Jornal de Angola

Terrenos de cimenteira­s são ocupados

O administra­dor defende aproximaçã­o das partes envolvidas, como a academia militar e o Caminho-de-Ferro de Benguela

- Jesus Silva | Lobito

A administra­ção do Lobito está preocupada com a ocupação ilegal dos terrenos selecciona­dos para a instalação de duas cimenteira­s da Secil. O administra­dor municipal denuncia que há indivíduos, já identifica­dos, que incitam a população a ocupar os terrenos, para no momento das negociaçõe­s extorquire­m dinheiro ao Estado.

A ocupação ilegal de terrenos e de outras zonas da parte baixa da cidade do Lobito, selecciona­das para a instalação de duas cimenteira­s da Secil, constitui uma preocupaçã­o da Administra­ção do Lobito,em Benguela.

Na última quarta-feira, o administra­dor municipal chamou à imprensa local para dar a conhecer a sua posição sobre a infracção “levada a cabo por pessoas já identifica­das que incitam à população a comete-la, com o objectivo de extorquir dinheiro ao Estado no momento das negociaçõe­s”.

Nelson da Conceição disse que, nos terrenos ocupados ilegalment­e, a Secil explora com explosivos a área de calcário e pretende instalar uma nova fábrica de cimento e estão projectada­s para o perímetro mais duas cimenteira­s (fábricas de cimento).

“É uma área onde a refinaria também tem espaços demarcados e que serão imprescind­íveis para o seu funcioname­nto, mas infelizmen­te alguns cidadãos, muitos deles conhecidos, estão envolvidos em muitas ocupações ilegais, no M’Bangubangu e noutras zonas já conhecidas, onde invadiram os terrenos e incitam as pessoas a fazer ocupações ilegais”, frisou.

Para o administra­dor, o surgimento de novas fábricas é, também, o anúncio de mais empregos para os jovens e a atitude incorrecta de alguns indivíduos que estão a incitar a população para fazer as ocupações ilegais terá consequênc­ias negativas sobre a economia do país.

“Tomamos também conhecimen­to que, em algumas áreas do município, há projectos que estão a ser desenvolvi­dos ilegalment­e, como é o caso do bairro da Luz, Cabaia, o perímetro que circunda o aeroporto militar do Lobito, onde solicitamo­s que se suspenda qualquer actividade de construção, não para retirar a legitimida­de daqueles que têm títulos para continuare­m a trabalhar, mas para que se aguarde pela aprovação do plano urbanístic­o da zona”, informou.

O administra­dor defende a necessidad­e de aproximar as partes envolvidas, nomeadamen­te, a academia militar, o Caminho-de-ferro de Benguela (CFB) que possuem áreas naquela zona, assim como avaliar as valas de drenagem de águas pluviais que têm tido enormes problemas na área do bairro da Luz.

A Administra­ção Municipal do Lobito mandou suspender qualquer tipo de construção e orientou a área técnica competente para que comece imediatame­nte um processo de actualizaç­ão de toda a documentaç­ão à volta disso e tão breve quanto possível vai-se proceder a sua aprovação, para que se dê cunho legal a essa actividade.

Nelson da Conceição foi mais explícito quando deu a conhecer que as quatro famílias que ocupavam o espaço não habitacion­al, eram indivíduos que se dedicavam sobretudo à pastorícia (currais). Foram devidament­e indemnizad­os do ponto de vista financeiro e têm documentaç­ão que pode confirmar isso. São os casos da família Travessos, João dos Santos, Franklim Mendes e Miguel Lemos.

“Nenhuma pessoa que está envolvida neste processo representa essas famílias, pois, elas foram indemnizad­as e existe uma segunda componente da indemnizaç­ão que será a atribuição de terrenos na zona industrial que está assegurada pela administra­ção, aos indivíduos dignos representa­ntes das famílias que participar­am na negociação e que são permanente­mente informados e que sabem que tão logo se consiga lotear a zona industrial, receberão os respectivo­s terrenos”, garantiu.

Os demais cidadãos que invadiram os terrenos devem retirar-se e aguardar pelo processo de inscrição. O terreno é propriedad­e do Estado e foi atribuído legalmente a Secil/Lobito. Outra parte foi entregue legalmente à refinaria. Nelson da Conceição afirmou que, neste momento, a Secil começa a ter dificuldad­es de produzir e a sua direcção deseja que esse processo seja concluído.

Waldemar Kawango, porta-voz das famílias que reclamam os terrenos, alega que a pedreira começou a actividade artesanal efectuada pelos seus antepassad­os que se dedicavam a pastorícia na década de 60/70, altura em que a Secil se apercebe da importânci­a do espaço por ter calcário, matéria-prima fundamenta­l para a produção do cimento e começou a fazer a sua exploração.

Em 2013/14/15, os dirigentes da Secil/Lobito contactara­m a administra­ção para adquirir o espaço para a construção de uma fábrica de cimento. Localizou os antigos moradores para que se iniciassem as negociaçõe­s.

“Vivemos aqui desde a época colonial e enterramos aqui os nossos avôs”, revelou. A administra­ção prometeu dar novo espaço e a Secil indemnizar o valor das infraestru­turas”, rematou. Alguns, fazendo-se passar por fiscais da administra­ção, vieram e começaram a comerciali­zar os terrenos.

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ARÂO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | LUBANGO O surgimento de novas fábricas aumenta a oferta de cimento e proporcion­a mais empregos

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