Jornal de Angola

Cidadãos anglófonos fogem para a Nigéria

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O Alto Comissaria­do da ONU para os Refugiados (ACNUR) disse ontem que dois mil refugiados dos Camarões fugiram para a Nigéria e três mil aguardam pelo registo, numa altura em que há camaronese­s falantes de inglês escondidos nas florestas à espera de uma oport unidade para cruzar a fronteira e fugir da violência contra a minoria anglófona.

Um c o municado d o ACNUR refere que a “situação é muito preocupant­e” e o fluxo de refugiados deve piorar crise humanitári­a no Lago Chade. A agência da ONU e o Governo da Nigéria elaboraram um plano de contingênc­ia para receber até 40 mil refugiados provenient­es dos Camarões.

“A situação é devastador­a. Eles precisam de assistênci­a. Se o fluxo de camaronese­s permanecer por um longo período requerendo o mesmo nível de assistênci­a, isso trará um peso adicional, já que estamos a providenci­ar uma ampla ajuda a um grande número de pessoas na região. É isso o que nos preocupa”, lê-se no documento. Depois das independên­cias coloniais dos sectores francês, em 1960, e britânico, em 1961, as duas regiões formaram, depois de plebiscito­s organizado­s pela ONU, a República Federal dos Camarões, mas mantendo autonomia. Em 1966, o então presidente Ahmadou Ahidjo proibiu todos os partidos políticos, excepto o partido no poder.

Mai s t arde, mudou a Constituiç­ão para tornar a federação num Estado unitário. Desde então, as regiões anglófonas al egam s er excluídas e marginaliz­adas. Os protestos pro-independên­cia de 1 de Outubro desencadea­ram, então, um dos capítulos mais violentos da história dos Camarões.

Os cidadãos anglófonos, concentrad­os no noroeste e sudoeste do país, representa­m cerca de 20 por cento da população. Em visita aos Camarões, na semana passada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a organizaçã­o vai avaliar a situação da comunidade anglófona no país.

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STRINGER|AFP Camaronese­s anglófonos alegam ser vítimas de exclusão

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