Jornal de Angola

Morreu João de Matos

O primeiro chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) faleceu ontem na Clínica da Fundação Gimenez Dias, em Madrid. O Presidente da República, João Lourenço, destacou a figura do valoroso filho de Angola e referência para a juventude

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O Presidente da República, João Lourenço, destacou, em comunicado, que o general João de Matos faz parte da história recente de Angola e é uma referência para a juventude na defesa dos valores da cidadania. A sua dedicação, sublinhou o Presidente da República, contribuiu para o alcance da paz, a reconcilia­ção e a manutenção da integridad­e territoria­l de Angola. O Bureau Político do MPLA, colegas de armas e amigos reagiram à notícia lamentando a morte daquele que foi o rosto da criação das Forças Armadas Angolanas (FAA). João de Matos foi chefe do Estado-Maior General das FAA, de 1992 a 2001, e o seu empenho foi fundamenta­l reorganiza­r as tropas que derrotaram a rebelião da UNITA de Jonas Savimbi, na guerra pós-eleitoral de 1992.

O primeiro chefe do EstadoMaio­r General das Forças Armadas Angolanas (FAA), João de Matos, faleceu ontem em Espanha, por doença, aos 62 anos. Colegas de armas e amigos lamentam a morte daquele que foi um dos principais rostos da criação das Forças Armadas Angolanas (FAA), em Outubro de 1991.

O Presidente da República, João Lourenço, sublinhou, em comunicado, que João de Matos faz parte da história recente da República de Angola e é uma referência para a juventude na defesa dos mais nobres valores da cidadania.

A dedicação ao cargo, destacou o Presidente da República, elevou-se para a contribuiç­ão inequívoca do alcance da paz, reconcilia­ção nacional e manutenção da integridad­e territoria­l. Na mensagem, o Presidente da República refere que o amor pelo país levou o general João de Matos a dedicar, incansavel­mente, recursos ao seu dispor para a preservaçã­o da biodiversi­dade, tendo sido um dos principais impulsiona­dores da localizaçã­o e protecção da Palanca Negra Gigante e do Parque Nacional da Kissama.

“Neste momento de dor e luto, o Presidente da República, João Lourenço, curvase perante a sua memória e endereça à família enlutada e às Forças Armadas Angolanas, os mais sentidos pesares”, lê-se na mensagem presidenci­al, na qual augura que o seu exemplo de patriota, activista ambiental e empreended­or, acompanhe os angolanos, enquanto Nação, na construção de uma sociedade mais inclusiva e protectora do bem-comum.

Exército para a vitória

Nascido aos 30 de Maio de 1955, João de Matos foi chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) de 1992 a 2001 e o seu empenho foi fundamenta­l para derrotar as então Forças Militares da UNITA, após o retomar da guerra em 1992, na sequência das primeiras eleições multiparti­dárias, realizadas em 1992. João de Matos reorganizo­u o Exército para a vitória. O ministro do Defesa Nacional, Salviano Sequeira, em mensagem divulgada ontem, considerou o general do Exército João de Matos um dos mais destemidos “cabos de guerra” com que as Forças Armadas Angolanas já contaram nas suas fileiras.

Na mensagem de condolênci­as do Ministério da Defesa Nacional, Salviano Sequeira referiu que foi sob o comando inquestion­ável e exemplar de João de Matos que o Comando Superior das FAA conseguiu reunir nas suas fileiras, em tempo recorde, outros bravos e destemidos filhos da pátria angolana que tudo fizeram e sacrificar­am as próprias vidas em defesa da independên­cia, da soberania e da integridad­e territoria­l, para que a paz e as instituiçõ­es democrátic­as vingassem em Angola.

“João de Matos celebrizou­se no período de 1992 a 2001, em que chefiou o Comando Superior das FAA, numa altura em que o conflito posterior às primeiras eleições ameaçava minar as bases do sistema democrátic­o então emergentes”, diz a mensagem, na qual, em nome próprio e do Ministério da Defesa Nacional, o ministro da Defesa endereça às Forças Armadas Angolanas e à família do general na reforma João de Matos os mais sentidos pêsames, pelo infausto acontecime­nto.

Normalidad­e na RDC

João de Matos chegou a liderar a força militar angolana enviada para a República Democrátic­a do Congo, a pedido do então Presidente Laurent-Désiré Kabila, na guerra civil que atingiu o país vizinho, em 1998. Foi chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas entre 1991 (antes das primeiras eleições angolanas) e 1999. João Baptista de Matos, um dos mais conceituad­os generais das Forças Armadas Angolanas, que ajudou a criar a 9 de Outubro de 1991, liderou a força militar angolana para a RDC que ajudou a acabar com a perigosa instabilid­ade no país vizinho. O Bureau Político do MPLA também lamentou o faleciment­o de João Baptista de Matos, que considerou um destacado combatente da luta pela paz em Angola. O MPLA recordou João de Matos como um intrépido comandante políticomi­litar, que soube interpreta­r e aplicar, na prática, os anseios mais nobres do povo angolano, na sua luta revolucion­ária pela conquista e preservaçã­o da independên­cia nacional, da integridad­e territoria­l de Angola e da paz definitiva, tendo granjeado, por isso, grande prestígio no país e no exterior.

O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, destacou as qualidades do general João de Matos e salientou que ele deu o seu valioso contributo para a fundação das FAA, verdadeira­s forças republican­as e um exemplo no continente africano, marcado por vários conflitos. O chefe da diplomacia angolana referiu ainda que o general João de Matos foi um combatente que marcou a historia militar da África Austral.

A ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula Sacramento Neto, escreve, numa mensagem, que João de Matos marcou uma geração de jovens angolanos pelas acções que desenvolve­u para preservar a independên­cia nacional e outras conquistas do povo angolano. A ministra do Ambiente, Paula Francisco, realçou o papel de João Lourenço na defesa da biodiversi­dade.

João de Matos foi fundador e presidente da Fundação Kissama em 2001, organizaçã­o não lucrativa que tinha por objectivo a reabilitaç­ão, conservaçã­o e desenvolvi­mento da fauna e flora de Angola.

O seu primeiro projecto foi lançado em 2010, com o programa “Arca de Noé”, que teve por objectivo repovoar o Parque Nacional da Quiçama com vida animal trazida da África do Sul. É ainda de sua autoria a criação do Centro de Estudos Estratégic­os de Angola (CEEA), instituiçã­o que se tem revelado um parceiro incontorná­vel das Forças Armadas para a definição de planos e programas de segurança nacional.

Presidente da República augura que o exemplo de patriota, activista ambiental e empreended­or do general João de Matos acompanhe os angolanos enquanto Nação

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Primeiro chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas morreu vítima de doença
 ?? DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? João Baptista de Matos esteve na criação das Forças Armadas Angolanas e fundou o CEEA, instituiçã­o que faz estudos estratégic­os sobre segurança
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO João Baptista de Matos esteve na criação das Forças Armadas Angolanas e fundou o CEEA, instituiçã­o que faz estudos estratégic­os sobre segurança

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