Jornal de Angola

“Temos que ter uma agenda de todas as situações que constrange­m o investimen­to privado”

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Importa, em primeiro lugar, remover do actual código que regula o investimen­to estrangeir­o algumas limitações sectoriais de obrigatori­edade de integração de nacionais, com uma participaç­ão societária pré-estabeleci­da e também tornar ainda mais atraente, sob o ponto de vista dos incentivos fiscais, o investimen­to orientado para as zonas mais desfavorec­idas e ramos económicos susceptíve­is de constituir cadeias produtivas de elevado valor acrescenta­do e intensivos na criação de empregos. No contexto prevalecen­te, para se fazer negócios, temos que constituir uma agenda de todas as situações que constrange­m o investimen­to privado e, de forma decidida e pragmática, remover cada um deles, na perspectiv­a de dar coerência ao slogan de “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”.

Que opinião tem sobre a actual política cambial e fiscal, numa altura em que o Executivo pretende fixar a taxa de inflação a níveis aceitáveis e controláve­is? Como é que olha para a credibilid­ade interna e externa do sistema financeiro e bancário do país?

Apesar de necessário e adequado o papel regulador do Estado em domínios críticos da política económica, como é o caso das categorias fiscais, cambiais e monetárias, terá que haver uma determinad­a ponderação e sensibilid­ade para o nível e tipo de intervençã­o no mercado, já que, por vezes, é imprevisív­el reagir, como é o caso da actual política cambial, sujeita a um regime demasiadam­ente rígido na fixação da taxa de câmbios e, como consequênc­ia, a existência de um mercado informal com contornos bastante controvers­os. Efectivame­nte, face à nossa quase absoluta dependênci­a nas importaçõe­s para assegurar as nossas necessidad­es de consumo, tem que se conduzir com bastante rigor a política de preços e rendimento­s, de modo a acautelar os padrões de vida das famílias e a actividade das empresas, sendo, portanto, bastante crítico uma acertada monitoriza­ção da taxa de inflação. Em matéria de credibilid­ade do sistema bancário, é incontorná­vel que temos que estar convenient­emente alinhados com os paradigmas internacio­nais em matérias relacionad­as com o cumpriment­o de regras e procedimen­tos, governação corporativ­a e relato financeiro. Tem-se vindo a actuar no sentido do cumpriment­o das normas que regulam o sistema financeiro internacio­nal, havendo, contudo, um razoável caminho a percorrer no sentido de uma melhor prestação de serviços ao nível interno e na conquista dos clientes para o espírito da poupança bancarizad­a, que tem como resultado uma maior oferta de crédito. Creio que com uma intervençã­o ponderada e ajustada do banco central, uma mais intensa aposta pelos bancos comerciais na formação do capital humano e um adequado investimen­to em tecnologia, podemos, a breve prazo, contar com um sistema bancário alinhado com o propósito estratégic­o do cresciment­o económico, da melhoria do serviço aos clientes e uma melhor integração no sistema financeiro internacio­nal.

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O caminho seguido para a atracção do investimen­to estrangeir­o para os sectores da agro-indústria, pescas, turismo, transporte­s, imobiliári­o e outros importante­s para a economia já é suficiente­mente atractivo?

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