Antigos guerrilheiros pedem requalificação
Antigos guerrilheiros do MPLA no Huambo pedem a reabilitação urgente dos outrora Centros de Instrução Revolucionária (CIR), a fim de servirem à cultura e à sociedade, pela sua importância na formação e no despertar da consciência revolucionária dos angolanos.
Em visita ao CIR Kwenha, nos arredores da cidade do Huambo, os antigos guerrilheiros do MPLA consideram que estes centros podem servir de pontos de visita para os turistas locais, nacionais e estrangeiros que queiram conhecer um pouco mais da história recente de Angola e por via disso os valorizar mais e rentabilizá-los.
O chefe de departamento do Património Cultural da Direcção Provincial da Cultura, João Afonso, defendeu a necessidade de se perservarem os locais que no passado serviram para despertar a consciência revolucionária do povo e que hoje podem servir de testemunho para as novas gerações. “Houve necessidade de recorrer á história e, aqui, no primeiro Centro de Instrução, o CIR Comandante Kwenha, vemos a nossa história, a nossa cultura, por isso o passo a seguir será a requalificação destes locais e a sua delimitação. É preciso distinguir o guerrilheiro do antigo combatente”, disse. João Afonso disse ser importante preservar o arquivo histórico para esclarecer as novas gerações o que aconteceu no país antes e depois da nossa Independência Nacional.
Pelos CIR, passaram muitos guerrilheiros e estes locais provam o que foi a história recente do país por terem acolhido, durante meses e anos, guerrilheiros que hoje são dirigentes das Forças Armadas e de outros sectores da vida nacional. “Por aqui, passaram coronéis, brigadeiros, capitães, sargentos e tantos outros dirigentes. A história está aqui. Apelamos aos estudantes que realizam as suas monografias de fim de curso a visitarem estes lugares e a fazerem pesquisas”, sublinhou João Afonso. O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, mandou instaurar duas “inspecções profundas e rigorosas” ao Instituto das Comunidades Angolanas no Exterior e Serviços Consulares e à Direcção de Recursos Humanos do sector que dirige.
Um comunicado do Ministério das Relações Exteriores indica que a medida consta de dois despachos exarados pelo ministro Manuel Augusto nos quais orienta que o trabalho deve ser efectuado pela Inspecção Geral do Ministério das Relações Exteriores e os resultados sejam apresentados no prazo de 45 dias.
Cada um dos despachos contém quatro pontos, designadamente, início da inspecção, prazo de apresentação de resultados, a possibilidade de o Inspector-Geral convidar entidades que considere relevantes para a assumpção dos objectivos preconizados e, por fim, a acentuação da entrada imediatamente em vigor da referida instrução. O Inspector-Geral do Ministério das Relações Exteriores é o Embaixador António Luís de Sousa de Lima Viegas.
O ministro das Relações Exteriores justifica os inquéritos com a necessidade de se apurar o cumprimento dos procedimentos legais referentes à admissão e progressão nas carreiras de origem do regime especial do Ministério das Relações Exteriores, métodos de trabalho e de actuação da direcção dos Recursos Humanos.
Reforma na diplomacia
No seu discurso sobre o Estado da Nação, na Assembleia Nacional, o Presidente da República, João Lourenço, prometeu uma reforma dos serviços diplomáticos e consulares com a adequação do seu pessoal ao essencial para o cumprimento das tarefas dessas missões.
“Vamos apostar mais na diplomacia ao serviço da economia, que atraia o investimento privado estrangeiro, o turismo, e explore mercados para a entrada de nossos produtos exportáveis”, disse o Presidente da República, para acrescentar que as embaixadas e consulados, além do seu papel de captação de investimento e de difusão de produtos e serviços que Angola pode vender ao estrangeiro e da promoção da imagem do país, têm de auscultar e apoiar os angolanos na diáspora. Estes devem mesmo ser chamados a contribuir mais decisivamente na consolidação do rumo democrático que o nosso país segue.
Progressão na carreira
Em Junho, durante a reunião com embaixadores, o então secretário-geral, Samuel Cunha, informou que tinham sido promovidos 59 quadros da carreira diplomática, designadamente 12 membros de direcção a Embaixadores de Carreira, nove Embaixadores Extraordinários e Plenipotenciários, 13 Embaixadores de Carreira e 25 já reformados, nomeados em Decreto Presidencial de 27 de Fevereiro de 2017.
Quanto ao redimensionamento nas Missões Diplomáticas, precisou que no âmbito da contenção de despesas, como resultado da situação difícil que o país atravessa, o ministério recebeu instruções do Executivo para a redução de despesas nos órgãos internos e externos.
A redução de despesas fixas tem a ver com os encargos com o pessoal, como o pagamento de rendas de casas, saúde e tantos outros, cujo objectivo principal será a redução do pessoal. ‘’Não está equacionado com o encerramento de alguma missão, a menos que o resultado de estudo entenda que politicamente já não corresponde aos interesses do povo angolano em determinados países e que, eventualmente, possam ser um outro país”, rematou.
Na altura, a previsão orçamental do exercício económico de 2018 e promoções de quadros de direcção dominaram o encontro entre a direcção do Ministério das Relações Exteriores e os embaixadores extraordinários e plenipotenciários de Angola acreditados em vários países e junto de distintas Organizações Internacionais.
Quanto ao orçamento para o exercício económico de 2018, o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores tinha informado que o Ministério das Finanças já tinha definido os valores, realçando tratar-se de uma recondução do orçamento do presente ano, que ainda não chegou à fase de discussão a nível dos distintos sectores. O então secretário-geral informou, igualmente, na altura, que o Governo já estava a pagar os atrasados.
Inquéritos têm como objectivo apurar o cumprimento dos procedimentos legais referentes à admissão e progressão nas carreiras de origem do regime especial do Ministério