Sector produtivo tem mil milhões de euros
Governo da França garante apoio à diversificação da economia com aposta na agro-indústria e formação
O Governo da França tem disponíveis mil milhões de euros para reforçar a cooperação económica com Angola nos domínios da agricultura, agro-indústria, formação profissional e turismo em todas as suas vertentes, com vista a ajudar os esforços do Executivo para a diversificação da economia em curso no país.
A informação foi prestada ontem na cidade do Soyo pelo embaixador Sylvain Itte, no termo da sua primeira visita de trabalho à província do Zaire, antes de partir para Mbanza Kongo com o mesmo propósito. De acordo com o diplomata, que visitou os municípios do Soyo e de Mbanza Kongo para descobrir as inúmeras oportunidades de negócios que a região oferece, o montante foi disponibilizado por dois grandes grupos de bancos franceses que colocaram à disposição cada um 500 milhões de euros para projectos agrícolas e não só, com vista a ajudar nos esforços do Governo angolano para a diversificação económica.
“Temos dois grandes grupos de bancos franceses que já colocaram cada um montante de 500 milhões de euros para projectos agrícolas e outros. E estamos ainda a negociar com o Governo angolano um acordo de cooperação no sector da agricultura, que espero venha a ser firmado antes do fim de 2017 ou início de 2018, para termos todas as ferramentas que permitam uma cooperação coesa na formação profissional e nos investimentos públicoprivados”, acrescentou.
O embaixador francês disse que a sua visita aos municípios do Soyo e Mbanza Kongo visa estudar a realidade local para o Governo do seu país e empresas francesas encontrarem as melhores formas de ajudar e acompanhar o crescimento da economia angolana, uma vez que Angola detém potencialidades fora do sector petrolífero, com destaque para a agro-indústria, turismo e outras áreas.
“A questão, hoje, é de saber como o Governo francês de um lado e do outro as empresas e o sector económico privado poderiam reforçar a presença económica fora do petróleo, nomeadamente nas áreas da agricultura, agroalimentar, da formação profissional e do turismo”, acrescentou o diplomata.
Sylvain Itte considerou importante conhecer antes o interior do país, uma vez que Angola tem oportunidades de investimento que podem levar as empresas francesas a investirem em várias áreas, desde económica, com a agricultura à cabeça, cultural e turística. Para tal, segundo o diplomata, deve haver um ambiente de negócios para que as empresas francesas e outras estrangeiras possam investir para o desenvolvimento e participar no crescimento da economia angolana.
“As empresas francesas, como outras estrangeiras, não vão vir só por vir, mas vêm quando consideram que há potencial para desenvolver as suas empresas e obter os respectivos lucros e, assim, participam melhor na diversificação em curso e no desenvolvimento económico angolano”, acrescentou.
As autoridades, os bancos e as empresas francesas, disse, acreditam em Angola como país, mas é necessário um ambiente de negócios propício. No capítulo das pescas, o diplomata disse ter sido informado sobre as potencialidades da região do Soyo em particular, cuja costa marítima e o rio Zaire são muito ricos em peixe que pode ser vendido ou ser transformado em outros produtos, sector que a França domina perfeitamente.
Agricultura familiar
O diplomata francês assegurou ainda que o Governo do seu país vai estudar com as autoridades angolanas as formas de potenciar a agricultura familiar, com vista a suplantar o estádio de subsistência em que se encontra, para criar riqueza suficiente para as comunidades.
“A nossa prioridade é ajudar também o sector da agricultura familiar e Angola é um grande país e tem potencialidades agrícolas, por isso, hoje é chegado o momento também de pensar com as autoridades angolanas em como desenvolver esse sector que deve passar de subsistência das famílias para geração de riqueza e viver da sua cultura e da sua agricultura”, acrescentou. Segundo Sylvain Itte, com base na agricultura familiar, aliada às potencialidades que o país detém no sector agrícola, o diplomata decidiu deslocarse ao interior.