Cemitérios em Luanda vão cremar cadáveres
Província de Luanda projecta quatro novos campos santos por já estarem saturados os mais antigos existentes na capital
O Cemitério de Benfica, localizado no município de Belas, pode ter, já a partir do próximo ano, serviço de cremação, dirigido a cidadãos que o solicitarem, anunciou ontem, véspera do Dia de Finados, hoje assinalado, o chefe do Departamento de Cemitérios e Morgues do Governo Provincial de Luanda.
Filipe Mahapi, que falava à agência de notícias Angop, informou que a cremação de cadáveres, ainda não aprovada por lei, além de não ser uma prática cultural em Angola, vai ser um serviço disponível “logo que os procedimentos legislativos para o andamento do processo estejam concluídos.”
O director do Departamento de Cemitérios confirmou que “os aparelhos de incineração de cadáveres já se encontram em nossa posse, aguardando-se pela sua montagem”, além da conclusão do que disse serem “procedimentos legislativos.”
A uma pergunta sobre a Morgue Central de Luanda, Filipe Mahapi garante “ser bom o seu funcionamento”, depois de ter sido reabilitada há cinco anos.
Actualmente, a morgue tem 74 gavetas e uma câmara que, sob a responsabilidade da Polícia Nacional, conserva cadáveres não identificados encontrados na via pública.
O responsável confirmou que o Velório da Santa Ana, junto ao cemitério com o mesmo nome, recebe “fraca solicitação”, uma realidade resultante de algumas restrições exigidas aos usuários do espaço, como a proibição do consumo de bebidas alcoólicas e de certos alimentos. As pessoas só podem levar ao Velório de Santa Ana “apenas água e alguns aperitivos”, disse o responsável.
Filipe Mahapi reconheceu haver dificuldades, relativamente aos meios de trabalho, mas garantiu que, quando forem ultrapassados os problemas financeiros, as autoridades vão equipar os cemitérios.
Novos cemitérios
O Governo Provincial de Luanda vai construir quatro novos cemitérios, um projecto que tem como razão o crescimento demográfico nas zonas periféricas da cidade de Luanda.
O anúncio foi feito por Filipe Mahapi, que não mencionou um horizonte temporal para o início do projecto. Os novos cemitérios vão ser construídos nos municípios de Cacuaco, Icolo e Bengo, Belas e Viana.
Em Icolo e Bengo, o novo cemitério vai estar em Catete; no Belas, no Ramiro; em Viana, no Zango; e e m Cacuaco, ainda não há uma área definida.
O responsável lembrou que, por falta de espaço, os cemitérios do Alto das Cruzes e de Santana só atendem pedidos de reabertura de campas familiares, uma situação que pode ocorrer nos cemitérios do Camama e 14, por estarem já com sinais de saturação.
A uma pergunta sobre a ampliação do Cemitério de Santa Ana, Filipe Mahapi explicou que “a nova área é usada para transferência de corpos enterrados numa zona freática existente no cemitério”, localizado no Neves Bendinha. O cemitério de Benfica, o maior do país, tem capacidade para duas mil covas e 200 funerais por dia.
A província tem uma população de mais de seis milhões de habitantes, distribuídos pelos municípios de Luanda, Belas, Kilamba Kiaxi, Talatona, Cacuaco, Viana, Cazenga, Icolo e Bengo e Quiçama.
O Dia de Finados, feriado nacional na maioria dos países de fé cristã, é c o memorad o d e s d e o século XIII, como uma data reservada para pessoas rezarem pelos seus parentes e amigos já falecidos.
Na celebração da efeméride, as autoridades administrativas e religiosas têm reprovado o comportamento de cidadãos que fazem dos velórios uma ocasião para festas e distúrbios em desrespeito total aos mortos.
Nas missas, celebradas por ocasião da efeméride, os padres pedem aos fiéis cristãos para que façam dos velórios um momento de consternação e reflexão.
Nas missas celebradas por ocasião do Dia de Finados, os padres pedem aos cristãos para que façam dos velórios um momento de consternação e reflexão