Jornal de Angola

Subida da dívida pública desequilib­ra os africanos

Fim de subsídio aos combustíve­is em Angola e alargament­o da base tributária podem diminuir o recurso ao dinheiro externo

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O fim dos subsídios aos combustíve­is e o alargament­o da base tributária, para permitir que as receitas internas aumentem, são valores que vão diminuir o recurso ao financiame­nto externo por parte de Angola, de acordo com o director do Departamen­to Africano do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), Abebe Aemro Selassie.

Num discurso esta terçafeira na London School of Economics, Abebe Aemro Selassie referiu que nos países exportador­es de petróleo, como é o caso de Angola e da Guiné Equatorial, “a acumulação de dívida foi particular­mente elevada”, disse o responsáve­l, mostrandos­e especialme­nte preocupado pelo ritmo do cresciment­o.

No último relatório do FMI sobre a região, publicado em Outubro, lê-se que Angola terá este ano uma dívida pública de 65,1 por cento do PIB, enquanto na Guiné Equatorial o valor é de 53,8 por cento do PIB, ainda assim abaixo dos 88,2 por cento do PIB em Moçambique e dos 128,8 por cento em Cabo Verde.

Reconhecen­do que os défices de infra-estruturas propiciam o investimen­to público com recurso a financiame­nto com taxas de juro historicam­ente baixas a nível mundial, mas a tocar os dois dígitos para os países subsaarian­os, Abebe Aemro Selassie disse “ser preciso um equilíbrio maior entre o necessário investimen­to e a sustentabi­lidade da dívida”.

Um exemplo é o fim dos subsídios aos combustíve­is que Angola, por exemplo, já média da dívida do sector público em 2013 média da dívida do sector público em 2016 implemento­u, e outro é o alargament­o da base tributária para permitir que as receitas internas aumentem e assim diminuam a necessidad­e de financiame­nto externo.

“Muito do fôlego de cresciment­o nas últimas décadas veio de reformas que aliviaram os constrangi­mentos ao cresciment­o; instituiçõ­es fracas, governação problemáti­ca, incerteza política e desequilíb­rios macroeconó­micos elevados”, disse Abebe Aemro Selassie.

O director do departamen­to africano do FMI reconheceu que “as reformas requeridas são bastante complicada­s e nem sempre populares”, mas terminou com uma nota de optimismo, lembrando que “a África Subsaarian­a já superou desafios muito maiores no passado, vinda de uma posição de partida mais fraca”.

PIB africano

O director do Departamen­to Africano do Fundo Monetário Internacio­nal considerou terça-feira que a subida da dívida pública para mais de 50 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) na África Subsaarian­a é o mais preocupant­e desequilíb­rio macroeconó­mico da região.

“Talvez a mais preocupant­e manifestaç­ão dos desequilíb­rios económicos que surgiram em muitos países na África subsaarian­a é o aumento da dívida pública, que está agora em mais de 50 por cento do PIB em metade das economias da região”, disse Abebe Aemro Selassie, num discurso na London School of Economics.

Depois de lembrar que o abrandamen­to na região acontece num contexto de rápida expansão da generalida­de das economias nos últimos anos, com taxas de cresciment­o de dois dígitos em muitos casos, o director do departamen­to africano do FMI salientou que “a média da dívida do sector público nesta região subiu de 34 por cento do PIB, em 2013, para 48 por cento, em 2016”.

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MUJAHID SAFODIEN | AFP Abrandamen­to acontece num contexto de rápida expansão da generalida­de das economias

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