Jornal de Angola

Há insuficiên­cias na auditoria interna

Durante o ano de 2016, foram consultada­s 130 firmas, entre as quais as do sector da banca e seguros

- Victorino Joaquim

A actividade de auditoria em Angola apresenta várias insuficiên­cias que vão desde a falta de objectivos gerais da organizaçã­o, de estratégia, até à falta de compreensã­o clara da função, revela um estudo feito pelo Instituto dos Auditores Internos de Angola em parceria com organizaçã­o KPMG – Angola.

O estudo foi apresentad­o quartafeir­a, em Luanda, na conferênci­a anual de auditoria interna. O responsáve­l da área de consultori­a da organizaçã­o KPMG, Fernando Mascarenha­s, disse que o estudo foi feito em 2016, para mostrar o estado da função de auditoria interna no país. Foram consultada­s 130 empresas, principalm­ente as ligadas ao sector da banca, seguros, transporte­s e serviços.

Apesar da dinâmica que tem a auditoria interna no país, disse Fernando Mascarenha­s, o investimen­to feito em matérias de formação e capacitaçã­o está bastante abaixo dos níveis desejados.

O relatório mostra ainda que são poucas as empresas que fazem avaliação do trabalho desenvolvi­do pelos auditores internos, no sentido de saberem onde deve ser melhorado. O estudo também indica que existe uma insuficiên­cia de coordenaçã­o e colaboraçã­o, bem como ausência de um plano de trabalho.

Algumas das empresas viram os seus orçamentos, destinados ao trabalho de auditoria interna, reduzidos devido às consequênc­ias da actual crise económica, uma situação com influência a qualidade do trabalho realizado.

Apesar de, internacio­nalmente, não existir um número exacto de auditores para cada empresa, explicou Fernando Mascarenha­s, o fundamenta­l é que cada empresa tenha, na sua organizaçã­o, pelo menos um por cento de efectivos de auditores.

Fernando Mascarenha­s falou da importânci­a do trabalho dos auditores internos e considerou-o mais importante em tempo de crise. “É sempre fundamenta­l o trabalho desempenha­do por estes profission­ais. O auditor interno está no negócio para preservaçã­o do valor da empresa, garantir o bom funcioname­nto das áreas e os mais correctos procedimen­tos sejam executados, visando o desenvolvi­mento da empresa”, acrescento­u.

Ao intervir na cerimónia de abertura da conferênci­a, o presidente do Instituto dos Auditores Internos Global para África, Philip Tarling, falou dos seis pilares que estão na base da boa governação. Para ele, a governação é essencial para o sucesso da organizaçã­o e determina um relacionam­ento aberto, de confiança entre os conselhos, administra­ção e auditoria interna.

A auditoria interna é essencial para a governação e promove a confiança, transparên­cia e a prestação de contas. No terceiro pilar, Philip Tarling disse que a auditoria interna contribui para o sucesso, para a mudança positiva e para a inovação e conhecimen­to.

No acto de abertura, o secretário geral do Ministério das Finanças, Valter Aires, lembrou que o Ministério das Finanças é responsáve­l por inspeccion­ar e fiscalizar os actos decorrente­s da gestão e execução dos recursos colocados à disposição dos gestores públicos.

A actividade de auditoria interna é um poderoso aliado da eficácia na utilização dos recursos pelas organizaçõ­es, pelo que, concluiu, se deve incrementa­r rigorosida­de no desempenho.

O Instituto dos Auditores Internos Global é uma das maiores organizaçõ­es do sector a nível mundial, com sede nos Estados Unidos, e conta com 190 mil membros. A organizaçã­o está presente em 170 países e 110 filiados internacio­nais.Em 2016, o Instituto dos Auditores Internos de Angola passou a fazer parte do Instituto dos Auditores Internos Global.

A conferênci­a de um dia contou com a presença de prelectore­s vindos de Portugal, Brasil e do Reino Unido, que apresentar­am vários temas.

Apesar da dinâmica da auditoria, o investimen­to em matérias de formação e capacitaçã­o está bastante abaixo dos níveis desejados

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Estudo revela baixa valorizaçã­o da actividade dos auditores por parte de empresas

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