango, para o alívio dos moradores que pedem que se reponha a legalidade.
Em boa verdade, somos a acreditar que é toda essa simplicidade, proximidade e busca de soluções que vão contribuir para uma participação activa da sociedade na elaboração das políticas do Governo nos mais diversos domínios. Se atendermos que é no arranque da partida que se ganham as batalhas e as primeiras iniciativas dos auxiliares do Poder Executivo vão de encontro aos sinais do novo inquilino da Cidade Alta que tem estado a levar ao delírio os cidadãos com gestos modestos e simples como a aludida paragem no semáforo com o sinal vermelho no Primeiro de Maio em Luanda, num claro respeito ao Código de Estrada, a visita levada a cabo ao Cardeal Dom Alexandre do Nascimento na Clínica Multiperfil, bem como a redução significativa do aparato presidencial durante as suas deslocações.
Conquistar a confiança da população nas acções do poder público deve ser o maior trunfo da nova gestão, sempre com a participação de membros da sociedade, pelos mecanismos da auto-regulação, o que não deixa de ser significativo, nomeadamente em termos de mobilização da Nação para o desenvolvimento, partindo do pressuposto que a participação depende da abertura de cada ministro e governador junto dos governados.
Somos a encorajar o Presidente da República, João Lourenço e os seus auxiliares para que prossigam com a mesma postura, na certeza de que apenas assim, vão alcançar o apoio popular e concomitantemente reconquistar a confiança da sociedade, que antes de ver os seus problemas resolvidos, quer comungar com os que dirigem como ensinam os nossos hábitos e costumes. O novo Executivo deve buscar o além das negociações que passem pela Assembleia Nacional e eleger a comunicação como instrumento fundamental para a retomada do desenvolvimento em todos os domínios, tendo em atenção que, nada se consegue sem comunicação e não há nada que uma boa comunicação não resolva. Continuamos a avaliar os cem dias e desejamos êxitos ao Governo!
O novo Executivo deve buscar o além das negociações que passem pela Assembleia Nacional e eleger a comunicação como instrumento fundamental para a retomada do desenvolvimento em todos os domínios, tendo em atenção que, nada se consegue sem comunicação