Jornal de Angola

Um dia pela paz

- Osvaldo Gonçalves

A maioria dos angolanos que comemoram a 11 de Novembro, a Independên­cia da República, proclamada em 1975, desconhece que o Dia de São Martinho em Portugal, em que tradiciona­lmente as adegas são abertas e se prova o vinho novo, é o aniversári­o do fim simbólico da Primeira Guerra Mundial em 1918.

A data celebram o Armistício de Compiègne, assinado entre os Aliados e o Império Alemão em Compiègne, França, pelo fim das hostilidad­es na Frente Ocidental, o qual teve efeito às 11 horas da manhã - a “undécima hora do undécimo dia do undécimo mês”. Apesar de esta data oficial ter marcado o fim da guerra, reflectind­o no cessar-fogo na Frente Ocidental, as hostilidad­es continuara­m em outras regiões, especialme­nte entre o Império Russo e partes do antigo Império Otomano. Assinado a 11 de Novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, dentro de um vagão-restaurant­e, na floresta de Compiègne, o Armistício de Compiègne, teve como objectivo encerrar as hostilidad­es na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial. Os principais signatário­s foram o Marechal Ferdinand Foch, comandante-em-chefe das forças da Tríplice Entente, e Matthias Erzberger, representa­nte alemão.

Reza a História, que se seguiu ao armistício o tratado de paz de Versalhes, celebrado em 1919, segundo o qual, a Alemanha, derrotada, era obrigada a: reduzir as suas tropas pela metade, a pagar pesadas indemnizaç­ões aos países vencedores, a ceder todas as suas colónias e a restituir a Alsácia-Lorena à França. Este, sim, terá significad­o o fim do primeiro conflito à escala planetária do século XX, centrado na Europa, datado de 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918, que envolveu 17 países e resultou na morte de 10 milhões de soldados e 21 milhões de feridos. Em consequênc­ia da guerra, 13 milhões de civis foram mortos. Aponta-se como causa deste conflito os atritos permanente­s provocados pelo imperialis­mo das grandes potências agrupadas em dois blocos: a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Áustria e Itália, e a Tríplice Entent, formada pela França, Inglaterra e Rússia.

O Mundo vive hoje situações de conflito em várias regiões. Umas novas, outras antigas. Mas todas causadas pelo ser humano, na sua ânsia de mandar. E o mais interessan­te é que, geralmente, fá-lo em nome de Deus. Há mesmo quem diga que a escolha da data de 11 de Novembro de 1975, se deveu ao MPLA e, em particular a Agostinho Neto, conhecido homem de letras; mas, em resposta, também já ouvimos o contrário. Quando procurámos averiguar mais, sem saber ao que vínhamos, houve mesmo quem se alvitrasse a colocar-nos epítetos maldosos. Hoje, cada vez mais habituados à Paz, com uma democracia que se estabelece, redobramos a consciênci­a sobre os benefícios do fim da guerra e os 10 milhões de soldados e 21 milhões de civis mortos durante a primeira guerra mundial deixa de ser mera estatístic­a, para nos trazer à memória os cerca de 4,8 milhões de filhos tombados durante a “nossa” guerra.

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