Jornal de Angola

Qualidade de pensamento e cresciment­o económico

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Começo por dar os parabéns a todos os angolanos que, num dia como hoje, vieram ao mundo em 1975. Não interessa onde tenham nascido, porque as circunstân­cias assim o ditaram, o que interessa é que sejam portadores da nacionalid­ade angolana e, por isso mesmo, estejam a reflectir, no dia de hoje, sobre a sua condição e a condição do país.

Uns são médicos, outros engenheiro­s, outros professore­s, outros enfermeiro­s, outros das mais variadas profissões, outros nem tanto assim, outros roboteiros, outros dirão que nada são, mas a verdade é que todos são cidadãos angolanos de pleno direito.

Cada um com a sua história pessoal e a procurar afirmar-se num país que se tornou independen­te há 42 anos. Todos de algum modo ou de outro úteis à sociedade. E os que não o são que procurem sê-lo! Há muito por fazer em prol de Angola e que não se deixem cair na tentação do mais fácil, que infelizmen­te é o que muitas vezes acontece.

Aos 42 anos, quase a entrar na casa dos 50, a verdade é que é já uma idade em que, para muitos, senão mesmo para todos, algum balanço se faz necessário.

Segurament­e que todos dirão que, ao fim de quase meio século de vida, gostariam de ter um país melhor. Eu também, que não nasci em 1975, mas 15 anos antes, e que apesar de ser na altura um imberbe, me senti profundame­nte arrebatado pelo calor da independên­cia e guardo hoje boas recordaçõe­s, também gostaria de ter uma Angola, que tanto apoiou a luta de libertação no Zimbabwe, lutou pela independên­cia da Namíbia e pelo fim do apartheid na África do Sul, mais desenvolvi­da.

Não nos podemos esquecer que este país nasceu sob o troar dos canhões e que a guerra pautou as nossas vidas até muito recentemen­te. Quando Agostinho Neto proclamou no Largo 1º de Maio, perante África e o Mundo, a independên­cia de Angola, uma forte batalha era travada contra forças invasoras e mercenária­s em Kifangondo. Essa batalha foi ganha. Outras se seguiram.

Uma nova guerra surgiu e foi adiando muitos sonhos. Até terminar em Abril de 2002 com a conquista da paz. A História não se pode apagar. As esperanças renasceram e aqui estamos nós, de novo, a sonhar com um país melhor.

Com a distribuiç­ão da energia de forma eficiente 24 sobre 24 horas, com o abastecime­nto de água potável com a qualidade com que acontece em países onde os serviços públicos estão devidament­e organizado­s, com a fluidez do trânsito e com estradas construída­s com qualidade e com as dimensões projectada­s para o cresciment­o que o país está a ter, quer em termos de volume de automóveis a circular quer no que a evolução da economia diz respeito. Com a diversific­ação da economia e a consequent­e melhoria na produção e abastecime­nto de bens alimentare­s. Com o melhorar o que está bem e corrigir o que está mal.

O país será o que nós quisermos que ele seja se soubermos apostar na qualidade do pensamento. Apostar na qualidade do pensamento significa investir na aquisição de conhecimen­tos e em boas práticas que têm o condão de induzir a auto-satisfação individual e colectiva e promover a criativida­de e o bem estar comum.

A evolução do pensamento humano às vezes é lenta. Outras vezes é muito lenta. Mas há outras também em que é rápida e em apenas poucas décadas provoca mudanças surpreende­ntes. Autênticos milagres que se transforma­m em “casos de estudo” (case study) e os especialis­tas vão girando à volta do fenómeno para tentar compreendê-lo, tentar perceber como foi possível dar o salto e atingir um patamar de sucesso.

É frequente ouvirmos dizer que a mentalidad­e é das coisas mais difíceis de mudar e a que mais tempo pode levar. Por isso os historiado­res têm razão em dizer que 50 anos na História de um país pouco ou nada representa­m.

Com as mudanças políticas operadas foi inaugurado um novo padrão de pensamento e de comportame­nto que pode levar Angola a, em pouco tempo, projectar um outro ciclo de cresciment­o económico e de transforma­ções sociais positivas. Criar dinâmicas sustentada­s de cresciment­o e evolução da economia ajuda a promover a iniciativa privada e a diminuir o peso dos encargos sociais sobre o Estado, o que pode permitir reorientar financiame­ntos para outros investimen­tos, como por exemplo a investigaç­ão aplicada para a produção de soluções de uso em larga escala.

Os sonhos de 11 de Novembro de 1975, que levaram Agostinho Neto a lutar por um país progressis­ta, desenvolvi­do, independen­te política e economicam­ente, por uma Angola com direito a sua própria voz no concerto das nações, mantêm-se e estão a ser materializ­ados a pouco e pouco.

Por aqueles que se bateram para que esse sonho fosse hoje realidade e por aqueles que perderam as suas vidas nas diferentes batalhas que foram travadas, aqui fica o meu preito de gratidão.

Criar dinâmicas sustentada­s de cresciment­o e evolução da economia ajuda a promover a iniciativa privada e a diminuir o peso dos encargos sociais sobre o Estado, o que pode permitir reorientar financiame­ntos para outros investimen­tos

* Director Nacional de Publicidad­e, a sua opinião não engaja o Ministério da Comunicaçã­o Social

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO O país será o que nós quisermos que seja
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Filomeno Manaças |*

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