José Luís Tavares lança livro de poesia
O poeta cabo-verdiano José Luiz Tavares esteve ontem no auditório BCA - Garantia - Promotora, em Chã d’Areia, na Cidade da Praia, para apresentar o novo livro “Rua Antes do Céu”, com a chancela da Rosa de Porcelana Editora.
A obra, com a qual o escritor residente em Portugal venceu a primeira edição do Prémio BCA de Literatura, atribuído em parceria pelo Banco Comercial do Atlântico e pela Academia Cabo-Verdiana de Letras, foi apresentada pelo escritor Jorge Carlos Fonseca, actual Presidente da República. O livro, segundo a professora universitária Fátima Fernandes, apresenta “uma poética reveladora de um trabalho e de um dom amadurecido.”
O autor de “Lisbon Blues”, nascido a 10 de Junho de 1967, no lugar de Chão Bom, concelho do Tarrafal, ilha de Santiago, estudou Literatura e Filosofia em Portugal e é autor de vários livros, entre os quais Paraíso Apagado por um Trovão; Agreste Matéria Mundo; Lisbon Blues seguido de Desarmonia; Cabotagem & Ressaca; Cidade do Mais Antigo Nome; Coração de Lava; Contrabando de Cinzas e Polaróides de Distintos Naufrágios. António Ole defendeu ontem, em Luanda, uma aposta cada vez maior aos artistas nacionais em projectos públicos para fazer face ao excessivo número de esculturas produzidas por estrangeiros e expostas em praças públicas no país.
O artista plástico, fotógrafo e cineasta que falava numa conferência de imprensa, sobre a exposição comemorativa ao meio século da sua carreira artística, intitulada “António Ole - 50 Anos Vivendo, Criando”, considera falta de respeito e desvalorização aos artistas angolanos.
Segundo o artista, há um excesso de peças produzidas por norte-coreanos em locais públicos no país, que apesar de todo o respeito à qualidade que possam representar, deveriam ser da autoria de criadores nacionais.
António Ole não apresentou um número aproximado de peças criadas por estrangeiros, tão pouco especificou os locais onde as obras se encontram, mas disse haver um decréscimo e desacreditação nas capacidades e qualidade dos criadores nacionais.
“Angola tem artistas com muita qualidade, em todas as disciplinas e devem ser chamados para contribuir com o seu engenho e mudar a imagem do país, por isso considero excessivas as contratações de estrangeiros para o efeito. Temos de ser nós a embelezar as nossas praças”, desabafou.
O artista é de opinião que se descentralizem os investimentos ligados aos projectos culturais e que se dê mais atenção às iniciativas viradas para a arte contemporânea e tradicional, provenientes de outras províncias.
António Ole sugere a descentralização dos apoios aos projectos culturais, sendo que os que mais investimentos recebem são os desenvolvidos na província de Luanda.
Para o artista, urge a necessidade de repensar-se numa forma diferente de investir na cultura, por forma a não termos quase tudo centrado nos hábitos, costumes e vivências da capital angolana. “Há muita coisa canalizada a Luanda, que pode ser alterada e se investir de forma mais cuidada, inteligente e eficaz”, disse.
Exposições no Camões
Um total de 25 obras com instalação, desenhos, colagens e pinturas, em acrílico e pigmentos sobre tela, marca a exposição “António Ole 50 Anos Vivendo, Criando”, a ser inaugurada na próxima terça-feira, no Camões Centro Cultural Português, em Luanda, onde fica patente até 20 de Dezembro.
Os trabalhos da exposição multidisciplinar constam de um conjunto desenvolvido de 2015 até o presente ano, nos quais traz inovações e experimentalismo, onde propõe reflexão sobre mundo actual, as agressões ao clima, com várias ideias e formas de aproveitamento de resíduos sólidos.
O artista tem vários projectos em carteira que vão desde reprodução, em várias disciplinas artísticas, do seu trabalho e da província de Luanda.
António Ole justificou a produção de um filme sobre as transformações da capital angolana, que há 42 anos era habitada por pouco menos de mil habitantes e hoje por cerca de sete milhões de pessoas, oriundas maioritariamente de outras regiões do país e estrangeiros.
O mestre, como é chamado pelos artistas plásticos mais jovens, faz uma retrospectiva do seu trabalho desenvolvido durante esses 50 anos em livro, com ilustrações das suas obras de arte, uma exposição multidisciplinar. Uma exposição colectiva e itinerante, consta igualmente dos seus projectos em carteira. Para essa, o artista quer desenvolver na companhia de colegas africanos, de países vizinhos, e vai integrar a produção de esculturas para dez cidades capitais em Angola, realização de seminários e vários concursos.
“Não queremos ter santos nas praças, mas essencialmente contributos da arte contemporânea, com peças viradas para o futuro. Fazer esculturas viradas para o passado não faz muito sentido no meu conceito de artista do meu tempo. Precisamos de objectos que embelezem as praças, mas que essencialmente dirijam Angola para frente.”
O artista é de opinião que se descentralizem os investimentos ligados aos projectos culturais e que se dê mais atenção às iniciativas viradas para a arte contemporânea e tradicional