SINPROF denuncia falsários
O Sindicato dos Professores ameaça entrar em greve no início do próximo ano lectivo, caso não se faça a actualização das categorias dos professores.O líder do Sinprof, Guilherme Silva, pede que o sector da Educação seja passado a “pente fino”
O Sindicato dos Professores Angolanos (SINPROF) denuncia a existência de professores que dão aulas com certificados duvidosos, sem corresponder ao seu nível académico, para obter salário alto. Com base nisso, o presidente do SINPROF, Guilherme Silva, pede que seja passado um “pente fino” ao sector da Educação para combater os falsários.
O Sindicato dos Professores Angolanos (SINPROF) denuncia haver professores que leccionam com certificados duvidosos, sem corresponder ao seu nível académico, para obter salário alto.
Com base nisso, o presidente do SINPROF, Guilherme Silva, pede que seja realizado um “pente fino” no sector da Educação, de modo a se pôr ordem nos recursos humanos.
Em relação à situação actual dos professores, considerou que os educadores vivem ainda uma situação de miséria, tendo em conta os baixos salários que auferem, por mês, e atrasos na actualização, e promoção de categorias.
O líder sindical avançou que os professores estavam esperançosos no novo estatuto da carreira que seria aprovado, dentro do plano do Executivo, entre Outubro deste ano e Março de 2018.
“Infelizmente o estatuto dos professores não consta deste plano intercalado”, disse, referindo que o sindicato supõe haver duas vozes diferentes a nível do Ministério da Educação, depois dos últimos pronunciamentos do secretário de Estado do Ensino Geral à Comunicação Social.
Guilherme Silva explicou que a ministra da Educação garantiu que a questão de acertos de categoria será revista, ao passo que o secretário de Estado revelou, publicamente, que não haverá actualização de categoria neste ano, nem no próximo.
Diante desta contradição entre a titular da pasta da Educação e o secretário de Estado, o SINPROF ameaça entrar em greve logo no início do próximo ano lectivo, caso não se faça a actualização. “A esperança que tínhamos esfuma-se com os pronunciamentos de governantes que não assumem a palavra”, observou.
Guilherme Silva lembrou que as greves só não voltaram a acontecer, este ano, porque a entidade empregadora mostrou-se depois aberta ao diálogo, mas considera que, com os pronunciamentos do governante, o sindicato vai retomar a greve em Fevereiro de 2018.
O líder sindical avançou que, nos últimos dez anos, o sindicato tem vindo a informar que a reforma educativa não tem “pernas para andar”, considerando que, hoje, “o tempo deu razão aos que eram apelidados por anti-patriotas”.
Para o SINPROF, a transição automática da primeira, terceira e quinta classes são os males da reforma, que precisam ser corrigidos de imediato. Outras imperfeições deste sistema, na óptica do sindicalista, têm a ver com a mono-docência na quinta e sexta classes, excesso de alunos na primeira classe, com turmas com 80 crianças.
Definiu que é humanamente impossível um professor fazer um acompanhamento individual com enchentes que se registam nas turmas de aula. “A reforma foi imposta aos professores e nós nem sequer fomos consultados na concepção. Os países que ensaiaram este modelo tiveram de recuar por ser inviável”, notou.
A motivação e a formação sólida de um professor são fundamentais para a garantia de um ensino de qualidade, asseverou. Nesta vertente, defendeu: “se o ordenado for mísero, claro que o professor não ensina bem”.
O SINPROF descorda que seja introduzido no novo estatuto, a ser aprovado, a figura de professor primário auxiliar. Advoga que exista a figura de professor primário diplomado, que tenha certificado de uma escola vocacionada à docência.
Os professores primários auxiliares auferem 49 mil Kwanzas, alguns dos quais já melhoraram o seu perfil académico e profissional há anos. “Uns têm mestrado, mas continuam auferirem salário de professor auxiliar”, revelou Guilherme Silva.
Subsídios em falta
Em relação aos subsídios de exame, o líder sindical disse que o Ministério da Educação tem, apenas, remunerado 30 por cento sobre o salário base aos professores nomeados a júri. Antes de citar o decreto presidencial 103/17 de 8 de Junho, informou que nunca se deu o suplemento remuneratório de 100 por cento sobre o salário base, que devia ser dado, uma vez por ano, aos professores que leccionam classes de exame.
“Achamos que este subsídio deve ser pago ainda neste ano lectivo, senão vai ser mais uma dívida acumulada”, avisou, para pedir mais rigor nos concursos públicos de admissão de novos professores.
Esclareceu que o processo está viciado, razão que leva a serem contratados professores sem qualificação para docência.
“Ninguém vai exercer a profissão de enfermeiro sem ser enfermeiro, por que, no ensino, vêm pessoas não preparadas? Por que o sector está servir de “enxugo” para acolher aqueles que não servem nos outros sectores? pergunta o líder sindical, que defende o enquadramento, nestes concursos, de professores com formação em pedagogia.
Defendeu que os professores que trabalham nas zonas recônditas deviam ter um subsídio de isolamento para impulsionar os melhores a deslocarem-se fora dos centros urbanos.
O SINPROF está preocupado com a situação de desmaios que têm vindo a ocorrer nas escolas públicas e privadas, que afectam mais as pessoas de sexo feminino.